Goiânia — Dívidas, exploração sexual e humilhação são alguns dos problemas sofridos por brasileiras que deixam o país para viver da prostituição na Europa. Depois de usarem Brasília, São Paulo ou Rio de Janeiro como ponto de partida para o exterior, algumas meninas desembarcam na Espanha e em Portugal com débitos de até 5 mil euros (cerca de R$ 15 mil).
É o valor da passagem aérea e da hospedagem bancadas pelos patrões antes do embarque. Algumas ainda têm o passaporte confiscado pelos donos dos prostíbulos e acabam confinadas pelo menos até o pagamento total da dívida.O chefe da Assessoria Especial para Assuntos Internacionais do governo de Goiás, Elie Chidiac, compara as condições das meninas exploradas sexualmente no exterior com o trabalho escravo no interior do Brasil. “Boa parte delas acaba exposta a uma espécie de regime de escravatura, muito parecido com situações de exploração em várias fazendas brasileiras. Elas são colocadas em prostíbulos, em quartos que mais parecem celas, e não podem sair”, denunciou. Também pagam pela comida e os preservativos, proteção pouco apreciada pelos europeus.
Há casos em que donos de casas noturnas as obrigam a fazer de 10 a 12 programas por noite. As relações sexuais ocorrem no mesmo lugar onde mais tarde irão dormir. “Às vezes, são necessários seis meses para se pagar a dívida. Algumas meninas voltam com problemas mentais e doenças sexualmente transmissíveis.
Até os anos 2000, elas ainda caíam em armadilhas. Mas hoje, 90% sabem o que farão lá”, disse Chidiac. Estudo feito pela secretaria, em parceria com o Ministério da Justiça, dá conta de números alarmantes. Em média, 20 goianas morrem assassinadas na Europa em consequência da exploração sexual por ano.Em 2004, uma comissão formada por representantes da Assessoria Especial, entre eles Chidiac, e do Ministério da Justiça visitou locais de prostituição em Lisboa e Madri. Além de confirmarem o tráfico de seres humanos, traçaram o perfil das mulheres e dos aliciadores. Em geral, as vítimas são mães solteiras e de classes sociais mais baixas, com pouca escolaridade e com idades entre 22 e 40 anos. Leia mais: www.correioweb.com.br
Os exploradores são brasileiros, colombianos, espanhóis e até argentinos e mantêm aliciadores no Brasil, principalmente em Goiás.Para Chidiac, o combate à exploração sexual deve se basear no tripé polícia-assistência social-conscientização. “É preciso criar um escudo psicológico, pois não há como interferir no direito de ir e vir delas. Mas a menina sempre será vítima e deve saber que não vale a pena sair do país para viver como garota de programa”, avaliou. Chidiac também defendeu que o turismo sexual não ocorre só com goianas. “Cada região do país tem uma peculiaridade. Goiás apenas aparece mais porque tem mais divulgação e órgãos que a combatem.”
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