Diante da dificuldade em retomar as vendas de minério, a Vale acelerou a reorganização de seu organograma para eliminar sobreposições de atuação. Na semana passada, quatro executivos deixaram a empresa, entre eles o ex-presidente do BNDES Demian Fiocca, que ocupava a diretoria de gestão e sustentabilidade.A Vale afirma que, no caso de Fiocca, foi um pedido de demissão. Segundo a Folha apurou, ele teria ficado insatisfeito com a redução de recursos de sua área. Com a saída de Fiocca, que chegou à Vale em 2007, o número de diretores-executivos cai de 6 para 5, e suas atribuições serão redistribuídas.Os outros três executivos que deixaram a companhia foram Olinta Cardoso, diretora de comunicação, Marco Dalpozzo, diretor global de recursos humanos, e Walter Cover, este último ex-assessor de José Dirceu quando era chefe da Casa Civil. Os três situavam-se um nível abaixo dos diretores executivos. Segundo a Vale, "Olinta saiu para cuidar de projetos pessoais".A companhia nada comentou sobre os outros dois, mas confirma que "está em curso um ajuste de estrutura, para buscar maior eficiência". Uma das empresas responsáveis pela refomulação é a Gradus Consultoria, de São Paulo.Sob a diretoria de Dalpozzo ficava a área que conduziu acordo de licença remunerada fechado com trabalhadores em Minas Gerais. No acordo, os funcionários parariam, mas receberiam metade do salário e benefícios garantidos. O acordo acaba em 1° de maio. Não se sabe se os 17 mil trabalhadores serão demitidos.Cinco meses depois de o mercado externo ter reduzido fortemente encomendas, a Vale ainda não retomou o ritmo de embarques pré-crise. Executivos do setor de mineração afirmam que, desde novembro, a ArcelorMittal, maior mineradora do mundo, não comprou praticamente minério da Vale.As encomendas da China teriam verificado uma alta nos últimos meses porque, diante da crise, a Vale vem buscando atender pequenas siderúrgicas chinesas que querem comprar diretamente da mineradora. Especialistas em mineração e pessoas próximas à Vale dizem que, nos anos de explosão do consumo de minério de ferro, a empresa cresceu de forma demasiada. Hoje, a companhia tem 62 mil funcionários. Há dois anos, eram 42 mil pessoas.Entre 2006 e 2008, período em que o lucro cresceu 61%, de R$ 13 bilhões para R$ 21 bilhões, as despesas administrativas avançaram 85%, de R$ 1,9 bilhão para R$ 3,6 bilhões.RecuperaçãoOntem, o diretor financeiro da Vale, Fábio Barbosa, afirmou que a empresa vem estudando formas de tornar viável, junto a bancos privados, a criação de linhas de financiamento para os fornecedores da companhia, sufocados pela crise no crédito. Barbosa afirma que o mercado vem dando sinais de recuperação."As vendas de imóveis na China estão em expansão, o que nos permite prever uma reaceleração no ciclo da construção civil do país".
Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário