O novo Plano Regional de Desenvolvimento
da Amazônia (PRDA), que a Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia (Sudam) vem elaborando há três anos e que será submetido à
aprovação dos governadores da região na próxima reunião de seu Conselho
Deliberativo, deverá contemplar alguma forma de remuneração aos Estados
produtores de energia elétrica. Essa remuneração se dará ou por via
tributária, mediante emenda constitucional, ou através da criação de
algum mecanismo de compensação.
Apesar de defender na reunião, assim
como Rondônia, Maranhão e Tocantins, remuneração pela produção e
exportação de energia elétrica, o Estado do Pará, pela voz do secretário
Sérgio Bacury (Planejamento), rejeitou a versão atual do PRDA,
apresentada ontem às equipes de governo dos Estados amazônicos. Segundo
Bacury, o plano é “amplo e genérico demais” e precisa ser mais bem
detalhado. “No caso do Pará, a nossa estratégia de desenvolvimento
sofrerá uma mudança completa, e essas mudanças não estão contempladas no
PRDA”.
O secretário de Planejamento citou como
exemplo a questão da logística. O Pará, segundo ele, tem potencialidade
operacional para quatro ou cinco portos, mas na verdade apenas um (Vila
do Conde) vem funcionando de forma eficiente. Enquanto isso, o Estado
precisa viabilizar o escoamento da soja que vem do Mato Grosso e também
da que está passando pelo Amazonas, sem contar a crescente demanda da
cadeia mineral, de granéis sólidos e de carga geral.
A questão se torna ainda mais relevante,
conforme frisou, em face dos novos investimentos produtivos que estão
chegando ao Pará com empreendimentos de grande porte, como a
hidrelétrica de Belo Monte, o polo siderúrgico de Marabá e os novos
projetos minerais da Vale na província de Carajás. “Essas novas
realidades que se materializam no Estado precisam ser reconhecidas e
assimiladas pelo Plano Regional da Sudam”, afirmou o secretário,
enfatizando que as peculiaridades locais têm necessariamente interface
regional e também nacional.
COMPENSAÇÕES
Além de mudanças na legislação para
beneficiar os Estados produtores de energia, o Pará pretende criar
também um mecanismo para antecipar a solução de problemas sociais
decorrentes da implantação de grandes projetos. O assunto, conforme
revelou o secretário, será levado pelo governador Simão Jatene à
presidente Dilma Rousseff e aos prefeitos municipais.
A proposta, ainda em fase de formatação,
deverá ter a característica de uma operação de crédito para
adiantamento de receita tributária. A ideia é que, com a antecipação de
recursos, a União, o Estado e os municípios se comprometam e possam
fazer investimentos em infraestrutura, antecipando-se aos problemas e
neutralizando os fatores de indução à exclusão social. “A intenção do
governador é viabilizar soluções antes que surjam os problemas. O que se
pretende é que o Estado não precise mais esperar que o projeto entre em
operação e passe a gerar receitas para só então agir, exatamente quando
os problemas já se multiplicaram”, finalizou.
A apresentação do PRDA foi feita ontem,
em Belém, aos secretários de Planejamento ou seus representantes dos
Estados do Pará, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Acre, Tocantins e
Rondônia. Ausentes, apenas os Estados de Roraima e Amazonas.
O superintendente da Sudam, Djalma
Mello, destacou que o PRDA em vigor foi aprovado há 15 anos e se
encontra completamente defasado. Nesse lapso de tempo, a Sudam foi
extinta em 2001, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso,
substituída pela ADA (Agência de Desenvolvimento da Amazônia), e
recriada menos de dois anos depois pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, no início de seu primeiro mandato, em 2003.
No encontro de ontem ficou decidido que
as equipes técnicas de cada Estado deverão consolidar as propostas de
ajuste ao Plano de Desenvolvimento para apresentá-las em nova reunião,
já programada para o dia 15 de março, novamente em Belém.
Plano coloca redução das desigualdades como meta
A redução das desigualdades regionais e a
compatibilização do desenvolvimento sócio-econômico com a conservação
ambiental foram colocados como objetos primordiais do PRDA, em texto
divulgado pela Sudam.
Com doze programas voltados aos setores de Ciência, tecnologia e inovação, Econegócios e serviços ambientais, Educação, Energia, Exportação, Logística e transportes, Pecuária e agricultura, Pesca e aquicultura, Recursos florestais, Saneamento, Saúde e Turismo; 76 metas de ação e 76 indicadores para gestão e monitoramento, o plano visa promover ações integradas entre os planejamentos dos estados e da União.
DEFINIÇÕES
A próxima reunião do Condel estava
programada para o dia 18 de março, em Rio Branco, no Acre, mas pendente
de confirmação. Alterações propostas ontem ao PRDA pelos secretários de
Planejamento das novas equipes de governo, que assumiram o poder este
ano, porém, devem retardar por mais alguns dias o encontro,
transferindo-o para o final do mês ou início de abril. O evento vai
coincidir com a reunião do Fórum dos Governadores dos Estados da
Amazônia, a primeira da atual safra de mandatários eleitos em outubro
passado. (Diário do Pará)
2 comentários:
O Superintendente da Sudam DJALMA MELO NÃO ENTENDE ABSOLUTAMENTE NADA DE PLANEJAMENTO. Mas de propina ele entende. É isso que dá colocar um preposto de políticos. A Sudam precisa de um técnico para comandá-la. Esse tal relatório é uma vergonha, eu conheço. DEMISSÃO DO DJALMA MELO JÁ!
Caro Anônimo.
Como vc conhece a atuação do Sr. Djalma gostaria saber por quanto tempo esse Sr. está ao frente da SUDAM e durante sua gestão quais foram seus principais contribuições.
Agradeço
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