segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Planos de Saída do Bolsa Família ou de entrada ao trabalho seguro e estável?



Está nos planos do governo Dilma Rousseff a transformação de parte da clientela do Bolsa Família, o programa de transferência de renda de maior sucesso da gestão Lula, em uma nova categoria de empreendedores rurais e urbanos. O Valor apurou que a nova ministra do Desenvolvimento Social, a economista Tereza Campello, que assumiu ontem o cargo, pretende dar ênfase ao desenvolvimento empresarial das 12,9 milhões de famílias assistidas pelo programa.

Entre os planos está a criação de uma espécie de "força-tarefa" institucional para criar, transferir e aplicar tecnologias em benefício da "nova classe média" resultante das políticas de redução da pobreza no país. Pretende-se aproveitar várias experiências de microcrédito e usar o conhecimento acumulado pela agência de apoio ao empreendedorismo (Sebrae) para estimular esse novo grupo social a abrir pequenos negócios. Essa "porta de saída" estimularia investimentos em mercearias, restaurantes, cabeleireiros, revendas e "lan houses"

"As famílias do Bolsa Família têm microcrédito e crédito urbano, mas precisamos avançar. Temos de garantir a elas a ascensão, para que deixem de precisar do Bolsa Família", disse Campello em sua concorrida cerimônia de posse.

Avançar também foi uma palavra-chave da presidente Dilma em seu principal discurso de posse, no sábado. Em 2003, quando o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva prestou juramento, a palavra que marcou sua fala foi "mudança". Agora, Dilma prega a continuidade, mas faz acenos à oposição e "estende a mão" às parcelas da sociedade que não estiveram com ela na jornada eleitoral.

Dos oito governadores oposicionistas eleitos ou reeleitos pelo PSDB em outubro, sete compareceram à posse de Dilma. A ausência mais notada foi a do senador eleito por Minas Gerais, Aécio Neves, e do governador Antônio Anastasia. Foi uma nova atitude de Aécio, que sempre condenou a radicalização da disputa entre PSDB e o PT em São Paulo e é hoje visto como o mais forte candidato da oposição em 2014.

Dilma disse que a "estabilidade econômica é um valor absoluto", prometeu qualidade nos gastos públicos e declarou que não permitirá a volta da inflação, que chamou de "praga". Mas o discurso de Dilma foi tímido quando se referiu à reforma política.

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