quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Luiz Gonzaga Belluzzo: indústria passa por um momento complicado, com desarticulação de cadeias produtivas


Não podia ser perfeito, também é presidente do Palmeiras. 


Um dos conselheiros econômicos mais importantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Luiz Gonzaga Belluzzo também é interlocutor frequente do ministro da Fazenda, Guido Mantega.



O governo Dilma Rousseff precisa encontrar um arranjo de política econômica que permita ao mesmo tempo ajustar o ritmo de crescimento da demanda - hoje "um pouco excitada" - e enfrentar a questão do câmbio valorizado, que desarticula cadeias produtivas inteiras, diz o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp e da Facamp.

Para ele, é necessário, de fato, controlar as despesas correntes e elevar o superávit primário, para que se consiga executar uma política fiscal anticíclica, "exatamente para não exigir depois do Banco Central uma ação mais enérgica".

Belluzzo não descarta uma alta de juros, mas tampouco a considera inevitável. Uma elevação da Selic pode agravar ainda mais a valorização do câmbio, num mundo em que há farta liquidez internacional. Aumentar ou não a taxa vai depender do "mix monetário e fiscal", afirma Belluzzo, que elogia medidas de contenção ao crédito adotadas recentemente pelo BC, que lançou mão de outro instrumento que não os juros.

O professor mostra grande preocupação com o câmbio valorizado e seu impacto sobre a indústria, que já sofre com o desmonte de algumas cadeias produtivas, num cenário de forte aumento das importações. "O calcanhar-de-aquiles do governo Lula foi a questão cambial, que pode nos custar caro no futuro. Esse é o enigma que Dilma vai ter de decifrar", afirma Belluzzo, que vê, contudo, um saldo bastante positivo no governo Lula, citando a aceleração do crescimento, a redução da pobreza e a incorporação de milhões de pessoas ao mercado consumidor.

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