A mentalidade típica do PMDB domina a política brasileira em praticamente todo seu espectro partidário. É a marca da política sem ideias ou ideais, voltada apenas para o controle dos cargos partidários, como trampolim para a conquista de cargos nos governos, nos três níveis da federação. Nos últimos encontros do PT, a disputa em torno de teses programáticas cedeu lugar à competição pelos cargos no partido e no governo.
Por Cristiane Agostine, Raphael Di Cunto, Fabio Brandt e César Felício | De São Paulo e Brasília
Rui Falcão diz que PT não aceita ultimato do PMDB
Um dia depois de reunir-se com a presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), disse ontem que o partido não aceita ultimatos do PMDB. O dirigente petista cobrou a mudança de postura do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e afirmou que o pemedebista não pode se comportar como oposição ao mesmo tempo em que o PMDB participa do governo federal. Falcão disse ainda que o PT não vai recuar nas negociações com o PMDB em torno de alianças estaduais e afirmou que a presidente Dilma não deve ampliar o espaço do partido aliado no Planalto.
"O PT não faz ultimato e também não aceita ultimatos", afirmou o presidente nacional do partido. Ao falar sobre as críticas públicas feitas pelo líder do PMDB na Câmara sobre a aliança do partido com o PT, o dirigente petista disse que Cunha "precisa se decidir". "Não pode estar no governo e ter esse comportamento de oposição", afirmou Falcão. "Tenho divergências políticas com ele [Cunha]. Ele é líder do PMDB, partido que tem a vice-presidência".
Falcão classificou como "TPE - Tensão Pré-Eleitoral" a pressão do PMDB sobre o PT. "Estou otimista e acho que vai prevalecer o bom senso. Eles estão no governo e vão querer que Temer continue como vice", afirmou Falcão, referindo-se ao vice-presidente da República Michel Temer.
O presidente do PT disse que o partido apoia o PMDB em mais Estados do que recebe apoio do aliado e indicou que não vai recuar. "O PMDB nos apoiará no Distrito Federal e tende a apoiar em Minas Gerais. Já o PT vai apoiá-los em Sergipe, Alagoas, Pará e Amazonas. Isso já está garantido", afirmou, citando que no Maranhão e no Ceará os petistas também poderão apoiar os pemedebistas. O Maranhão é atualmente governado pela pemedebista Roseana Sarney, que não pode se reeleger. No Ceará, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) é candidato, mas o PT é aliado ao governador Cid Gomes (Pros), que quer indicar um candidato de seu partido.
No governo, o PMDB tem cinco ministérios, além da Vice-Presidência, e segundo Falcão a participação do partido no governo não deve ser alterada. "Dilma não vai ampliar o espaço que o PMDB tem hoje no governo, faltando nove meses para o fim do mandato. A presidente não pediu para ninguém sair do governo. Está saindo quem vai ser candidato. Se não fosse isso, o PMDB continuaria como estava", afirmou.
Entre articuladores da campanha da reeleição de Dilma, a avaliação é que a possibilidade de ruptura da aliança com o PMDB existe, ainda que seja considerada por enquanto remota, mas que o dano eleitoral seria reduzido. A perda do tempo no horário gratuito só se tornaria um fator preocupante caso houvesse ambiente para uma coligação do PMDB com os adversários da presidente ou o lançamento de uma candidatura própria do partido, possibilidades que não são cogitadas por qualquer dirigente de ambas as siglas.
Dentro do próprio PT, entretanto, há diferenças sobre como reagir à ofensiva pemedebista. Correntes do partido começam a defender concessões nos palanques estaduais para tentar desinflar a insatisfação dos parlamentares do PMDB com o governo. O temor é que a movimentação desencadeada por Cunha leve ao rompimento da aliança nacional entre os dois partidos. Se o PMDB deixar de apoiar Dilma formalmente, a campanha pela reeleição perderia 10% de seu tempo no horário eleitoral gratuito.
O sacrifício de candidaturas petistas nos Estados passaria pela mediação de Lula e envolveria também concessões pemedebistas. O PT definiria em quais Estados teria candidato próprio até o dia 20, data da reunião do Diretório Nacional da legenda, em Brasília. "Todo mundo está se lançando ao governo. Quando começamos a discutir os palanques, o PT tinha 12 candidatos. Agora tem 19, daqui a pouco está nos 27 Estados", disse o vice-presidente do PT, deputado José Guimarães (CE).
Guimarães vai defender na reunião do dia 20 que o partido só tenha candidato ao governo em dois Estados nordestinos: Bahia e Piauí. "O PT nacional tem que dizer o que quer em cada região, definir claramente onde vai disputar, e focar nas alianças para o Senado onde não tem chance de eleger governador", disse. O parlamentar quer ser candidato ao Senado no Ceará.
"O único fato consumado que existe nesta eleição é a prioridade absoluta da disputa presidencial e neste sentido a aliança com o PMDB é estratégica. O PT pode fazer mais do que está fazendo", disse o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PR), que sugeriu rediscutir os casos do Rio de Janeiro, Bahia e Ceará. "Nós temos uma situação eleitoral no Rio que colaborou para a crise que temos agora. E na Bahia o PMDB não nos apoia. Tudo é uma questão de se conversar", afirmou Vargas.
Reabrir a possibilidade de aliança no Rio de Janeiro, onde o governador pemedebista Sergio Cabral não pode se reeleger e tenta viabilizar a candidatura do vice, Luiz Fernando Pezão, é uma prioridade do PMDB. " O rompimento começou a se desenhar quando uma expectativa de se manter uma aliança histórica no Rio ficou ameaçada. Este é o problema mais sério para o PMDB: garantir nosso espaço nos Estados", disse o presidente nacional da sigla, senador Valdir Raupp (RO).
No Rio de Janeiro o senador Lindbergh Farias teve a sua pré-candidatura aprovada por unanimidade em um encontro estadual do partido, evento que aconteceu há apenas duas semanas, com a presença de Rui Falcão e do governador gaúcho Tarso Genro. As possibilidades de vitória de Pezão se reduziram não apenas pela candidatura petista, mas pelo desgaste na popularidade de Cabral, acentuado depois dos protestos de junho.
Cunha convocou uma reunião da bancada do PMDB na Câmara para terça-feira e avisou que será discutida a relação do partido com o PT. A depender do resultado da reunião, Raupp irá convocar uma reunião da Executiva Nacional do PMDB. "Não vou até a morte pelo governo, antes sou presidente de um partido. Vou com meu partido", disse o senador.
Dentro do PT, a avaliação é que a capacidade de Cunha de concretizar suas ameaças existe. A prova seria a formação do bloco de partidos insatisfeitos ocorrida na semana anterior ao Carnaval, com a colaboração do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). (Colaborou Andrea Jubé, de Brasília)
"O PT não faz ultimato e também não aceita ultimatos", afirmou o presidente nacional do partido. Ao falar sobre as críticas públicas feitas pelo líder do PMDB na Câmara sobre a aliança do partido com o PT, o dirigente petista disse que Cunha "precisa se decidir". "Não pode estar no governo e ter esse comportamento de oposição", afirmou Falcão. "Tenho divergências políticas com ele [Cunha]. Ele é líder do PMDB, partido que tem a vice-presidência".
Falcão classificou como "TPE - Tensão Pré-Eleitoral" a pressão do PMDB sobre o PT. "Estou otimista e acho que vai prevalecer o bom senso. Eles estão no governo e vão querer que Temer continue como vice", afirmou Falcão, referindo-se ao vice-presidente da República Michel Temer.
O presidente do PT disse que o partido apoia o PMDB em mais Estados do que recebe apoio do aliado e indicou que não vai recuar. "O PMDB nos apoiará no Distrito Federal e tende a apoiar em Minas Gerais. Já o PT vai apoiá-los em Sergipe, Alagoas, Pará e Amazonas. Isso já está garantido", afirmou, citando que no Maranhão e no Ceará os petistas também poderão apoiar os pemedebistas. O Maranhão é atualmente governado pela pemedebista Roseana Sarney, que não pode se reeleger. No Ceará, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) é candidato, mas o PT é aliado ao governador Cid Gomes (Pros), que quer indicar um candidato de seu partido.
No governo, o PMDB tem cinco ministérios, além da Vice-Presidência, e segundo Falcão a participação do partido no governo não deve ser alterada. "Dilma não vai ampliar o espaço que o PMDB tem hoje no governo, faltando nove meses para o fim do mandato. A presidente não pediu para ninguém sair do governo. Está saindo quem vai ser candidato. Se não fosse isso, o PMDB continuaria como estava", afirmou.
Entre articuladores da campanha da reeleição de Dilma, a avaliação é que a possibilidade de ruptura da aliança com o PMDB existe, ainda que seja considerada por enquanto remota, mas que o dano eleitoral seria reduzido. A perda do tempo no horário gratuito só se tornaria um fator preocupante caso houvesse ambiente para uma coligação do PMDB com os adversários da presidente ou o lançamento de uma candidatura própria do partido, possibilidades que não são cogitadas por qualquer dirigente de ambas as siglas.
Dentro do próprio PT, entretanto, há diferenças sobre como reagir à ofensiva pemedebista. Correntes do partido começam a defender concessões nos palanques estaduais para tentar desinflar a insatisfação dos parlamentares do PMDB com o governo. O temor é que a movimentação desencadeada por Cunha leve ao rompimento da aliança nacional entre os dois partidos. Se o PMDB deixar de apoiar Dilma formalmente, a campanha pela reeleição perderia 10% de seu tempo no horário eleitoral gratuito.
O sacrifício de candidaturas petistas nos Estados passaria pela mediação de Lula e envolveria também concessões pemedebistas. O PT definiria em quais Estados teria candidato próprio até o dia 20, data da reunião do Diretório Nacional da legenda, em Brasília. "Todo mundo está se lançando ao governo. Quando começamos a discutir os palanques, o PT tinha 12 candidatos. Agora tem 19, daqui a pouco está nos 27 Estados", disse o vice-presidente do PT, deputado José Guimarães (CE).
Guimarães vai defender na reunião do dia 20 que o partido só tenha candidato ao governo em dois Estados nordestinos: Bahia e Piauí. "O PT nacional tem que dizer o que quer em cada região, definir claramente onde vai disputar, e focar nas alianças para o Senado onde não tem chance de eleger governador", disse. O parlamentar quer ser candidato ao Senado no Ceará.
"O único fato consumado que existe nesta eleição é a prioridade absoluta da disputa presidencial e neste sentido a aliança com o PMDB é estratégica. O PT pode fazer mais do que está fazendo", disse o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PR), que sugeriu rediscutir os casos do Rio de Janeiro, Bahia e Ceará. "Nós temos uma situação eleitoral no Rio que colaborou para a crise que temos agora. E na Bahia o PMDB não nos apoia. Tudo é uma questão de se conversar", afirmou Vargas.
Reabrir a possibilidade de aliança no Rio de Janeiro, onde o governador pemedebista Sergio Cabral não pode se reeleger e tenta viabilizar a candidatura do vice, Luiz Fernando Pezão, é uma prioridade do PMDB. " O rompimento começou a se desenhar quando uma expectativa de se manter uma aliança histórica no Rio ficou ameaçada. Este é o problema mais sério para o PMDB: garantir nosso espaço nos Estados", disse o presidente nacional da sigla, senador Valdir Raupp (RO).
No Rio de Janeiro o senador Lindbergh Farias teve a sua pré-candidatura aprovada por unanimidade em um encontro estadual do partido, evento que aconteceu há apenas duas semanas, com a presença de Rui Falcão e do governador gaúcho Tarso Genro. As possibilidades de vitória de Pezão se reduziram não apenas pela candidatura petista, mas pelo desgaste na popularidade de Cabral, acentuado depois dos protestos de junho.
Cunha convocou uma reunião da bancada do PMDB na Câmara para terça-feira e avisou que será discutida a relação do partido com o PT. A depender do resultado da reunião, Raupp irá convocar uma reunião da Executiva Nacional do PMDB. "Não vou até a morte pelo governo, antes sou presidente de um partido. Vou com meu partido", disse o senador.
Dentro do PT, a avaliação é que a capacidade de Cunha de concretizar suas ameaças existe. A prova seria a formação do bloco de partidos insatisfeitos ocorrida na semana anterior ao Carnaval, com a colaboração do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). (Colaborou Andrea Jubé, de Brasília)
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