sábado, 20 de setembro de 2014

Marina critica resultados do Pnad e aponta 'políticas erráticas' do governo


A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, disse ontem que a interrupção na trajetória de queda da desigualdade - verificada nos últimos dois anos e confirmada em 2013 - é resultado das "políticas erráticas" do atual governo. A informação consta da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Marina, a tendência de redução da desigualdade que prevaleceu na década passada só poderá ser retomada com a recuperação da credibilidade do governo e do país, e a consequente atração de investimentos. "É mais um exemplo de que o atual governo vai deixar o país pior do que encontrou".

De acordo com a candidata, o resultado da Pnad se soma ao crescimento baixo, a volta da inflação e a elevação dos juros entre as más notícias. "Agora temos o retorno da concentração de renda que estava fazendo uma inflexão para baixo. Os 10% mais ricos ficando mais ricos e os 10% mais pobres ficando mais pobres é só uma demonstração de que uma coisa está sendo o discurso para ganhar a eleição. Outra coisa é a prática na hora de governar, fazendo prioridades erráticas, deixando piorar uma coisa que vinha mudando, que era a desconcentração de renda" diz.

Questionada se o aumento dos juros também poderia ter influenciado no resultado da Pnad, a candidata acusou a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, de governar com interesses diferentes da sociedade. "Uma série de políticas erráticas combinadas fazem com que muitas coisas estejam acontecendo. O atraso na política está ameaçando as conquistas que alcançamos", afirmou, acusando Dilma de "dar continuidade a essa forma de ganhar com discurso, com boatos e depois governar defendendo interesses que não são da sociedade, como acontece com a elevação dos juros".

No Blog do Planalto, o governo também comentou os dados da Pnad. Não comparou os dados de renda entre as várias classes sociais, mas destacou o aumento do rendimento médio real mensal, que avançou 5,7% contra 5,9% de alta do IPCA no período e 5,5% do IGP-M. O Planalto também destacou a melhoria em indicadores sociais e no acesso a serviços. O número de domicílios com coleta de esgoto subiu um ponto percentual, de 63,3% para 64,3%.

Marina comentou a possibilidade, aventada por analistas, de que a falta de qualificação profissional de uma parcela da sociedade brasileira torne os ganhos mais desiguais, com profissionais mais bem treinados melhorando mais sua renda do que a média. Para a candidata, a falta de credibilidade do governo prejudica mais as possibilidades do país de ter investimentos e voltar a crescer do que a falta de mão de obra qualificada.

"Tem que qualificar (o trabalhador), treinar, capacitar, mas ao mesmo tempo recuperar o crescimento do país", disse, citando o impacto dos resultados de pesquisas eleitorais sobre ações de empresas estatais e o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) como exemplo da falta de credibilidade da presidente.

Marina e seu candidato a vice, Beto Albuquerque (PSB), passaram a manhã no Rio, de onde seguiram para Vitória, no Espírito Santo. Antes, Albuquerque comentou a proposta do PSB de criar um comitê de busca para identificar nomes e preencher cargos no governo, citada por Marina. Segundo Albuquerque, a ideia não será adotada para ministros, que devem permanecer como cargos políticos. A iniciativa deve ser válida para bancos públicos, estatais e agências reguladoras. Os candidatos seriam recrutados por chamadas públicas e selecionados por especialistas, da área de recursos humanos e do setor em questão.

Albuquerque defendeu o modelo como alternativa para formar novas lideranças. De acordo com o candidato, essa era uma prática de Eduardo Campos no governo de Pernambuco. O atual prefeito de Recife, Geraldo Júlio, e o candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara, atual líder nas pesquisas de intenção de votos, entraram na política depois de carreira no Tribunal de Contas do Estado.

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Por Renata Batista | Do Rio


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