O drama de Fernando Haddad
O que está ocorrendo com Fernando Haddad é uma dupla tragédia, devido aos desgastes provocados por erros nas provas do Enem.
A primeira delas é coletiva: apesar de todas as limitações, o Enem é um avanço no vestibular, exigindo do aluno mais habilidade de associar informações do que decoreba. É um jeito de melhorar o ensino básico, com um currículo mais sintonizado com realidade. Vai tomar tempo até esse teste ganhar credibilidade.
A segunda tragédia é pessoal: é possível que a marca de Fernando Haddad, pelo menos em boa parte da opinião pública, fique associada a esse rumoroso episódio de fim de governo. Não é justo.
Quem acompanha a educação de perto sabe que a gestão de Haddad tem avanços significativos..
Em sua gestão, ampliou-se, como nunca, a transparência de dados educacionais, a ponto de conhecermos a nota de cada escola ( o que prefeitos e governadores em geral não fazem), criaram-se metas de longo prazo, estabeleceu-se um marco para a ampliação da jornada escolar e estímulo ao uso da comunidade como espaço educativo, ampliaram sistemas para estímulo à formação de professor, ganhou mais força o ensino técnico.
Houve um
estímulo a se pensarem novas ideias, especialmente no currículo e uso das novas tecnologias, Sempre esteve aberto a ouvir novas sugestões.
Apesar do corporativismo doentio do PT, ele abriu as portas para empresários e empresas preocupadas em melhorar a educação pública.
Pode-se dizer, com toda a segurança, que foi uma boa gestão, com a habilidade de ter seguido muitas políticas deixadas pelos antecessores. O lamentável episódio do Enem não reflete o conjunto da sua obra.
Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha.com às segundas-feiras.
Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha.com às segundas-feiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário