domingo, 13 de dezembro de 2009

Política Internacional - A história do Chile pode mudar hoje


Os chilenos podem ter hoje a maior surpresa da sua história recente, um candidato de esquerda de fora da concertação pode passar para o segundo turno das leições para presidente.

A novidade é que todos os candidatos prometem dar continuidade às políticas da Presidenta Michelle Bachelet, socialista e filha de uns dos Ministros de ex-Presidente Salvador Allende, quem foi cruelmente torturado até a morte, por instruções diretas do Pinochet.

Apesar de impedida por lei de se candidatar à reeleição imediata e com popularidade que beira os 80%, a presidente socialista do Chile, Michelle Bachelet, também atua como figura de destaque nas eleições chilenas de domingo, na qual todos os candidatos, inclusive o favorito Sebastián Piñera, de direita, já se comprometeram a dar continuidade a seu trabalho.

Bachelet assumiu em março de 2006 como a primeira mulher a governar o país. No início, enfrentou severas críticas, que miravam em sua suposta falta de personalidade e liderança. Agora, a poucos meses de deixar o poder, se transformou na presidente mais popular da história do Chile.

Sua curva de popularidade apresenta um paradoxo: as pesquisas davam a Bachelet 35% de aprovação quando o país passava por uma fase de bonança econômica (outubro de 2006), mas este percentual mais que dobrou em plena crise.

Sua decisão de economizar recursos em épocas de "vacas gordas" para utilizá-los em planos que ajudaram o Chile a escapar quase ileso da crise econômica mundial agradou os eleitores. Agora, todos os candidatos a sua sucessão prometem manter a bem sucedida rede de proteção social que ela criou.

"Eu digo com orgulho: vou ser o continuador da presidente Bachelet", afirmou o candidato governista Eduardo Frei, que está em segundo lugar nas preferências. Ele foi publicamente apoiado por Bachelet, mas isto não contribuiu muito para que avançasse nas preferências dos eleitores chilenos.

O dissidente de esquerda Marco Enríquez-Ominami, terceiro nas pesquisas, se apresentou como o verdadeiro continuador do governo, argumentando que encarna o mesmo espírito rebelde de Michelle Bachelet.

"Esta candidatura é, finalmente, a continuação lógica da liderança da presidente Bachelet", afirmou Enríquez, que se afastou do governo para se apresentar como candidato independente.

O empresário Sebastián Piñera, candidato de direita e favorito a vencer o pleito de domingo, também não teve problemas em incluir a imagem de Bachelet em sua campanha eleitoral.

"Piñera disse que muitas políticas da presidente vão continuar. A imagem da presidente é patrimônio de todos os chilenos", afirmou Rodrigo Hinzpeter, chefe da campanha de Piñera, defendendo-se de críticas por ter associado a imagem de Bachelet a seu candidato.

Para os analistas, a popularidade de Michelle Bachelet está associada a seu acertado gerenciamento econômico e à tenacidade que apresenta ao defender sua obra social.

Bachelet definiu a proteção social como o eixo principal de seu governo. Durante seu mandato, estabeleceu uma pensão básica universal para os aposentados mais pobres, triplicou o número de creches públicas e instituiu a distribuição gratuita de um pacote completo de acessórios para mães que dão à luz nos hospitais públicos, entre outras medidas.

Para o cientista político da Universidade do Chile Guillermo Holzmann, a disputa dos candidatos à presidência pela imagem de Bachelet é um elogio e tanto a seu trabalho.

"O fato de que Piñera a utilize em sua campanha é um reconocimiento implícito de que no Chile não há um modelo alternativo, e sim que aceitamos um só: de reinserção plena na globalização. Não há direita ou esquerda", disse Holzmann à AFP.

"Se há 80% de popularidade é porque há um importante setor da direita a favor dela", explicou por sua vez Carlos Huneeus, diretor do Centro de Estudos da Realidade Contemporânea (CERC).

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