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sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Empreendedorismo - As pequenas e micro empresas: desafios e oportunidades para Brasil (Parte III)
As vantagem de ser pequeno.
Hoje em dia, é difícil para uma empresa estar isolada e ser competitiva, as redes entre as PME’s permitem combinar as vantagens do grande e do pequeno e assim contribuir para superar as dificuldades e incorporar novas fortalezas.
Estas redes podem ser estabelecidas entre produtores e usuários, entre PME’s semelhantes, inclusive competidores locais, nacionais e, como característica da globalização, podem ser trans-fronteiras, tudo aquilo para alcançar formas de cooperação que possibilitem, tanto as economias de escala coletivas, bem como a união de ativos complementares (PEREZ, 2002).
Em 1973, Shumacher publicou seu livro Small is Beautiful que rapidamente se transformou em um dos ícones dos movimentos alternativos dos anos 1960 e 1970.
O grande sucesso alcançado por esse livro mostrou que o autor não estava sozinho. Sua tese central girava em torno do “problema da produção”, cujo argumento era de que a produção capitalista não tinha resolvido seu problema de produção, não por falta de capacidade intelectual ou tecnológica, mas porque o sistema industrial moderno, de grande escala, devorava sua própria base de sustentação, os recursos naturais e humanos. Entre as várias alternativas oferecidas pelo autor, estava aquela de que “o negócio era ser pequeno”, sobretudo em escala, produzindo com tecnologias alternativas e apropriadas, menos agressivas ao meio ambiente (AMARAL 199)
Amaral (1999), ressalta que embora, na época, o autor não tenha recebido maior atenção, nas últimas décadas o mundo assistiu a um forte ressurgimento da importância das pequenas, micro e médias empresas, a multiplicação de registro de abertura de empresas e de geração de empregos por parte dessas não pararam de crescer, enquanto do lado das grandes corporações os postos de trabalho declinaram continuamente e o processo de fusões e incorporações se aprofundou.
Segundo Amaral (1999), a certeza de que “ser grande é muito vantajoso”, mudou, principalmente por causa das vantagens proporcionadas pelas economias internas de escala das grandes companhias privadas. Foram as grandes transformações, especialmente da década de 90, as que levaram ao aparecimento das PME’s no cenário nacional e internacional. Ele menciona cinco fatores importantes que permitiram que as pequenas empresas ocupassem o cenário internacional. Entretanto, em vez de associá-los diretamente à desestabilização da grande empresa, Amaral (1999) associa esses fatores às oportunidades que abriram para os pequenos empreendimentos.
Nas duas últimas décadas assistiu-se, em nível mundial, ao ressurgimento da importância das micro, pequenas e médias empresas, tanto na sua multiplicação numérica quanto na geração de emprego por parte dessas empresas. Esse fenômeno está associado às transformações estruturais pelas quais passou o capitalismo contemporâneo, cujos eventos mais marcantes foram (i) a crise do planejamento e da intervenção regionais centralizados; (ii) a reestruturação do mercado; (iii) a megametropolização, seguida por megas problemas urbanos; (iv) a globalização e a abertura econômica e (v) o uso intensivo da tecnologia da informação e da telecomunicação Amaral (1999).
“Esses eventos, conhecidos como patrocinadores da passagem do regime de produção fordista para o regime de produção pós-fordista, exigiram das empresas novas formas de organização, comandadas pela necessidade de maior flexibilização das estruturas. A resposta das empresas resultou em dois processos: um, de desintegração vertical efetuado pelas grandes empresas e, outro, de integração horizontal, operado pelas PME’s. Ambos os processos passaram a valorizar as empresas e empreendimentos de pequeno porte, porque estas revelaram ser mecanismos de estabilização e de absorção de riscos dentro do novo ambiente econômico e institucional. No segundo processo, chamaram atenção as estratégias exitosas de organização das PMEs baseadas nos agrupamentos territorizalizados, funcionando com base na especialização flexível. Dessas estratégias, as mais conhecidas são os clusters americanos e os distritos industriais italianos”.
Pyke, Becattini & Sengenberger (1990), agregam que qualquer definição de “distrito industrial” não estará livre de controvérsia. No entanto, os autores definem esse conceito como sendo um sistema produtivo local, caracterizado por um grande número de firmas que são envolvidas em vários estágios, e em várias vias, na produção de um produto homogêneo.
Um forte traço desse sistema é que uma grande parcela das empresas envolvidas é de pequeno ou muito pequeno porte. Muitos desses “distritos” foram encontrados no Norte e no Nordeste da Itália, chamada Terceira Itália, especializados em diferentes produtos: Sassuolo, na Emilia Romagna, especializada em cerâmica; Prato na Toscana, em têxtil; Montegranaro na Marche em sapatos; móveis de madeira especialidade de Nogara, em Veneto; etc.
Uma outra forma de organização das PME’s são as clusters. Segundo ROSENFELD (1996) cluster é “uma aglomeração de empresas (cluster) é uma concentração sobre um território geográfico delimitado de empresas interdependentes, ligados entre elas por meios ativos de transações comerciais, de diálogo e de comunicações que se beneficiam das mesmas oportunidades e enfrentam os mesmos problemas”.
Outros sugerem que as diversas abordagens utilizadas pela literatura para analisar o fenômeno de aglomerações produtivas não apenas é diverso, mas é conceitualmente difuso, apresentando diferentes taxonomias que se relacionam.
Dessa forma, alguns autores sugerem tipologias específicas. Por exemplo, Amin (1993) propõe a distinção entre três tipos de aglomerações: Aglomerações industriais em setores tradicionais ou artesanais como aqueles produtores de sapatos, mobiliário, confecções, metalurgia. Os casos de sucesso nesta categoria ilustram a importância da cooperação, especialização da produção e arranjos sociais e institucionais informais; Complexos hi-tech (como o Vale do Silício). Neste caso, os exemplos sugerem a necessidade de altos orçamentos de P&D, importância de venture-capital e excelência na produção de bens sofisticados; aglomerações baseadas na presença de grandes empresas (como em Baden-Wurttenburg na Alemanha) mostrariam a importância de suporte institucional regional via treinamento de alta qualidade, educação, P&D e infraestrutura de telecomunicações.
Porter, (1998,1999).define Clusters como concentrações setoriais e/ ou geográficas de empresas interrelacionadas as quais competem e colaboram em ambientes de favorecimento de negócios. No que se refere a indústrias baseadas em conhecimento e tecnologia, tais ambientes possuem densidade tecnológica e de negócios, isto é, favorecem de modo especial à competitividade dinâmica pela existência de qualificações educacionais apropriadas, instituições de pesquisa e desenvolvimento, “infra-estruturas tecnológicas” (incubadoras e parques tecnológicos), associações comerciais e industriais, entidades de qualidade e padronização, investidores de risco e, enfim, organização e recursos capazes de fortalecer a interação, sinergia, colaboração e competição entre os diferentes atores em cena.
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