A candidata do PSB à Presidência da República foi entrevistada por William Waack e Christiane Pelajo.
Christiane Pelajo: Boa noite, candidata. Eu vou fazer a primeira pergunta e nosso tempo começa a contar a partir de agora. Candidata, desde sexta-feira, quando foi lançado, o seu programa de governo foi modificado em itens como casamento entre gays. Houve um recuo em relação a algumas reivindicações de movimentos que defendem os homossexuais. É um recuo da senhora em relação à constatação de que a senhora é mais conservadora do que alguns eleitores acreditavam? Na verdade, é uma concessão à religião num estado laico?
Marina Silva: Na verdade, Chris, o que aconteceu foi que houve um erro de processo. A equipe do programa de governo foi quem fez a correção. Eu nem interferi nesse processo. Aconteceram duas falhas. Uma foi em relação à energia nuclear, que na parte de ciência e tecnologia estava dito que iria, no finalzinho de uma frase, ampliar a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira. E a outra foi que o documento que foi encaminhado como contribuição pelo movimento LGBT, não foi considerado documento da mediação do debate, foi um documento tal qual eles enviaram. Vários setores mandaram contribuições e obviamente que nenhum setor colocou 100% das propostas que colocou. Eu mesma que sou ambientalista não iria ter a pretensão de que todas as propostas que eu apresentei iriam ficar ipsis litteris. Então o que aconteceu foi uma correção, porque houve uma mediação no debate. Mas os direitos civis da comunidade LGBT, o respeito à sua liberdade individual, o combate ao preconceito, isso está muito bem escrito no nosso programa, melhor do que dos outros candidatos.
William Waack: Candidata, quanto à energia nuclear a gente volta ainda ao assunto. A senhora é contra ou a favor o casamento gay?
Marina Silva: A Constituição brasileira, ela tem uma diferenciação em relação ao casamento. O casamento é utilizado para pessoas de sexo diferente. Para pessoas do mesmo sexo, o que a lei assegura, o que o Supremo já deu ganho de causa com os mesmos direitos, equivalentes ao do casamento, é a união civil.
Christiane Pelajo: Mas não a lei, candidata, a senhora?
William Waack: É a resposta que a senhora tem dado. A senhora, qual é a sua posição?
Marina Silva: A minha posição é de respeito à liberdade individual das pessoas. Nós vivemos em um estado laico, as pessoas têm o direito de exercitar sua liberdade, independente da condição social, de raça ou de orientação sexual.
William Waack: Se eu fizer uma manchete dizendo: a candidata Marina Silva é a favor do casamento gay. Eu estou errado?
Marina Silva: Em termos da palavra casamento você está errado, porque o que nós defendemos é a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
William Waack: A manchete correta então seria: Marina Silva é contra o casamento gay?
Marina Silva: A manchete seria: Marina Silva é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo.
William Waack: Casamento é uma palavra que não sai da sua boca.
Marina Silva: É que é a forma como nós colocamos no nosso programa.
Christiane Pelajo: O que que impede a senhora de ser a favor da lei que equipara a homofobia ao racismo. É religião?
Marina Silva: Não. É que a lei que está em tramitação, ela ainda não faz a diferenciação adequada em vários aspectos. Por exemplo, ninguém pode defender homofobia, qualquer forma de preconceito, discriminação. Por outro lado, você tem os aspectos ligados à convicção ou à manifestação de uma opinião. Você tem que separar isso. E na lei isso não está adequadamente claro. Por isso que nós não colocamos tal qual o movimento havia encaminhado, reafirmando o que está no PLC, da forma como está. Mas há que se ter sim os regramentos legais, para que não se permita nenhuma forma de discriminação, nenhum tipo de preconceito e que se possa tratar todas as pessoas com direitos iguais, porque afinal de contas, como eu disse, nós vivemos em um estado laico, que não pode permitir discriminação contra quem quer que seja.
Christiane Pelajo: Candidata, hoje saiu uma reportagem no jornal Folha de S.Paulo, dizendo que em momentos cruciais a senhora decide com base em consultas aleatórias à Bíblia. Eu gostaria de saber se isso é verdade. E também gostaria de saber se a senhora acha que um presidente pode agir assim, ou se um presidente deveria agir sempre com avaliação realista dos fatos.
Marina Silva: Todos nós agimos em base, na relação realista dos fatos, mas os seres humanos, eles têm uma subjetividade. Uma pessoa que crê, obviamente que tem na Bíblia uma referência, assim como tem na referência a arte, a literatura. Às vezes, você pode ter um insight assistindo um filme. O quanto nós já avançamos do ponto da ciência e da tecnologia, pela capacidade antecipatória, que você encontra, enfim, na indústria cinematográfica.
Christiane Pelajo: Mas a senhora toma decisões lendo a Bíblia aleatoriamente? É verdade isso?
Marina Silva: Olha, isso é uma forma que as pessoas foram construindo, ou estão construindo, pra tentar passar uma imagem de que eu sou uma pessoa que é fundamentalista, essas coisas que muita gente de má fé acabam fazendo.
William Waack: Mas a senhora é uma pessoa profundamente religiosa. Seria absolutamente normal que a senhora procurasse num texto religioso amparo para as decisões que senhora toma. A pergunta é a seguinte: qual é o tamanho desse amparo que a senhora toma em preceitos religiosos, frente ao que a senhora pretende ser, que é governante de todos os brasileiros, tomando decisões nacionais.
Marina Silva: O mesmo amparo que você pode tomar a partir de outros referenciais. A Bíblia é, sem sombra de dúvida, uma fonte de inspiração pra qualquer pessoa que é cristã ou que é um judeu, enfim, e que não vai negar que é uma fonte de inspiração, mas existem outras fontes de inspiração, às quais eu já me referi. As decisões são tomadas com base racional pra todas as pessoas. Agora, dificilmente você vai encontrar uma pessoa que diga que ela é 100% racional. Essa pessoa estaria presa à realidade, e com certeza, se os especialistas do comportamento forem avaliar uma pessoa como essa, vai ver que ela tem uma subjetividade muito pobre. Qualquer pessoa forma, toma as suas decisões considerando vários aspectos. Ele é atravessado pela cultura; se tem crença, pela espiritualidade; se é da ciência, pelo conhecimento científico. O ser humano não é uma unidade, digamos, pura de alguma coisa não é? Somos seres subjetivos, e a subjetividade é uma riqueza interior, para qualquer ser humano.
William Waack: Nós estamos entrando no campo da política e imediatamente vem à minha mente algumas das críticas que a senhora tem feito recorrentemente ao que a senhora chama de crise da democracia representativa brasileira. Democracia essa que lhe permitiu, candidata, de vereadora a ser duas vezes candidata a presidente. A senhora é um exemplo de uma democracia representativa que permite que as pessoas ascendam. Que crise é essa, afinal?
Marina Silva: Eu tenho falado na verdade, William, da crise da política.
William Waack: Que é diferente da crise da democracia representativa. Mas é essa que a senhora criticou mais. A democracia representativa.
Marina Silva: Não, eu não teci nenhum comentário em relação a isso.
William Waack: Está no seu programa.
Marina Silva: Eu tenho falado de uma crise da política e nessa crise, obviamente, que você tem que reconhece-la. Eu não acho que as pessoas devam fazer vistas grossas para o que está acontecendo, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Cada vez....
Christiane Pelajo: Mas crise da política ou da democracia? O William falou em crise da democracia.
Marina Silva: Eu diria que a gente precisa aprofundar sim a nossa democracia.
William Waack: Isso significa democracia direta, por conselhos populares?
Marina Silva: Não, é uma combinação das duas coisas. Ampliar a participação das pessoas, ao mesmo tempo melhorar a qualidade da representação e das nossas instituições. Se nós partirmos do princípio de que a representação tá muito boa, obrigada, de que não temos problemas em relação às instituições políticas, nós vamos ficar metidos na situação de crise dramática que nós estamos hoje no Brasil, em que as conquistas que alcançamos a duras penas estão sendo ameaçadas pelo atraso na política, e até mesmo por um certo descolamento das pessoas em relação à capacidade de acreditar que os políticos e os partidos podem ajudar a resolver os seus problemas. O que eu busco é aperfeiçoar a nossa democracia, democratizar a nossa democracia, combinando a participação correta e legítima, pelo o que é assegurado na Constituição, dos cidadãos. Nós somos eleitos para representar, não é para substituir o representado.
William Waack: A sua crítica tem um eixo muito forte, no sentido de pedir mais participação popular ou participação direta. O que a senhora quer dizer exatamente? A senhora apoia, por exemplo, os conselhos populares que o Congresso quer derrubar, e que não descritos como uma herança do bolivarianismo, que tem causado enormes prejuízos às instituições políticas na América Latina?
Marina Silva: Uma coisa importante pra a gente pensar, William, é o que que significa ampliar a participação das pessoas? Isso não tem nada a ver com bolivarianismo, isso tem a ver com melhorar a qualidade das instituições. Se nós não partimos do princípio de que os partidos precisam se renovar na sua forma, em relação à linguagem, às suas estruturas, nós vamos criar um descolamento. Eu sempre...
William Waack: Mas isso não tem a ver com conselhos populares, candidata. O que a senhora está dizendo, melhorar as instituições, isso vale para qualquer democracia representativa.
Marina Silva: Vale para qualquer democracia. E quem foi que disse...
William Waack: A pergunta é: a senhora é a favor da democracia direta?
Marina Silva: E quem foi que disse? Eu sou a favor da combinação das duas coisas. A Constituição brasileira assegura as duas coisas. Nós não podemos achar que uma coisa é em prejuízo da outra. Pelo contrário. Há um processo de retroalimentação entre a participação do cidadão dos diferentes setores que enriquece o processo democrático e, obviamente, que temos que ter instituições que passam a ser o polo estabilizador da democracia.
William Waack: O Congresso, no caso?
Marina Silva: O Congresso Nacional. Eu fui senadora durante 16 anos, né? Eu tive que aprovar projetos de lei convencendo os meus pares. Como ministra do Meio Ambiente eu dialoguei com todos os parlamentares. Aprovei projetos de leis que eram quase impossíveis de serem aprovados, como é o caso da Lei de Gestão de Florestas Públicas, a Lei da Mata Atlântica, a lei que criou o serviço florestal brasileiro, a lei que criou as concessões públicas para florestas, que era um mito.
William Waack: Ou seja, a senhora está considerando todos os argumentos a favor das instituições existentes e não de conselhos populares.
Marina Silva: Eu estou dizendo que quando se tem a contribuição da sociedade, o Parlamento, o Executivo, todos nos enriquecemos. O que eu fiz como ministra para conseguir reduzir desmatamento, na proporção que conseguimos, foi transformando boas ideias em políticas públicas, dos movimentos sociais, da academia, do próprio Congresso e dos gestores públicos. Hoje não tem mais essa ideia de que você faz as coisas pura e simplesmente para a sociedade. Você faz com a sociedade. Fazer com é diferente de fazer para. Conheço muitas pessoas que estão dizendo ai que é um perigo dizer que vai governar com a participação da sociedade. Mas também não é bom achar que vai governar apenas para os partidos.
Christiane Pelajo: Candidata, a gente tem que fazer um pequeno intervalo, mas a gente volta daqui a pouquinho com a segunda parte da entrevista com a candidata do PSB, Marina Silva.
Christiane Pelajo: Estamos de volta com a entrevista da candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva. O seu tempo volta a contar a partir de agora, candidata. Candidata, a senhora já se comprometeu em manter o tripé: meta de inflação, câmbio flutuante, superávit fiscal. Eu queria saber como é que a senhora vai pilotar a economia no ano que vem, 2015. Um ano que os economistas, todos concordam, que vai ser necessário um ajuste forte com corte grande de despesas.
Marina Silva: Em primeiro lugar, recuperando o tripé da política macroeconômica brasileira. Nós estamos vivendo diante de uma situação em que essa conquista da sociedade brasileira está sendo completamente desconstituída. A presidente Dilma ganhou o governo dizendo que ia fazer a baixa dos juros, que iria reduzir a inflação e que iria fazer o nosso país crescer. O nosso país não está crescendo, a inflação está aumentando e os juros estão subindo. É fundamental que o país tenha estabilidade econômica para que a gente não perda as conquistas que já alcançamos, inclusive as conquistas sociais, e que a gente possa aumentar o investimento. E, para aumentar investimento, é fundamental que se readquira confiança. A confiança, ela se dá em dois níveis: uma é a confiança que o governante passa. E eu sinto que a sociedade brasileira e os investidores já não conseguem mais ter confiança no governo e na forma como a presidente Dilma governa. E a outra forma é combinando os instrumentos de política macroeconômica com os instrumentos de política microeconômica, criando um ambiente favorável para o investimento, aonde você não tem essa situação que nós estamos vivendo agora. Nós temos, por dois trimestres consecutivos, o país crescendo de uma forma que já faz com que tenhamos o risco de uma contração na nossa economia.
Christiane Pelajo: A senhora quer manter os programas sociais atuais e ainda criar outros. A senhora disse hoje, inclusive, que vai conseguir isso apenas melhorando gasto e arrecadação. É o que todos os políticos em campanha, no mundo inteiro, dizem. Candidata, a senhora vai aumentar impostos? É a minha pergunta.
Marina Silva: O nosso compromisso é de não aumentar impostos.
Christiane Pelajo: E como é que a senhora vai conseguir?
Marina Silva: O nosso compromisso é de dar eficiência ao gasto público. Tem muitos desperdícios, inclusive o desperdício da corrupção, e quando o país volta a crescer, a gente vai conseguindo o espaço fiscal para poder fazer os investimentos sociais. É uma questão de escolha. A escolha, se o principio é, de que queremos prover à sociedade com a saúde que acolhe quando mais se precisa desse acolhimento, e não deixar as pessoas morrendo nos hospitais, nós vamos conseguir os meios para os 10% do orçamento bruto para investir na saúde. Se a nossa escolha é de que queremos que os jovens tenham o passe livre, nós vamos ter os recursos, fazendo todos esses esforços que acabamos de fazer. Se conseguiu R$ 500 bilhões para ungir empresas que recebem esses recursos a juros subsidiados e depois se vem com os argumentos de que não é possível alocar os recursos para atender os brasileiros na saúde, na educação, na segurança?
William Waack: Candidata, deixa eu trazer a sua atenção para outras questões estratégicas que tem a ver com economia. O pré-sal, por exemplo, é talvez a aposta do atual governo, não só como instrumento de arrecadação, mas, sobretudo, como instrumento de desenvolvimento. A senhora tem dito, por exemplo, hoje, que o pré-sal é uma prioridade entre outras. O que isso significa? Que a senhora deixará o pré-sal caminhando de maneira morna?
Marina Silva: Isso significa que, se eu disser que a educação é uma prioridade entre outras, eu estou dizendo que a educação é prioridade, mas a saúde também é prioridade. Se eu estou dizendo que o pré-sal é uma prioridade entre outras, eu estou dizendo que nós vamos explorar os recursos do pré-sal, mas também vamos dar um passo à frente. Vamos investir em energia limpa com o uso da biomassa, o uso do vento, o uso do sol. William, não faz sentido termos a maior área de insolação do planeta e termos a quantidade de energia solar que nós temos. A Alemanha tem ‘zero vírgula nada’ de sol e tem 20% de sua matriz energética de energia solar. Nós temos um enorme potencial de biomassa e nós não estamos fazendo os investimentos. É você cuidar do lugar onde a bola está, mas sem ficar apenas nesse lugar. É você ir também para onde a bola vai estar. E o mundo inteiro está correndo atrás da ideia de uma economia de baixo carbono. O petróleo é uma necessidade não é só do Brasil, não, é do planeta. Ainda não se conseguiu a fonte de geração de energia que vai substituir esse combustível fóssil.
William Waack: A senhora tem sido uma entusiasta do etanol, que a senhora, nome que a senhora não citou na sua longa lista de energias que poderiam combinar com as energias fósseis e garantir ao Brasil uma nova matriz. A senhora vai subir a gasolina quando, pra salvar o etanol?
Marina Silva: Na verdade essa política desastrosa do governo, que está subsidiando gasolina, inclusive fazendo a importação desse combustível com um preço elevado, e que acabou destruindo a indústria do etanol. O que eu espero é que os preços administrados pelo governo possam ser corrigidos pelo próprio governo e criarmos os mecanismos.
William Waack: A senhora está querendo que o governo desarme a bomba para a senhora? Que essa bomba cai no seu colo.
Marina Silva: Não, eu quero é que se tenha uma visão de país e não uma visão apenas das eleições. Essa visão tacanha de se pensar apenas em como vai ganhar o voto do cidadão e deixando a conta para depois, a conta da energia, a conta de todos os preços administrados, que senão a inflação estaria pior, isso não é a melhor governança. Eu fico impressionada como é que se sacrifica os recurso de milhares de anos por apenas uma eleição. É por isso que eu sou contra a reeleição. Eu estou dizendo que só vou ter um mandato de quatro anos, porque eu não quero governar pensando no que eu vou fazer para a próxima eleição. Eu quero governar pensando o que eu quero deixar para as futuras gerações e o que eu quero é um país que seja capaz de crescer, de fazer os investimentos, de ter credibilidade, de apostar em infraestrutura. Hoje nós perdemos quase 30% da nossa produção agrícola por falta de armazenamento, por falta de estrada, por fata de visão estratégica. Nós precisamos investir em educação de qualidade. Por isso que nós temos a proposta da educação integral de tempo integral. É ela que gera igualdade de oportunidade para que a gente possa ter um futuro para nossa juventude.
Christiane Pelajo: Candidata, a gente estava falando de energia e nós sabemos que as termelétricas salvaram o Brasil esse ano, mas o seu programa de governo ele fala em reduzir gradativamente o uso delas, porque elas poluem muito. A senhora vai mandar desligar as termelétricas, colocando em risco a luz na casa das pessoas em épocas em que hidrelétricas estão com baixo reservatório?
Marina Silva: Falando desse jeito tem um certo, uma certa simplificação do problema.
William Waack: Mas é o dilema do governante.
Marina Silva: Vamos pensar da seguinte forma. Nós hoje temos as termoelétricas como um recurso complementar quando os reservatórios baixam. Com um custo muito alto. Se nós estivéssemos já investido na geração distribuída de biomassa, por exemplo, utilizando o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, que é equivalente a três, quatro Belo Monte, com certeza nós teríamos uma energia, um megawatt/hora de R$ 200. Hoje, nós estamos com o megawatt/hora de R$ 1.000 a R$ 1.700. Você advoga isso como política e defende isso como meio da nossa matriz energética. Nós não podemos prescindir dessa fonte auxiliar, mas nós temos que buscar os novos investimentos. É isso que nós estamos propondo: ter uma matriz energética limpa, segura e diversificada, utilizando o grande potencial que o Brasil tem. Não faz sentido um país como o nosso não investir adequadamente em energia eólica, em energia solar. E, quando faz os investimentos, você tem a produção de energia eólica, mas não tem a forma como fazer a transmissão.
William Waack: Mas candidata, a senhora tem um nome internacional nessa discussão, uma discussão que a senhora conhece bastante bem. Por isso a senhora conhece bastante também as críticas que os especialistas fazem, toda vez que a energia eólica ou solar ou a biomassa, ou mesmo o etanol são mencionados nesse contexto. Os especialistas costumam dizer que são fontes suplementares. Portanto, não nos livram de um apagão, que se o Brasil tivesse crescendo, estaria provavelmente ai. Os especialistas estão errados?
Marina Silva: Olha, os especialistas também dizem que o Brasil pode avançar cada vez mais com fontes limpas de geração de energia. Eu não vejo nenhum especialista que advogue que nós tenhamos um modelo que vai sujar cada vez mais a nossa matriz energética. Nós temos uma grande fonte de geração que é a hidroeletricidade, 63% desse potencial está na Amazônia. Se os projetos tem viabilidade econômica, viabilidade ambiental e viabilidade social, é fundamental que se faça esses projetos. Mas é preciso avançar, é preciso fazer os novos investimentos. A China tá fazendo isso, a Alemanha tá fazendo isso, o mundo inteiro está investindo nas fontes renováveis de geração de energia. O Brasil, que tem a vantagem comparativa, infinitamente maior do que todos esses países, de ter as fontes naturais para a geração de energia, ele não está transformando esses meios em vantagens competitivas. Isso é falta de plano, de visão estratégica, é ficar preso aonde a bola está e não ir para onde a bola vai estar. É combinar as duas coisas. Eu repito, o pré-sal é importante, é uma fonte de riqueza, vamos utilizar os recursos para a educação, mas também para a ciência, para a tecnologia, para a inovação, para que o Brasil possa dar um passo à frente.
Christiane Pelajo: Candidata, muito obrigada pela sua entrevista. Uma boa noite para a senhora.
William Waack: Boa noite e obrigado.
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