As mulheres do movimento Mulher e Saúde no Uruguai (MYSU, na sigla em espanhol) desceram de um ônibus e protestaram perante o olhar atento dos transeuntes e dos meios de comunicação que se aglomeraram diante da cena, e permaneceram ali durante vários minutos apesar das baixas temperaturas em Montevidéu.
Segundo explicou Marta Aguñín, uma das porta-vozes da organização, o protesto se justifica porque a norma debatida pelos deputados não recolhe nenhum dos pedidos das organizações pró-aborto e "nem contempla nem defende muitos direitos das mulheres".
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"Os deputados estão debatendo o que acontece com o corpo das mulheres, e nós mulheres defendemos nossos direitos e queremos ser nós as que decidimos sobre o que acontece com nossos corpos", disse Aguñín.
A ativista lamentou que o projeto, que deve ser aprovado por uma pequena margem na Câmara dos Deputados e precisará ainda ser confirmado pelo Senado para entrar em vigor, obrigue as mulheres que queiram abortar a comparecer perante uma comissão médica.
"Além disso, a norma não descriminaliza o aborto inteiramente, já que se não forem cumpridos os prazos dentro do sistema, a mulher terá que recorrer ao circuito clandestino e ali seria punível", destacou.
Se for aprovada, a norma descriminaliza o aborto até a 12ª semana de gestação, com um prazo maior e sem limite caso haja riscos para a saúde da mãe. O aborto deverá ser sempre feito em centros de saúde e sob a supervisão das autoridades.
HUMILHAÇÃO
Desde que o conteúdo do projeto ficou conhecido, organizações que defendem o aborto mostraram seu profundo descontentamento. Entre outros adjetivos, elas definiram como "humilhante" que as mulheres tenham que submeter-se "a um tribunal" para explicar por que querem abortar, sem que, além disso, se legalize a prática em sua totalidade.
Na sexta-feira passada, uma enquete realizada pela empresa de consultoria Numero mostrou que 52% da população do Uruguai é a favor da descriminalização do aborto, 34% contra e 14% não se pronuncia.
Apesar de estar penalizado pela lei, no Uruguai acontecem 30 mil abortos por ano segundo números oficiais. Esse número chega a duplicar nas estimativas de organizações defensoras dos direitos das mulheres.
DA AGENCIA EFE, EM MONTEVIDÉU
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