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domingo, 26 de dezembro de 2010
Economia - Crise afeta América Latina com menor profundidade e duração
Em julho de 2007, quando se multiplicaram os problemas financeiros e imobiliários que tiveram seu epicentro nos Estados Unidos, teve início um debate sobre se o efeito contagioso da crise iria chegar ou não aos países emergentes. Então entrou na moda o termo “descolamento”, para indicar que aquelas dificuldades do centro não chegariam à periferia.
Foi uma ilusão. A crise afetou também os emergentes, mas agora vemos que foi com muito menos profundidade e duração. A América Latina, por exemplo. A região teve uma queda média em seu crescimento, em 2009, de 1,9%, mas se recuperou de forma espetacular no ano que se encerra: em 2010, o PIB regional terá aumentado cerca de 6% (o que significa um incremento na renda per capita de 4,8%), com países como Paraguai (9,7%), Uruguai (9%), Peru (8,6%) e Argentina (8,4%) com crescimentos de nível chinês. Lula deixa o Brasil, a grande potência emergente da região, crescendo a um ritmo de 7,7%, enquanto o México e o Chile o farão a 5,3%. As duas grandes exceções são o desafortunado Haiti (-7%) e a Venezuela (-1,6%).
As perspectivas para 2011 são um pouco mais modestas (previsão de crescimento de 4,2%, e cerca de 3% na renda per capita). Por quê? Pela incerteza externa, sobretudo a europeia, e por um desses paradoxos que se produzem na economia: a entrada de um grande fluxo de capitais na região e a consequente valorização de suas moedas. No balanço preliminar das economias da América Latina e do Caribe, publicado pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), se explica esse fenômeno: a curto prazo, uma maior entrada de capitais poderia repercutir negativamente sobre as contas externas, mas não seria um risco para o crescimento. Porém, a história da região indica que os efeitos podem ser perigosos a longo prazo: a elevada liquidez mundial pressionaria para baixo as taxas de câmbio real e para cima os preços dos produtos básicos, o que pode gerar uma deterioração das contas externas e incentivar uma excessiva especialização na produção e exportação de bens primários. “Com isso, a região ficaria mais vulnerável aos choques vindos do exterior”.
Quase coincidindo com esse informe da Cepal aparece o Latinobarômetro, que mede as tendências subjacentes da região. Questionados sobre qual problema consideravam mais importante, os entrevistados responderam em sua maioria que era a criminalidade e a segurança pública. E logo atrás, apesar da melhoria mencionada, as questões relacionadas à economia: 19% entendem ser o desemprego; 12%, os problemas econômicos/financeiros, e 7% responderam a pobreza. É muito notável a percepção do problema da criminalidade e da violência, que aumenta continuamente ano após ano, e que se tornou fundamental para a qualidade da democracia da região.
El Pais
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