Marina fala em nome da coligação sobre a morte de Campos: “Nesses 10 meses, aprendi a respeitar, admirar e a compartilhar suas atitudes e ideais de vida” |
"Durante esses 10 meses de convivência aprendi a respeitar, admirar e a compartilhar suas atitudes e ideais de vida. Começamos a formar juntos a esperança de um mundo melhor e mais justo", disse, emocionada e rodeada por políticos da Coligação.
"A postura de todos nós é de luto agora", diz um assessor próximo a ela. "É um impacto monumental. Um momento de sofrimento e de apoio à família. Marina está recolhida. Estamos todos recolhidos."
Marina Silva pegou o voo da TAM às 9h30, no aeroporto Santos Dumont, rumo a São Paulo. Chegou a Guarulhos e foi para seu apartamento. O avião de Eduardo Campos decolou do Santos Dumont com destino ao aeroporto do Guarujá. O voo de sua mulher, Renata, com o caçula de sete meses, Miguel, seguiu para o Recife.
Marina passou o dia tentando digerir o absurdo do acidente. "Não discutimos nada de campanha, de consequência. Ficamos na perplexidade do fato", contou outro assessor. "A relação com Eduardo estava intensa, era um momento muito rico. Estamos prestes a lançar o programa. Ele estava muito animado, no maior pique."
A notícia do desastre veio aos poucos, em névoa. Marina estava reunida com assessores para trabalhar nas gravações para o horário eleitoral que começa no dia 19. Primeiro ouviram falar da queda de um helicóptero. Depois, o deputado Walter Feldman (PSB-SP) telefonou avisando que não havia contato do avião de Campos no sistema de controle. "Começamos a ficar muito preocupados", conta um membro da equipe.
A informação que alguém havia conseguido falar com o assessor de Eduardo Campos, Rodrigo Molina, trouxe um alívio momentâneo. Deixaram de pensar no pior, porque Molina estava sempre com Campos. Mas não ontem, quando seguira para o Recife. "A notícia chegou por diversas fontes", lembra um assessor. Foi Carlos Siqueira, coordenador da campanha de Eduardo Campos à presidência, quem recebeu a confirmação do acidente e das sete mortes pelo Comando da Aeronáutica.
Nenhuma pessoa próxima à Marina se arriscava a prever a reação da ex-senadora, passado o choque. "Marina tem um sentido de missão em relação a tudo isso. Para quem tem este sentimento, um evento como este é avassalador. Ela havia assumido a posição de vice, comprou a candidatura de Campos, estabeleceu uma relação de confiança, estava acreditando nele como um líder e aí acontece uma coisa dessas", diz um amigo.
Pela lei, o PSB tem 10 dias para decidir o futuro; pela prática, menos, já que o horário eleitoral começa na terça. "O ótimo e o óbvio nem sempre são o que acontece em política", analisa um político próximo ao grupo. Ela teve 20 milhões de votos na eleição passada, mas este legado pode ter outra interpretação para parte do PSB que é ligada ao ex-presidente Lula e também para o grupo que flerta com o PSDB. "Há uma hostilidade enorme a ela no PSB, não é líquido e certo que seja ela a candidata. O PSB é um partido com um chefe. Os que nunca apitaram vão começar a falar. É preciso aguardar."
Secretário-geral do PSB fluminense e um dos articuladores da campanha de Campos no Rio, Rubens Bomtempo defendeu que o partido mantenha uma candidatura à Presidência, mas reconheceu que o processo depende de diálogos internos na cúpula do partido e com o grupo de Marina. "Não dá nem para pensar agora. A gente tem que conversar internamente, conversar com Marina".
Por Daniela Chiaretti, Guilherme Serodio e Renata Batista
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