BRASÍLIA - Apenas dois deputados federais e um senador acompanharam a ex-senadora Marina Silva no pedido de registro do seu novo partido, o Rede Sustentabilidade, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta segunda-feira. A falta de apoio de parlamentares deve limitar a campanha de políticos do partido a poucos segundos de propaganda eleitoral na televisão e rádio.
Acompanharam o protocolo os deputados Walter Feldman (PSDB-SP) e Domingos Dutra (PT-BA) e o senador Pedro Simon (PMDB-RS). O pemedebista, porém, disse que não vai trocar de partido e que foi apenas apoiar o registro do Rede. Apenas um outro deputado deve se filiar ao partido, na conta dos dirigentes: Alfredo Sirkis (PV-RJ), que não foi ao ato por já ter um compromisso em seu Estado no mesmo horário.
A falta de tempo de propaganda eleitoral deve dificultar a candidatura de Marina à Presidência e de possíveis candidatos aos governos estaduais e ao Legislativo. Com três deputados, o partido terá direito a cerca de seis segundos de propaganda, fora o tempo distribuído igualitariamente entre os candidatos.
“A incerteza sobre o registro dificultou as filiações. Muitos deputados mostraram interesse no partido, mas disseram que não podiam arriscar ficar sem legenda para 2014. Quem está vindo é porque acredita nas ideias do Rede”, afirmou o deputado Walter Feldman ao Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor.
Para Feldman, a falta de tempo de televisão é um problema a ser contornado com uma estratégia diferente de mobilização, como propaganda pelas redes sociais. Ele reconhece, porém, que esse instrumento não atinge toda a população, e que a sigla terá que pensar em novas formas de chegar aos eleitores.
“A última campanha [de 2010] já mostrou que a mídia abre espaço, com entrevistas e nos telejornais, para os candidatos que se mostram competitivos”, disse. “Também podemos fazer coligação com outro partido”. Em 2010, Marina ficou em terceiro lugar na eleição para presidente, com 20 milhões de votos, mesmo com escasso tempo de propaganda na TV.
Feldman aponta outro problema eleitoral causado pela incerteza do registro: o pouco tempo para convencer pessoas de fora da política a se candidatarem. “Nosso estatuto prevê que 30% das vagas para o Legislativo fique com candidaturas avulsas, de pessoas ligadas a uma bandeira e que não pertencem à estrutura partidária. Cada Estado começou a levantar o nome desses possíveis candidatos, mas o tempo para convencimento vai ser curto”, afirmou.
O Rede corre contra o tempo para conseguir o registro até 5 de outubro, prazo legal para participar das eleições de 2014. O partido protocolou nesta segunda-feira o pedido de fundação no TSE mesmo sem os cartórios terem certificado todas as 492 mil assinaturas de apoio necessárias – cerca de 220 mil ainda estão sendo analisados pelos cartórios eleitorais.
Por Raphael Di Cunto e Juliano Basile | Valor
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