Depois de uma queda de 35 pontos percentuais na aprovação de seu governo, a presidente Dilma Rousseff teve uma ligeira recuperação, segundo pesquisa Datafolha concluída ontem.
O índice dos que consideram o governo ótimo ou bom subiu de 30% no final de junho, no auge dos protestos, para 36% agora.
A aprovação a Dilma é maior entre os mais pobres. Entre os que ganham até dois salários mínimos, 41% aprovam o governo.
Entre os mais ricos, aqueles que ganham acima de dez salários mínimos, a aprovação tem o menor índice (29%), mas foi nessa faixa que Dilma teve o maior crescimento entre aqueles que consideram a sua gestão ótima/boa. O aumento foi de oito pontos percentuais.
O ápice da aprovação de Dilma ocorreu em março, quando 65% consideravam a sua gestão ótima ou boa.
Na pesquisa deste mês, o índice dos que julgam o seu governo ruim/péssimo variou de 25% para 22% e aqueles que o consideram regular oscilou de 43% para 42%.
Há menos otimismo agora dos benefícios que os protestos podem trazer tanto para o entrevistado como para os brasileiros. No fim de junho, 65% diziam que a onda traria mais benefícios pessoais do que prejuízos; agora são 49%. Em relação aos brasileiros, o índice caiu de 67% para 52%.
A avaliação do governo Dilma na área econômica também teve uma pequena recuperação. A aprovação subiu de 27% para 30%, um ponto acima da margem de erro do levantamento, de dois pontos percentuais.
O Datafolha mostra que estancou o movimento dos que acreditam que a inflação vai aumentar. Entre o final de junho e agosto, esse índice oscilou de 54% para 53%. O pessimismo com a inflação estava em crescimento desde dezembro do ano passado.
Há mais otimismo com o emprego, ainda de acordo com a pesquisa. Caiu cinco pontos percentuais o índice de brasileiros que dizem acreditar que o desemprego vai aumentar, de 44% para 39%.
Também houve uma queda no contingente daqueles que acham que o poder de compra dos salários vai diminuir (de 38% para 32%).
Os brasileiros são mais otimistas com a sua situação econômica do que com as expectativas para o país.
Subiu de 44% para 48% os que acreditam que sua situação vai melhorar. Já a opinião sobre a situação do país segue igual a junho (oscilou de 31% para 30%).
A pesquisa foi feita entre quarta-feira e ontem em 160 municípios do país, com 2.615 entrevistados.
Com Dilma em baixa, PT antecipa fim de seminários do partido
A primeira aparição da presidente Dilma Rousseff com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde as manifestações de junho, na noite desta quarta-feira (24), marcará também o fim precoce do ciclo de comemorações pelos dez anos do PT no governo.Inaugurado em fevereiro, quando Lula lançou Dilma à reeleição, o seminário "O decênio que mudou o Brasil" era previsto para ocorrer em dez cidades, "de todas as regiões do país", e durar até o final do ano.
Agora, com a presidente em baixa entre os eleitores --sua aprovação caiu 35 pontos percentuais nos últimos quatro meses, atingindo o menor nível do mandato (30% de avaliação positiva, segundo o Datafolha)--, o partido vai promover a despedida do evento hoje, em Salvador. A cidade é apenas a sexta capital da turnê, que será encerrado sem passar por Norte e Centro-Oeste.
O mais recente seminário, que seria em Goiânia, no final de junho, por exemplo, acabou cancelado devido à onda de protestos.
"A coisa vai mudando a depender da conjuntura. Agora, o que virou muito importante para nós é a questão da reforma política", diz o secretário nacional de comunicação do PT, Paulo Frateschi.
Ele afirma que a situação pode mudar e que novos seminários podem ser marcados depois. O material de divulgação do evento de hoje, no entanto, afirma que este será o último seminário.
O encontro acontece após rusgas entre Dilma e o partido, que emitiu uma resolução com críticas ao governo, e em meio ao coro interno de "volta Lula" para 2014. No sábado (20), a presidente não compareceu à reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília.
DEZ ANOS
Os seminários anteriores sempre serviram de termômetro para a sigla e o Planalto.
Após Lula lançar Dilma em São Paulo, no dia 20 de fevereiro, o ex-presidente aproveitou a reunião de Fortaleza, uma semana depois, para mandar um recado à base: "O PT pode até ganhar a eleição sozinho, mas precisa de aliados para governar. Tem hora em que precisamos do apoio dos aliados, e tem horas que temos que ter a humildade de apoiar os outros".
Quando Dilma vivia o ápice de sua popularidade, que estava em 65%, em abril, Lula afirmou em Belo Horizonte "nunca ter tido tanta tranquilidade" e chegou a compará-la a outros nomes com passagem marcante pela Presidência da República.
"Este país, que já teve Getúlio, Juscelino, que já teve Lula, este país tem nesta mulher a pessoa que mais chegou preparada para governar este país", disse na ocasião.
Com o aumento das críticas da oposição, especialmente em relação à situação econômica do país, as falas ganhavam tons de resposta. Na capital mineira Dilma atacou os "pessimistas sistemáticos, especializados em pessimismo". Em Porto Alegre, em maio, repetiu o discurso.
Já enfrentando o início das manifestações, no dia 13 de junho, em Curitiba, ela prometeu "dar a volta por cima" e recebeu afagos de Lula, que avisou que a presidente não estava só e que não podia "se deixar abalar".
O seminário de hoje, em um hotel onde Lula está desde ontem na capital baiana, utilizou o chamado "gritos das ruas" para escolher como tema "Participação Popular e Movimentos Sociais".
O auditório tem capacidade para 800 pessoas sentadas, mas o PT espera a presença de 1.000 militantes. A organização também é feita pelo Instituto Lula e pela Fundação Perseu Abramo.
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