segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Marcos Valério,Virgílio Guimarães (PT), Paulo Rocha (PT) e os garimpos do Pará


Nascido em Curvelo (MG), a mesma cidade de Marcos Valério, o ex-deputado Virgílio Guimarães foi o responsável por levar o polêmico empresário, hoje condenado a mais de 40 anos de prisão, a dirigentes do PT. Agora, ele está envolvido num novo negócio, para a exploração de ouro em Serra Pelada, no Pará e leva no colo ao nosso ex-deputado do PT, Paulo Rocha a polêmica operação que será levada ao Ministério Público

 Leia abaixo a reportagem de Josie Jeronimo, na revista Istoé: 

Vossas excelências, os garimpeiros

Ex-deputados do PT, Virgílio Guimarães e Paulo Rocha celebram um fabuloso negócio com associação de garimpeiros de Serra Pelada para ficar com 56% da exploração de duas jazidas de ouro. Acordo vai ser investigado pelo Ministério Público

Josie Jeronimo

Candidato derrotado a uma vaga de suplente de senador em 2010, o ex-deputado Vírgilio Guimarães, do PT de Minas Gerais, fez uma aparição espetacular no garimpo de Serra Pelada, no domingo 17. Conduzido por outro ex-parlamentar, o também petista Paulo Rocha, do Pará, Virgílio deu uma palestra para 545 garimpeiros e voltou para casa com um contrato fabuloso. Atuando como consultor de empresas interessadas em investir em duas jazidas com reservas calculadas em 33 toneladas de ouro, Virgílio e seus clientes terão direito a ficar com 56% de toda a riqueza que for extraída do lugar, reservando 44% para a cooperativa que reúne 38 mil garimpeiros de Curionópolis, a 700 quilômetros de Belém. Virgílio admite a negociata: “Fui lá fazer uma palestra de gestão. Aí me desafiaram: se o senhor é tão bom gestor, pode nos ajudar aqui?”

As condições do contrato da empresa de Virgílio, a Brasil Século III, que privilegiam os gastos de investidores sobre os garimpeiros, estão próximas do que se pratica no mercado. Mas o acordo, firmado no último fim de semana, já produz descontentes. Garimpeiros levaram o caso para o Ministério Público Estadual, reclamando que a firma, registrada em Belo Horizonte com capital de R$ 20 mil, não tem capacidade econômica e técnica para explorar as cerca de 33 toneladas de ouro estimadas nas duas lavras. O ex-deputado se defende: “A minha empresa foi contratada para fazer gestão. Minha missão é viabilizar o negócio. Vou buscar mineradora para fazer a exploração”, confirma. Nascido numa família de posses, o próprio Virgílio irá acumular uma pequena fortuna se o negócio prosperar. Ficará com 5% do ouro extraído. Se a área tiver, mesmo, 33 toneladas de ouro, sua fatia será equivalente a 1,6 toneladas, ou R$ 132 milhões pelo valor do metal na semana passada.

Já Rocha uniu-se a Virgílio não apenas pelo ouro – mas também pelos votos. Aquecendo os motores de uma eventual candidatura ao governo do Estado em 2014, ele transformou seu gabinete político, em Belém, em ponto de encontro para defender uma reivindicação histórica dos garimpeiros. Quer convencer a Caixa Econômica Federal a honrar uma dívida de ­R$ 550 milhões, acumulada em décadas de erros e desvios na pesagem de ouro que foram vendidos à instituição. A legitimidade do pleito já foi reconhecida em decisões monocráticas de dois tribunais, o Tribunal Regional Federal e o Superior Tribunal de Justiça, mas a Caixa mantém recurso que contesta a decisão. Numa típica disputa que terá um desfecho político, Rocha não esconde que pretende usar de prestígio junto ao governo federal para liberar o dinheiro. Uma influência a peso de ouro. No Planalto, a postura é não se envolver no caso – até que os garimpeiros apresentem um projeto sustentável de exploração do ouro da região.


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