quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dilma resiste às pressões e não recebe presidente do Irã


RIO - A presidente Dilma Rousseff contrariou os pedidos da delegação iraniana e decidiu não receber o colega Mahmoud Ahmadinejad em nenhuma reunião bilateral, à margem da Rio+20. Dilma recebeu quase 60 pedidos de reuniões paralelas com chefes de Estado, mas decidiu concentrar sua agenda em dez encontros.

Conforme ressaltaram auxiliares da presidente, encontrar-se com Ahmadinejad no Rio desviaria a atenção dos assuntos discutidos na conferência e poderia criar uma "agenda negativa". Além disso, funcionários do Palácio do Planalto e do Itamaraty ressaltam que um encontro com o presidente do Irã exige "tempo" e "atenção máxima" com palavras e declarações, o que era impossível de conciliar com a programação de Dilma no Rio.

Sem o encontro com Ahmadinejad, já totalmente descartado, Dilma concentrará sua agenda em dois encontros bilaterais. Em termos políticos, a prioridade é o café da manhã marcado para amanhã com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Erdogan, com quem ela tem uma relação descontraída e de bastante confiança. No encontro, Dilma pretende ouvir o diagnóstico da Turquia sobre a situação no Oriente Médio, em especial da Síria. O Irã e o Egito também preocupam a presidente.

Em termos econômicos, o foco estará na conversa com o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, também prevista para amanhã. A intenção de Dilma é avançar, com ele, nas discussões iniciadas no G-20 sobre um possível swap cambial entre os cinco países dos Brics. Embora seja uma iniciativa comum, Brasil e China lideram as discussões.

Os demais encontros de Dilma, amanhã, serão com os chefes de Estado da Austrália, da Dinamarca, de El Salvador e da Nicarágua. À noite, ela terá um jantar com os líderes da União Africana, do qual também participarão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Nesse caso, as expectativas são baixas no Palácio do Planalto, que considera o encontro um jantar de "manutenção das boas relações" criadas entre a África e o Brasil no governo Lula.

Hoje, Dilma almoçou com o presidente da França, François Hollande, e tem encontros previstos com os chefes de Estado do Senegal e da Nigéria, totalizando dez reuniões bilaterais durante a Rio+20.

(Daniel Rittner | Valor)

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