Almir diz estar pronto para disputa eleitoral
riam pensar para a capital paraense, mas prefere manter sigilo para não alertar os possíveis adversários.
“Eu estou no limiar de poder ser ou não candidato”, admitiu, quase no final de uma entrevista que durou uma hora e meia. Durante a conversa, Almir Gabriel evita confirmar as negociações em torno de um possível acordo com o atual prefeito de Belém, Duciomar Costa, para ser lançado como candidato da situação na disputa do ano que vem.
Em nenhum momento, contudo, descarta a candidatura e revela que aos 79 anos está preparado para mais uma batalha eleitoral. “Eu não vou empurrar carrinho de mão, não vou puxar carroça. Não cogitaria a possibilidade caso não tivesse condições físicas para (ser prefeito). Agora não é a mesma coisa que seria se eu tivesse 50 anos”, diz, ao ser indagado se ainda teria fôlego para a campanha e a administração da cidade.
MUDANÇA
Há um mês, Almir deixou o apartamento onde morava, no centro de Belém, e se mudou para uma casa em um condomínio fechado. Ganhou espaço para retomar a coleção de orquídeas que chegou a mil mudas, mas acabou se perdendo.
O novo escritório é decorado com fotos antigas da cidade (presente do ex-deputado Vic Pires Franco) e com pinturas do artista plástico Antar Rohit, pinturas sobre seda que mostram o Bar do Parque, o Teatro da Paz e a Cidade Velha, ícones da capital paraense.
É nesse cenário que Almir tem trabalhado no programa e recebido lideranças políticas que se movem nos bastidores buscando costurar o que seria uma inusitada candidatura à Prefeitura de Belém. Embora negue o tempo todo que já se considere candidato, o discurso não deixa dúvidas sobre o desejo que tem alimentado. Almir diz que a capital precisa de um prefeito “honesto e trabalhador”, mas se recusa a dar pistas sobre as anotações e as obras que gostaria de propor. “Tu já queres que eu dê o programa? (risos)”.
GESTÃO
Segundo o ex-governador, o próximo prefeito de Belém deve ter “experiência e estofo para pensar o que fazer”. “A cidade não apenas está pedindo, está exigindo uma mudança de conceito de gestão. A população mais pobre e necessitada tem possibilidades reais de ter um presente e um futuro melhores. Enfim, acho que seria bonito um bom prefeito para Belém”. A consagração da candidatura, porém, ainda dependeria de aval da família e do povo.
Almir Gabriel confirma que nos últimos dois meses teve conversas com Duciomar Costa. A primeira foi ainda no apartamento onde morava antes da mudança.
O prefeito o teria procurado com o pretexto de agradecer conselhos dados por ele a Duciomar, há cerca de quatro anos, durante um jantar em Brasília. Depois houve contato por telefone, mas as conversas não teriam avançado para uma possível filiação ao PTB, partido de Duciomar.
O prefeito teria admitido, contudo, estar preocupado com a sucessão e comentado que estaria “na hora de Belém ter um prefeito diferente”.
Discurso afinado com novo aliado
Desde que deixou o PSDB no ano passado, Almir Gabriel não se filiou a outra legenda. Embora uma decisão sobre candidaturas só deva ser tomada em junho do ano que vem, durante as convenções partidárias, o prazo para filiações e trocas de partido de quem deseja ser candidato termina dia 6 de outubro (um ano antes do pleito). Será um bom momento para avaliar os caminhos que o ex-governador e outros possíveis candidatos pretendem tomar.
“As pessoas estão vindo aqui comigo. Não sou eu que estou indo atrás. O Partido da Pátria Livre me quer, o Partido Social Democrático, o PPS me quer ou diz que me quer”.
Indagado se o PTB do prefeito Duciomar Costa seria uma alternativa, diz sentir um “desvelo muito grande” pela legenda que teve em Getúlio Vargas, o pai do trabalhismo brasileiro, a principal liderança. “É uma pena que algumas pessoas deturpem o discurso trabalhista, mas o discurso trabalhista é muito bom”.
CRÍTICAS
Almir diz não se abalar com as críticas feitas à gestão de Duciomar Costa. “O julgamento que a imprensa faz dele é injusto. A maioria das pessoas quer um prefeito que asfalte a sua rua, que dê um jeito de pintar a sua casa. Não veem que o saneamento básico é importante. E o único prefeito que deu prosseguimento para valer do saneamento que começamos com a bacia do Una foi o Duciomar”, afirma.
“Outra coisa, Belém tem aproximadamente três mil vias, ele asfaltou duas mil”, diz, usando um dos motes da propaganda oficial da prefeitura na TV. “Eu discordo da forma como fazer (o asfaltamento) e do material utilizado, mas não dá para dizer que ele não ligou para o pessoal que mora numa rua pequenina. Ele está dando atenção”.
Indagado se não se preocupa com as denúncias de corrupção feitas contra a atual administração municipal, diz acreditar que às vezes, pode ser mais má gestão que corrupção. “Às vezes o dinheiro vem para comprar carro e o cidadão compra vacina. Não é que vacina não seja importante, mas o que estava estabelecido no convênio? Para mim, o mais importante é a visão de presente e do futuro que tem um gestor”.
Transbordando de entusiasmo com a possibilidade de vir a ser candidato, Almir não se irrita nem mesmo ao ser indagado se não teme ficar com fama de pé-frio, já que os dois últimos candidatos que apoiou (Ana Júlia do PT e Domingos Juvenil do PMDB) foram derrotados. “Como é que é? Pé-frio? Fui eleito senador da República com mais votos que Jarbas Passarinho. Fui eleito governador do Estado duas vezes. Elegi meu sucessor. Fiz vários senadores. Lembra do senador do governador? (refere-se ao ex-senador Luiz Otávio Campos que no programa eleitoral era apresentado como o senador do então governador Almir Gabriel). Como é que sou pé-frio? Política se faz com derrota e vitória. Isso é normal. Me indica uma atividade que na vida só se faça com vitória”.(Diário do Pará)
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