terça-feira, 10 de março de 2015

Governo e o PT torcem braço de manifestantes

PT declara. Manifestações partem principalmente dos setores da burguesia e da classe média alta. 



Mal comparando, o governo Dilma Rousseff está na situação de uma agência de turismo que oferece à sua clientela viagens de férias às cegas. O sujeito compra o pacote turístico e embarca para algum destino exótico confiando na boa-fé do agente de viagem. A diferença entre isso e o que o marqueteiro João Santana vendeu em 2014 é muito pequena. Ao converter a política num ramo da publicidade, o comitê de Dilma empurrou um pacote turístico à nação sem informar o destino.

Ninguém sabia com que Dilma havia embarcado nem que Dilma governaria. Desconfiava-se que nem ela soubesse. O discurso deste domingo, transmitido em rede nacional de rádio e tevê, apenas confirmou a suspeita. Um pedaço do país avalia que o ponto de interrogação eleito em 2014 tornou-se uma impostura. Por isso algumas pessoas bateram panelas, gritaram na janela, piscaram as luzes de casa.

Coordenador das redes sociais do PT, Alberto Cantalice disse que “existe uma orquestraçãoo com viés golpista que parte principalmente dos setores da burguesia e da classe média alta.” E José Américo Dias, secretário nacional de Comunicação do PT, declarou que as manifestações foram “orquestradas para impedir o alcance da mensagem [de Dilma], mas fracassaram em seus objetivos.”

Como se fosse pouco, veio o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) à boca do palco para declarar o seguinte: “O Brasil tem dois turnos. Não pode haver terceiro turno. O que preocupa é que tivemos uma eleição bastante polarizada, que teve momentos de radicalização, e precisamos construir uma cultura de tolerância, de diálogo, de respeito. É isso que ajuda a construir uma agenda de convergência que é fundamental para o país superar as dificuldades conjunturais o mais rápido possível.''

“Golpismo” e “terceiro turno” são expressões que o petismo utiliza para classificar qualquer manifestação democrática que não tenha sido organizada pela CUT. Esse linguajar está com o prazo de validade vencido. Mercadante fala em dialogar para “construir uma agenda de convergência”. Ora, ora, ora…

O verbo do PT na eleição foi desconstruir. Conjugando-o, Dilma prevaleceu sem se precupar com a autoconstrução. Obteve o direito de permanecer ao volante por mais quatro anos. A plateia não pode ser responsabilizada pela falta de um itinerário. Os descontentes pedem clareza e respeito. O PT e o governo lhes torcem o braço. Pequenas doses de humildade e autocrítica talvez fossem mais eficazes.

Josias de Souza UOL

segunda-feira, 9 de março de 2015

Fernando Henrique diz que eventual impeachment de Dilma 'não adiantaria nada'


 O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta segunda-feira, 9, que um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff "não adiantaria nada". "Tirar a presidente da República não adianta nada. O que vai fazer depois?", questionou o tucano durante um seminário no Instituto FHC, na capital paulista. 




 

O tucano deu a declaração um dia depois do panelaço contra Dilma no qual manifestantes xingaram a petista e também pediram sua renúncia durante a transmissão do pronunciamento oficial da presidente na TV. Durante o seminário, o ex-presidente realizou uma análise sobre o cenário político e econômico do País e teceu uma série de críticas ao modelo de gestão do PT na Presidência.

FHC afirmou que o modelo de presidencialismo de coalização, chamado pelo tucano como de "presidencialismo de cooptação", está exaurido. Para o tucano, o sistema político está "totalmente espatifado". "Um Congresso que tem 20 e poucos partidos e um governo que tem 40 e poucos ministérios é receita para não dar certo. Não pode funcionar", afirmou ele. "Esse modelo que eles chamou de presidencialismo de coalização está exaurido. E não é de coalização. É de cooptação. Isso se arrebentou. Não tem mais Tesouro para sustentar essa farra toda. O sistema políticos está totalmente espatifado".

sábado, 7 de março de 2015

Nacha Guevara - Te Quiero - Mario Benedetti

Chile una copia feliz del eden

quarta-feira, 4 de março de 2015

Pepe Vargas chega ao gabinete de Renan com "proposta de paz" de Dilma



O ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, chegou ao gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na tarde desta quarta-feira, 4, com uma "proposta de paz" da presidente Dilma Rousseff. Na noite da terça-feira, 3, Renan devolveu ao Planalto a Medida Provisória do ajuste fiscal que recua na desoneração da folha de pagamentos para diversos setores da economia.



Renan está inconformado com o vazamento da notícia de que consta da lista de políticos que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com irregularidades na Petrobras. Entrou em crise com o Planalto após não ver interesses atendidos, como a manutenção de um indicado no comando da Transpetro e a falta de apoio financeiro ao governo de Alagoas, governado por seu filho, Renan Filho.



Encaminhada ao Congresso na sexta-feira, 27, a MP reduz o benefício fiscal de desoneração da folha de pagamentos e integra as medidas tomadas pelo governo na tentativa de equilibrar as contas da União num cenário de declínio na área econômica.



'Cordialidade'



A presidente Dilma Rousseff fez duas tentativas antes de conseguir conversar, por telefone, no final da noite de ontem, com o presidente do Senado. Só teve sucesso depois de telefonar para um líder próximo ao senador que passou o telefone para Renan Calheiros.



Conforme a reportagem apurou, a conversa foi cordial. Renan explicou para a presidente que a decisão do Senado de devolver ao governo a Medida Provisória que reduz benefícios fiscais à empresas teve como propósito fortalecer as instituições. Conforme relatos, Renan justificou à presidente que seria inconstitucional dar urgência a uma medida que trata de alteração de imposto.



Apesar do tom da conversa, no Congresso a expectativa é que todos os projetos de interesse do governo sejam derrubados. Renan já teria avisado a interlocutores das centrais sindicais que no caso das medidas provisórias que tratam dos direitos trabalhistas, ele irá criar uma comissão para analisá-la já com ordem para que sejam rejeitadas.



Outros cortes



Pepe Vargas disse nesta tarde que o governo fará corte de "outros gastos" se o Congresso não aprovar medidas de ajuste fiscal propostas originalmente pelo Palácio do Planalto. Pepe afirmou que "não há risco" de que a meta de superávit primário de 1,2% do PIB não seja cumprida.



"Se eventualmente o Congresso Nacional fizer algum ajuste nas medidas que encaminhamos, alguma emenda, num processo de negociação que não é exatamente aquilo que o governo encaminhou na proposta original, isso obviamente será ajustado no corte de outros gastos", disse o ministro, sem detalhar quais seriam esses cortes. "Não há risco nenhum do governo não cumprir o primário de 1,2%, nenhum", reforçou.



O ministro lembrou que a parte principal do ajuste fiscal já está sendo feita. "O Congresso já nos deu autorização para enquanto não é votada a lei orçamentária, podermos utilizar 1/12, nós estamos utilizando 1/18, estamos fazendo una economia de 33% superior à autorização que a gente tem", explicou. Segundo ele, as medidas provisórias que trazem ajuste fiscal são mais importantes no longo prazo, já que fazem correções em benefícios de trabalhadores.



Pepe disse ainda que se o Congresso tivesse votado vetos presidenciais na noite de ontem (a sessão foi cancelada), o governo teria condição de manter os vetos. "Temos convicção disso".

Andreza Matais e João Domingos