quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Dilma e as ações anticorrupção






Ao comentar uma resposta de Aécio, Dilma disse que seu governo combateu a corrupção ao fortalecer a Polícia Federal e ao aprovar leis, como a Ficha Limpa.


"É importante lembrar que no governo meu e do presidente Lula nós fortalecemos a Polícia Federal. E a Polícia Federal promoveu 162 operações de combate à corrupção, lavagem de dinheiro, e crime financeiro. Também no governo meu e do presidente Lula, a CGU ganhou status de ministério. Criamos o portal da Transparência, aprovamos a lei de acesso à informação, da Ficha Limpa, da punição dos corruptores e do combate às organizações criminosas."


A Lei da Ficha Limpa, entretanto, não foi enviada ao Congresso pelo Executivo. Trata-se de um projeto de iniciativa popular, aprovado no Legislativo e sancionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Marina: Licenciamento ambiental terá agilidade, sem perder qualidade




SÃO PAULO - A presidenciável Marina Silva (PSB) afirmou nesta terça-feira que, se for eleita, o licenciamento ambiental terá agilidade, mas qualidade, ao responder uma crítica recorrente de que grandes obras ficaram paradas em sua gestão no Ministério do Meio Ambiente. “[Vamos resolver o problema] Fazendo com que os licenciamentos tenham agilidade, sem perda de qualidade. Quando chegamos ao Ministério do Meio Ambiente, existiam 40 hidrelétricas paralisadas. Quando deixamos, apenas oito não foram resolvidas”, afirmou, durante sabatina do jornal “O Estado de S. Paulo”.

Segundo Marina, em sua gestão no ministério foram reduzidos os funcionários temporários e aumentado o número dos servidores de carreira. “Fizemos concurso público e saímos de quantidade muito pequena de servidores, de oito funcionários de carreira do ministério, e uns 70 temporários, para apenas oito temporários e 150 de carreira”.

Ela disse que a concessão de licenças para grandes obras, como a transposição do Rio São Francisco, da BR-364 e das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau saíram em sua gestão. “Elas não foram concluídas, mas não foi por falta de licença ambiental”, disse.

A candidata brincou ainda com uma pergunta do público, que questionou quem seriam os ministros em um eventual governo Marina. "Podem ficar tranquilos, serei a Presidente da República, então não serei a Ministra do Meio Ambiente", disse.

Marina afirmou ainda ser a favor da extração do petróleo da camada pré-sal, mas que o país precisa buscar outras formas de energia para não ficar dependente de uma única fonte, a exemplo do que é feito no resto do mundo. “[O pré-sal] É uma riqueza que precisa ser explorada com as melhores tecnologias e que vai ajudar a avançarmos na Educação, como implantar o estudo em tempo integral em todo o país”, afirmou. “Mas é fundamental também investir em novas fontes de geração de energia. Hoje, por exemplo, se perde o equivalente a quatro Belo Montes pelo não aproveitamento do bagaço da cana de açúcar”, disse.

Marina disse que não tem nenhum preconceito com a construção de usinas hidrelétricas. “O que precisamos é buscar viabilidade econômica, ambiental e social para os projetos”, disse, sem comentar projetos específicos. A candidata também disse que não pretende desativar as usinas termoelétricas, que são o tipo mais sujo de geração, antes de ter soluções alternativas para os períodos de seca. Deu como exemplo de possível substituição a biomassa.

Ela criticou ainda o uso político da Petrobras, mas evitou comentar se aumentará o preço da gasolina, que está represado no atual governo. “O que está sendo feito com os preços administrados para controlar a inflação tem custo muito alto para todos os brasileiros. Espero que a presidente Dilma está com a responsabilidade de fazer isso, o faça, sem prejudicar o próximo governo”, disse. “Ela é que tem que fazer a correção dos erros que cometeu.”


Por Raphael Di Cunto | Valor

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Debate na Band | B2 - Nova política completo

Marina Silva é entrevistada no Jornal da Globo

A candidata do PSB à Presidência da República foi entrevistada por William Waack e Christiane Pelajo.



Christiane Pelajo: Boa noite, candidata. Eu vou fazer a primeira pergunta e nosso tempo começa a contar a partir de agora. Candidata, desde sexta-feira, quando foi lançado, o seu programa de governo foi modificado em itens como casamento entre gays. Houve um recuo em relação a algumas reivindicações de movimentos que defendem os homossexuais. É um recuo da senhora em relação à constatação de que a senhora é mais conservadora do que alguns eleitores acreditavam? Na verdade, é uma concessão à religião num estado laico?

Marina Silva: Na verdade, Chris, o que aconteceu foi que houve um erro de processo. A equipe do programa de governo foi quem fez a correção. Eu nem interferi nesse processo. Aconteceram duas falhas. Uma foi em relação à energia nuclear, que na parte de ciência e tecnologia estava dito que iria, no finalzinho de uma frase, ampliar a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira. E a outra foi que o documento que foi encaminhado como contribuição pelo movimento LGBT, não foi considerado documento da mediação do debate, foi um documento tal qual eles enviaram. Vários setores mandaram contribuições e obviamente que nenhum setor colocou 100% das propostas que colocou. Eu mesma que sou ambientalista não iria ter a pretensão de que todas as propostas que eu apresentei iriam ficar ipsis litteris. Então o que aconteceu foi uma correção, porque houve uma mediação no debate. Mas os direitos civis da comunidade LGBT, o respeito à sua liberdade individual, o combate ao preconceito, isso está muito bem escrito no nosso programa, melhor do que dos outros candidatos.

William Waack: Candidata, quanto à energia nuclear a gente volta ainda ao assunto. A senhora é contra ou a favor o casamento gay?

Marina Silva: A Constituição brasileira, ela tem uma diferenciação em relação ao casamento. O casamento é utilizado para pessoas de sexo diferente. Para pessoas do mesmo sexo, o que a lei assegura, o que o Supremo já deu ganho de causa com os mesmos direitos, equivalentes ao do casamento, é a união civil.

Christiane Pelajo: Mas não a lei, candidata, a senhora?

William Waack: É a resposta que a senhora tem dado. A senhora, qual é a sua posição?

Marina Silva: A minha posição é de respeito à liberdade individual das pessoas. Nós vivemos em um estado laico, as pessoas têm o direito de exercitar sua liberdade, independente da condição social, de raça ou de orientação sexual.

William Waack: Se eu fizer uma manchete dizendo: a candidata Marina Silva é a favor do casamento gay. Eu estou errado?

Marina Silva: Em termos da palavra casamento você está errado, porque o que nós defendemos é a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

William Waack: A manchete correta então seria: Marina Silva é contra o casamento gay?

Marina Silva: A manchete seria: Marina Silva é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo.

William Waack: Casamento é uma palavra que não sai da sua boca.

Marina Silva: É que é a forma como nós colocamos no nosso programa.

Christiane Pelajo: O que que impede a senhora de ser a favor da lei que equipara a homofobia ao racismo. É religião?

Marina Silva: Não. É que a lei que está em tramitação, ela ainda não faz a diferenciação adequada em vários aspectos. Por exemplo, ninguém pode defender homofobia, qualquer forma de preconceito, discriminação. Por outro lado, você tem os aspectos ligados à convicção ou à manifestação de uma opinião. Você tem que separar isso. E na lei isso não está adequadamente claro. Por isso que nós não colocamos tal qual o movimento havia encaminhado, reafirmando o que está no PLC, da forma como está. Mas há que se ter sim os regramentos legais, para que não se permita nenhuma forma de discriminação, nenhum tipo de preconceito e que se possa tratar todas as pessoas com direitos iguais, porque afinal de contas, como eu disse, nós vivemos em um estado laico, que não pode permitir discriminação contra quem quer que seja.

Christiane Pelajo: Candidata, hoje saiu uma reportagem no jornal Folha de S.Paulo, dizendo que em momentos cruciais a senhora decide com base em consultas aleatórias à Bíblia. Eu gostaria de saber se isso é verdade. E também gostaria de saber se a senhora acha que um presidente pode agir assim, ou se um presidente deveria agir sempre com avaliação realista dos fatos.

Marina Silva: Todos nós agimos em base, na relação realista dos fatos, mas os seres humanos, eles têm uma subjetividade. Uma pessoa que crê, obviamente que tem na Bíblia uma referência, assim como tem na referência a arte, a literatura. Às vezes, você pode ter um insight assistindo um filme. O quanto nós já avançamos do ponto da ciência e da tecnologia, pela capacidade antecipatória, que você encontra, enfim, na indústria cinematográfica.

Christiane Pelajo: Mas a senhora toma decisões lendo a Bíblia aleatoriamente? É verdade isso?

Marina Silva: Olha, isso é uma forma que as pessoas foram construindo, ou estão construindo, pra tentar passar uma imagem de que eu sou uma pessoa que é fundamentalista, essas coisas que muita gente de má fé acabam fazendo.

William Waack: Mas a senhora é uma pessoa profundamente religiosa. Seria absolutamente normal que a senhora procurasse num texto religioso amparo para as decisões que senhora toma. A pergunta é a seguinte: qual é o tamanho desse amparo que a senhora toma em preceitos religiosos, frente ao que a senhora pretende ser, que é governante de todos os brasileiros, tomando decisões nacionais.

Marina Silva: O mesmo amparo que você pode tomar a partir de outros referenciais. A Bíblia é, sem sombra de dúvida, uma fonte de inspiração pra qualquer pessoa que é cristã ou que é um judeu, enfim, e que não vai negar que é uma fonte de inspiração, mas existem outras fontes de inspiração, às quais eu já me referi. As decisões são tomadas com base racional pra todas as pessoas. Agora, dificilmente você vai encontrar uma pessoa que diga que ela é 100% racional. Essa pessoa estaria presa à realidade, e com certeza, se os especialistas do comportamento forem avaliar uma pessoa como essa, vai ver que ela tem uma subjetividade muito pobre. Qualquer pessoa forma, toma as suas decisões considerando vários aspectos. Ele é atravessado pela cultura; se tem crença, pela espiritualidade; se é da ciência, pelo conhecimento científico. O ser humano não é uma unidade, digamos, pura de alguma coisa não é? Somos seres subjetivos, e a subjetividade é uma riqueza interior, para qualquer ser humano.

William Waack: Nós estamos entrando no campo da política e imediatamente vem à minha mente algumas das críticas que a senhora tem feito recorrentemente ao que a senhora chama de crise da democracia representativa brasileira. Democracia essa que lhe permitiu, candidata, de vereadora a ser duas vezes candidata a presidente. A senhora é um exemplo de uma democracia representativa que permite que as pessoas ascendam. Que crise é essa, afinal?

Marina Silva: Eu tenho falado na verdade, William, da crise da política.

William Waack: Que é diferente da crise da democracia representativa. Mas é essa que a senhora criticou mais. A democracia representativa.

Marina Silva: Não, eu não teci nenhum comentário em relação a isso.

William Waack: Está no seu programa.

Marina Silva: Eu tenho falado de uma crise da política e nessa crise, obviamente, que você tem que reconhece-la. Eu não acho que as pessoas devam fazer vistas grossas para o que está acontecendo, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Cada vez....

Christiane Pelajo: Mas crise da política ou da democracia? O William falou em crise da democracia.

Marina Silva: Eu diria que a gente precisa aprofundar sim a nossa democracia.

William Waack: Isso significa democracia direta, por conselhos populares?

Marina Silva: Não, é uma combinação das duas coisas. Ampliar a participação das pessoas, ao mesmo tempo melhorar a qualidade da representação e das nossas instituições. Se nós partirmos do princípio de que a representação tá muito boa, obrigada, de que não temos problemas em relação às instituições políticas, nós vamos ficar metidos na situação de crise dramática que nós estamos hoje no Brasil, em que as conquistas que alcançamos a duras penas estão sendo ameaçadas pelo atraso na política, e até mesmo por um certo descolamento das pessoas em relação à capacidade de acreditar que os políticos e os partidos podem ajudar a resolver os seus problemas. O que eu busco é aperfeiçoar a nossa democracia, democratizar a nossa democracia, combinando a participação correta e legítima, pelo o que é assegurado na Constituição, dos cidadãos. Nós somos eleitos para representar, não é para substituir o representado.

William Waack: A sua crítica tem um eixo muito forte, no sentido de pedir mais participação popular ou participação direta. O que a senhora quer dizer exatamente? A senhora apoia, por exemplo, os conselhos populares que o Congresso quer derrubar, e que não descritos como uma herança do bolivarianismo, que tem causado enormes prejuízos às instituições políticas na América Latina?

Marina Silva: Uma coisa importante pra a gente pensar, William, é o que que significa ampliar a participação das pessoas? Isso não tem nada a ver com bolivarianismo, isso tem a ver com melhorar a qualidade das instituições. Se nós não partimos do princípio de que os partidos precisam se renovar na sua forma, em relação à linguagem, às suas estruturas, nós vamos criar um descolamento. Eu sempre...

William Waack: Mas isso não tem a ver com conselhos populares, candidata. O que a senhora está dizendo, melhorar as instituições, isso vale para qualquer democracia representativa.

Marina Silva: Vale para qualquer democracia. E quem foi que disse...

William Waack: A pergunta é: a senhora é a favor da democracia direta?

Marina Silva: E quem foi que disse? Eu sou a favor da combinação das duas coisas. A Constituição brasileira assegura as duas coisas. Nós não podemos achar que uma coisa é em prejuízo da outra. Pelo contrário. Há um processo de retroalimentação entre a participação do cidadão dos diferentes setores que enriquece o processo democrático e, obviamente, que temos que ter instituições que passam a ser o polo estabilizador da democracia.

William Waack: O Congresso, no caso?

Marina Silva: O Congresso Nacional. Eu fui senadora durante 16 anos, né? Eu tive que aprovar projetos de lei convencendo os meus pares. Como ministra do Meio Ambiente eu dialoguei com todos os parlamentares. Aprovei projetos de leis que eram quase impossíveis de serem aprovados, como é o caso da Lei de Gestão de Florestas Públicas, a Lei da Mata Atlântica, a lei que criou o serviço florestal brasileiro, a lei que criou as concessões públicas para florestas, que era um mito.

William Waack: Ou seja, a senhora está considerando todos os argumentos a favor das instituições existentes e não de conselhos populares.

Marina Silva: Eu estou dizendo que quando se tem a contribuição da sociedade, o Parlamento, o Executivo, todos nos enriquecemos. O que eu fiz como ministra para conseguir reduzir desmatamento, na proporção que conseguimos, foi transformando boas ideias em políticas públicas, dos movimentos sociais, da academia, do próprio Congresso e dos gestores públicos. Hoje não tem mais essa ideia de que você faz as coisas pura e simplesmente para a sociedade. Você faz com a sociedade. Fazer com é diferente de fazer para. Conheço muitas pessoas que estão dizendo ai que é um perigo dizer que vai governar com a participação da sociedade. Mas também não é bom achar que vai governar apenas para os partidos.

Christiane Pelajo: Candidata, a gente tem que fazer um pequeno intervalo, mas a gente volta daqui a pouquinho com a segunda parte da entrevista com a candidata do PSB, Marina Silva.

Christiane Pelajo: Estamos de volta com a entrevista da candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva. O seu tempo volta a contar a partir de agora, candidata. Candidata, a senhora já se comprometeu em manter o tripé: meta de inflação, câmbio flutuante, superávit fiscal. Eu queria saber como é que a senhora vai pilotar a economia no ano que vem, 2015. Um ano que os economistas, todos concordam, que vai ser necessário um ajuste forte com corte grande de despesas.

Marina Silva: Em primeiro lugar, recuperando o tripé da política macroeconômica brasileira. Nós estamos vivendo diante de uma situação em que essa conquista da sociedade brasileira está sendo completamente desconstituída. A presidente Dilma ganhou o governo dizendo que ia fazer a baixa dos juros, que iria reduzir a inflação e que iria fazer o nosso país crescer. O nosso país não está crescendo, a inflação está aumentando e os juros estão subindo. É fundamental que o país tenha estabilidade econômica para que a gente não perda as conquistas que já alcançamos, inclusive as conquistas sociais, e que a gente possa aumentar o investimento. E, para aumentar investimento, é fundamental que se readquira confiança. A confiança, ela se dá em dois níveis: uma é a confiança que o governante passa. E eu sinto que a sociedade brasileira e os investidores já não conseguem mais ter confiança no governo e na forma como a presidente Dilma governa. E a outra forma é combinando os instrumentos de política macroeconômica com os instrumentos de política microeconômica, criando um ambiente favorável para o investimento, aonde você não tem essa situação que nós estamos vivendo agora. Nós temos, por dois trimestres consecutivos, o país crescendo de uma forma que já faz com que tenhamos o risco de uma contração na nossa economia.

Christiane Pelajo: A senhora quer manter os programas sociais atuais e ainda criar outros. A senhora disse hoje, inclusive, que vai conseguir isso apenas melhorando gasto e arrecadação. É o que todos os políticos em campanha, no mundo inteiro, dizem. Candidata, a senhora vai aumentar impostos? É a minha pergunta.

Marina Silva: O nosso compromisso é de não aumentar impostos.

Christiane Pelajo: E como é que a senhora vai conseguir?

Marina Silva: O nosso compromisso é de dar eficiência ao gasto público. Tem muitos desperdícios, inclusive o desperdício da corrupção, e quando o país volta a crescer, a gente vai conseguindo o espaço fiscal para poder fazer os investimentos sociais. É uma questão de escolha. A escolha, se o principio é, de que queremos prover à sociedade com a saúde que acolhe quando mais se precisa desse acolhimento, e não deixar as pessoas morrendo nos hospitais, nós vamos conseguir os meios para os 10% do orçamento bruto para investir na saúde. Se a nossa escolha é de que queremos que os jovens tenham o passe livre, nós vamos ter os recursos, fazendo todos esses esforços que acabamos de fazer. Se conseguiu R$ 500 bilhões para ungir empresas que recebem esses recursos a juros subsidiados e depois se vem com os argumentos de que não é possível alocar os recursos para atender os brasileiros na saúde, na educação, na segurança?

William Waack: Candidata, deixa eu trazer a sua atenção para outras questões estratégicas que tem a ver com economia. O pré-sal, por exemplo, é talvez a aposta do atual governo, não só como instrumento de arrecadação, mas, sobretudo, como instrumento de desenvolvimento. A senhora tem dito, por exemplo, hoje, que o pré-sal é uma prioridade entre outras. O que isso significa? Que a senhora deixará o pré-sal caminhando de maneira morna?

Marina Silva: Isso significa que, se eu disser que a educação é uma prioridade entre outras, eu estou dizendo que a educação é prioridade, mas a saúde também é prioridade. Se eu estou dizendo que o pré-sal é uma prioridade entre outras, eu estou dizendo que nós vamos explorar os recursos do pré-sal, mas também vamos dar um passo à frente. Vamos investir em energia limpa com o uso da biomassa, o uso do vento, o uso do sol. William, não faz sentido termos a maior área de insolação do planeta e termos a quantidade de energia solar que nós temos. A Alemanha tem ‘zero vírgula nada’ de sol e tem 20% de sua matriz energética de energia solar. Nós temos um enorme potencial de biomassa e nós não estamos fazendo os investimentos. É você cuidar do lugar onde a bola está, mas sem ficar apenas nesse lugar. É você ir também para onde a bola vai estar. E o mundo inteiro está correndo atrás da ideia de uma economia de baixo carbono. O petróleo é uma necessidade não é só do Brasil, não, é do planeta. Ainda não se conseguiu a fonte de geração de energia que vai substituir esse combustível fóssil.

William Waack: A senhora tem sido uma entusiasta do etanol, que a senhora, nome que a senhora não citou na sua longa lista de energias que poderiam combinar com as energias fósseis e garantir ao Brasil uma nova matriz. A senhora vai subir a gasolina quando, pra salvar o etanol?

Marina Silva: Na verdade essa política desastrosa do governo, que está subsidiando gasolina, inclusive fazendo a importação desse combustível com um preço elevado, e que acabou destruindo a indústria do etanol. O que eu espero é que os preços administrados pelo governo possam ser corrigidos pelo próprio governo e criarmos os mecanismos.

William Waack: A senhora está querendo que o governo desarme a bomba para a senhora? Que essa bomba cai no seu colo.

Marina Silva: Não, eu quero é que se tenha uma visão de país e não uma visão apenas das eleições. Essa visão tacanha de se pensar apenas em como vai ganhar o voto do cidadão e deixando a conta para depois, a conta da energia, a conta de todos os preços administrados, que senão a inflação estaria pior, isso não é a melhor governança. Eu fico impressionada como é que se sacrifica os recurso de milhares de anos por apenas uma eleição. É por isso que eu sou contra a reeleição. Eu estou dizendo que só vou ter um mandato de quatro anos, porque eu não quero governar pensando no que eu vou fazer para a próxima eleição. Eu quero governar pensando o que eu quero deixar para as futuras gerações e o que eu quero é um país que seja capaz de crescer, de fazer os investimentos, de ter credibilidade, de apostar em infraestrutura. Hoje nós perdemos quase 30% da nossa produção agrícola por falta de armazenamento, por falta de estrada, por fata de visão estratégica. Nós precisamos investir em educação de qualidade. Por isso que nós temos a proposta da educação integral de tempo integral. É ela que gera igualdade de oportunidade para que a gente possa ter um futuro para nossa juventude.

Christiane Pelajo: Candidata, a gente estava falando de energia e nós sabemos que as termelétricas salvaram o Brasil esse ano, mas o seu programa de governo ele fala em reduzir gradativamente o uso delas, porque elas poluem muito. A senhora vai mandar desligar as termelétricas, colocando em risco a luz na casa das pessoas em épocas em que hidrelétricas estão com baixo reservatório?

Marina Silva: Falando desse jeito tem um certo, uma certa simplificação do problema.

William Waack: Mas é o dilema do governante.

Marina Silva: Vamos pensar da seguinte forma. Nós hoje temos as termoelétricas como um recurso complementar quando os reservatórios baixam. Com um custo muito alto. Se nós estivéssemos já investido na geração distribuída de biomassa, por exemplo, utilizando o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, que é equivalente a três, quatro Belo Monte, com certeza nós teríamos uma energia, um megawatt/hora de R$ 200. Hoje, nós estamos com o megawatt/hora de R$ 1.000 a R$ 1.700. Você advoga isso como política e defende isso como meio da nossa matriz energética. Nós não podemos prescindir dessa fonte auxiliar, mas nós temos que buscar os novos investimentos. É isso que nós estamos propondo: ter uma matriz energética limpa, segura e diversificada, utilizando o grande potencial que o Brasil tem. Não faz sentido um país como o nosso não investir adequadamente em energia eólica, em energia solar. E, quando faz os investimentos, você tem a produção de energia eólica, mas não tem a forma como fazer a transmissão.

William Waack: Mas candidata, a senhora tem um nome internacional nessa discussão, uma discussão que a senhora conhece bastante bem. Por isso a senhora conhece bastante também as críticas que os especialistas fazem, toda vez que a energia eólica ou solar ou a biomassa, ou mesmo o etanol são mencionados nesse contexto. Os especialistas costumam dizer que são fontes suplementares. Portanto, não nos livram de um apagão, que se o Brasil tivesse crescendo, estaria provavelmente ai. Os especialistas estão errados?

Marina Silva: Olha, os especialistas também dizem que o Brasil pode avançar cada vez mais com fontes limpas de geração de energia. Eu não vejo nenhum especialista que advogue que nós tenhamos um modelo que vai sujar cada vez mais a nossa matriz energética. Nós temos uma grande fonte de geração que é a hidroeletricidade, 63% desse potencial está na Amazônia. Se os projetos tem viabilidade econômica, viabilidade ambiental e viabilidade social, é fundamental que se faça esses projetos. Mas é preciso avançar, é preciso fazer os novos investimentos. A China tá fazendo isso, a Alemanha tá fazendo isso, o mundo inteiro está investindo nas fontes renováveis de geração de energia. O Brasil, que tem a vantagem comparativa, infinitamente maior do que todos esses países, de ter as fontes naturais para a geração de energia, ele não está transformando esses meios em vantagens competitivas. Isso é falta de plano, de visão estratégica, é ficar preso aonde a bola está e não ir para onde a bola vai estar. É combinar as duas coisas. Eu repito, o pré-sal é importante, é uma fonte de riqueza, vamos utilizar os recursos para a educação, mas também para a ciência, para a tecnologia, para a inovação, para que o Brasil possa dar um passo à frente.

Christiane Pelajo: Candidata, muito obrigada pela sua entrevista. Uma boa noite para a senhora.

William Waack: Boa noite e obrigado.

Debate mostrou quem é a pedra no sapato da presidente


Nas duas vezes em que teve a oportunidade de fazer pergunta para outros candidatos, a presidente Dilma Rousseff escolheu Marina Silva. A candidata do PSB é a pedra no sapato de Dilma, ainda líder nas pesquisas, mas com diferença cada vez menor em relação ao segundo colocado.

O debate de ontem, à primeira vista, deixou a impressão de uma polarização entre Dilma e Marina, com Aécio Neves correndo por fora, no terceiro lugar, e não entre PT e PSDB, como estavam convencidas as direções dos dois partidos.

Merece registro, no entanto, a postura do candidato do PSDB. A não ser por uma breve menção às "contradições" de Marina, já no final do debate, Aécio, em geral, poupou a candidata do PSB e foi contundente nas críticas à presidente. Nem mesmo o formato do debate explica o fato de o terceiro não tentar desconstruir o segundo colocado.

Desde a época em que o candidato do PSB era Eduardo Campos o acerto com o PSDB, no segundo turno, era dado como favas contadas. Agora o PSDB começa a vislumbrar a hipótese de atacar a posição de Dilma Rousseff. Não foi por acaso que o candidato, mais do que no debate da Rede Bandeirantes, passou a falar em mudanças.

Marina, por seu turno, virou vidraça. Ela foi cobrada por Dilma a explicar como pretende abrir mão de receitas e ao mesmo tempo assegurar recursos para programas cuja execução chega à casa dos R$ 140 bilhões. "Não são promessas, são compromissos".

No decorrer da campanha ou no segundo turno, com tempo igual de televisão para os candidatos, Marina terá de encontrar explicações mais precisas que a realização de uma "política macroeconômica saudável".

Outro ponto que deve exigir mais satisfações de Marina é a questão da governabilidade: como a candidata pretende aprovar seus projetos no Congresso, sem contar com partidos fortes na retaguarda e uma ampla base de sustentação política.

Em alta nas pesquisas, é natural que Marina passe a ser referência nos debates. A presidente leva a desvantagem de ser atacada por todos os outros adversários e ter que ela própria investir contra Marina, o que nunca é um bom negócio, porque a palavra final cabe sempre a quem foi chamado a responder a pergunta. Se há alguma polarização visível e entre governo (Dilma) e oposição (todos os outros)

No centro do ringue, Marina sobreviveu. Estava calma, inclusive quando teve de responder à pergunta sobre quais empresas contrataram suas palestras. Não se destacou, mas também não cometeu nenhum erro capaz de comprometer seu crescimento nas pesquisas.

Aécio Neves bem que tentou levar o debate para a economia, especialmente para o fato de o país se encontrar numa "recessão técnica". Marina ainda falou em "contração", mas o assunto morreu por aí. No debate da Bandeirantes, Dilma tentou polarizar com Aécio e as "medidas impopulares" que ele se declarara disposto a tomar, para fazer um ajuste econômico. Ficou por aí.

Se alguém contava com o debate para definir o voto, deve esperar pelos próximos, dia 28, na Record, e no dia 2 de outubro na TV Globo.

Por Raymundo Costa | De São Paulo

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ideia de renúncia, para apoiar Marina, ronda Aécio Neves


SÃO PAULO - A ideia da renúncia seguida do apoio a Marina Silva ronda o candidato Aécio Neves, segundo reportagem exclusiva publicada no Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor. Seria a maneira de despachar o PT já no primeiro turno das eleições, sem correr o risco de uma eventual virada no segundo turno, algo que até hoje não ocorreu nas eleições, desde 1989, quando foi restabelecida a eleição direta para presidente da República.

Aécio tem prazos. Assim como o PT, o candidato do PSDB apostou na polarização e se deu mal. Contra a maioria das apostas no PSDB, Aécio ainda acredita numa resposta positiva do eleitorado, em meados de setembro, quando aposta que sua propaganda eleitoral começará a apresentar resultados. De qualquer forma, o programa de Aécio, cada vez mais, fala para Minas Gerais.

Mal na disputa presidencial, Aécio também enfrenta problemas em Minas, onde seu candidato ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, está comendo poeira no rastro de Fernando Pimentel, o único petista a liderar a corrida para o governo do Estado, nos quatro maiores colégios eleitorais. O próprio Aécio não tem o desempenho esperado em Minas. Em algum momento da campanha, o candidato terá de se concentrar na campanha mineira, de modo a assegurar sua base de apoio mineira para as próximas eleições.

Também não é certo, a esta altura, que se Aécio desistir e apoiar Marina a fatura será liquidada no primeiro turno. Hoje a presidente está consolidada no segundo turno, graças sobretudo ao forte apelo que seu nome mantém nas regiões Norte e Nordeste. O problema de Dilma é que ela não amplia nem para o primeiro nem para o segundo turno, conforme demonstram as últimas pesquisas.

É improvável que Aécio aceite algum tipo de acordo com Marina já no primeiro turno, mas o simples f ato de a proposta circular nas áreas afins ao candidato, eleitores fiéis que agora pensam no voto útil em Marina, dá uma ideia do tamanho do apoio que se delineia em torno da candidata do PSB. Na hora em que o PT perder a eleição, a disponibilidade dos o utros partidos para se aproximar será grande.

No segundo turno, a tendência do PSDB é apoiar Marina Silva e ajudá-la a governar, se ela for eleita, como apontam as pesquisas. Ao contrário do que aconteceu em 1992, quando era oposição e se recusou a compor com o governo Itamar Franco, o PT tem muitos interesses em jogo e deve pensar com mais receptividade a ideia de dar apoio congressual a Marina. O problema é que Marina se tornou a primeira opção ao PT. O mercado financeiro é parceiro de Marina porque não quer o PT no governo.

Nos cálculos dos políticos mais experientes, Marina não precisará compor com o PT. Ela pode fazer maioria tranquila com partidos médios e apoios nos maiores, mas, sobretudo, vai jogar luz sobre o Congresso. Marina terá uma agenda dura, para trazer as pessoas da rua, os manifestantes de junho. É evidente que haverá gente no Congresso tentando esconder com mão de gato, mas será muito mais difícil com uma relação transparente.

Dilma, no momento, tem maioria instável no Congresso. Pode-se afirmar que Marina deve ter uma minoria estável. Ela também vai contar com o apoio da mais tradicional sigla brasileira, o PG, o Partido do Governo, aquele que está com qualquer que seja o presidente no Palácio do Planalto. Mas a candidata do PSB também quer inverter a lógica adotada pela presidente para a nomeação dos ministros.

Assim, não será o PSDB, por exemplo, que vai dizer “eu quero fulano”. Marina vai escolher, até porque poderá dizer que não tem interesse na reeleição. É uma negociação que não está sobre a mesa. E quando fala que não quer disputar um segundo mandato, Marina Silva desarma os partidos e seus eventuais candidatos em relação a ela. Pode montar um ministério de melhor qualidade. Eduardo Campos, o candidato cuja morte virou de ponta cabeça a sucessão presidencial, era mais gestor e menos equipe. Marina, que o sucedeu, é menos gestora mas tem mais equipe

O PSDB deve declarar apoio a Marina Silva no segundo turno da eleição, se as pesquisas atuais forem confirmadas em 5 de outubro. A dúvida no entorno da candidata do PSB é sobre o apoio do PT. Afinal, Lula é candidato declarado em 2018. O fato de Marina não querer disputar um novo mandato ajuda um entendimento, se houver convencimento de que ela não cederá a pressões para permanecer, caso faça um bom governo.

A situação do PT hoje é muito diferente daquela vivida quando o partido teve de decidir se apoiava ou não Itamar Franco, após o impeachment de Fernando Collor. Não se trata simplesmente de uma questão de manter cargos, isso também existe, mas de projetos e políticas em andamento que são muito caras ao partido. Diz um integrante da coordenação da campanha de Dilma: “Na época do governo Itamar nós éramos oposição. Agora, com um monte de gente no governo, nós vamos ficar”.

Leia mais informações na coluna de Raymundo Costa na edição desta terça-feira do Valor.



sábado, 30 de agosto de 2014

Programa de Governo da Coligação Unidos pelo Brasil - Marina Silva Presi...

A "Parada Prolongada do Mantega" merece distinção do Conselho de Economistas.

É um verdadeiro tiro no pé a revelação do novo conceito de "Parada Prolongada"  da economia, lançado para a mídia, pelo Ministro Mantega. 


Se for parada, o Brasil já está pior que recessão, será que a economia parou? Por que não falou que é uma desaceleração da economia, esfriamento, contração, sei lá, algum conceito utilizado por economistas, não uma figura ridículo que pode depor contra ele mesmo?

Igual ao conceito utilizado pelo Presidente do BNDES, Luciano Coutinho de "acidente Histórico" de emprestar Parte importante do Patrimônio do Banco ao Eike Batista, que está dando um belo calote aos cofres públicos.

Outra foi a causas que deu para a queda do PIB, da Presidenta Dilma. Os feriados da Copa, pode?, quando precisamente era a Copa a que criaria novas condições para um novo crescimento da economia?. Os brasileiros somos esquecidos, mas não somos tolos.

Seguem abaixo todas as paradas que conheço. Não encontrei a do Mantega.



 Aqui pode parar
 Parada de ônibus
 Parada Gay
Parada em Russo

Parada Militar 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Marina defende superávit fiscal necessário para controlar inflação





RIO - O programa de governo da candidata à Presidência Marina Silva (PSB), divulgado nesta sexta-feira, estabelece como prioridade a “recuperação” do tripé macroeconômico. As propostas para economia têm como objetivo acalmar eventuais receios do mercado sobre as posições da ex-senadora sobre o assunto, embora o mercado financeiro já tenha se mostrado a favor da candidata.

O texto se compromete com metas de inflação sem “artificialismos”, superávit primário para assegurar o controle dos preços e o câmbio livre, sem intervenções do Banco Central, “salvo as ocasionalmente necessárias”. O objetivo é sinalizar ao mercado que as políticas fiscais e monetárias serão os instrumentos de controle de inflação de curto prazo.

O PSB ainda defende a independência institucional do BC. “Como em todos os países que adotam o regime de metas, haveráregras definidas, acordadas em lei, estabelecendo mandato fixo para o presidente, normas para sua nomeação e a de diretores, regras de destituição de membros da diretoria, dentre outras deliberações”, afirma o texto.

O programa cita a necessidade de acabar com “a maquiagem das contas, a fim de que elas reflitam a realidade das finanças do setor”. Além disso, propõe reduzir a dívida modificada - definida no texto como dívida bruta, menos reserva - para evitar manobras que contribuam para realizar gastos sem elevar o déficit primário ou o endividamento líquido do setor público.

Combustíveis

O programa defende ainda o equilíbrio de preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional. O objetivo é eliminar a defasagem dos preços que prejudica os resultados da Petrobras.

“No que diz respeito às estatais, o novo governo eliminará a prática de usá-las como instrumento de política macroeconômica. Isso muitas vezes gera grandes prejuízos para as empresas, como tem ocorrido com a Petrobras e a Eletrobras. Assim, equilibraremos os preços praticados por estatais para refletir custos e condições de mercado”, defende o programa da candidata.

O documento também defende a "revitalização" da produção de biocombustíveis no país. “A agroindústria da cana-de-açúcar para produção de etanol, açúcar e bioeletricidade não deve ficar a reboque da intervenção estatal, mas não pode ser sacrificada na sua capacidade de competir no mercado de combustíveis por causa de políticas de controle de preços da gasolina que desprezam seu valor real, considerados os preços do produto e do frete no mercado internacional e a taxa de câmbio”, afirma o documento.

Apesar de incentivar a recuperação do setor de biocombustíveis, o programa de Marina admite que o petróleo e derivados vão continuar importantes na matriz energética brasileira.

“Mesmo considerando os maiores esforços para a redução do consumo absoluto de combustíveis fósseis, o petróleo e seus derivados continuarão a ser fonte importante na matriz energética brasileira, dado que não há tecnologia para sua substituição no curto prazo”.

Datafolha: Marina sobe e empata com Dilma no primeiro turno



SÃO PAULO - Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira pelo Jornal Nacional da Rede Globo indica que a candidata Marina Silva (PSB) cresceu 13 pontos percentuais na intenção de voto e empatou com a presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa pelo Palácio do Planalto.

Marina, que tinha 21% no último levantamento, tem agora 34%. Dilma caiu dois pontos e aparece com os mesmos 34% da ex-senadora.

Aécio Neves (PSDB) perdeu cinco pontos e está com 15% das preferências.


Essa foi a segunda pesquisa feita pelo instituto Datafolha depois da morte do candidato Eduardo Campos, em 13 de agosto.

Pastor Everaldo (PSC) tem 2% e os demais candidatos não pontuaram. Votos em branco e nulos somam 7%. Os que não sabem também totalizam 7%.

Marina venceria no segundo turno

Em simulação de segundo turno contra Dilma, Marina venceria a disputa por dez pontos de diferença, 50% a 40%. Na hipótese de Dilma contra Aécio, a petista teria 48% e o tucano, 40%.





O levantamento foi encomendado pela Rede Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo”. O Datafolha ouviu 2.874 eleitores em 178 municípios nos dias 28 e 29 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número BR-00438/2014



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Só primeiro tempo




FGV: Índice de Confiança de Serviços tem menor nível desde 2009


Por São Paulo | Valor


Pelo oitavo mês consecutivo, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) da Fundação Getúlio Vargas registrou queda, ao variar -3,1% entre julho e agosto de 2014, considerando-se dados com ajuste sazonal. Com o novo recuo, o índice atingiu 104,0 pontos, o menor nível desde abril de 2009 (103,4 pontos).

A piora da confiança no mês foi determinada pelas expectativas dos empresários em relação aos meses seguintes, cujo índice, que havia avançado 4,3% em julho, recuou 5,7% em agosto, a maior perda mensal desde novembro de 2008 (-11,4%). Já o Índice da Situação Atual subiu 0,8%, após recuar 7,2% no mês anterior. “A queda acentuada nas expectativas, após dois meses de crescimento, combinada a uma recuperação apenas discreta na avaliação das empresas do setor sobre o momento atual, reforça os sinais de um cenário de baixo crescimento até o fim do ano”, avalia, em nota, Silvio Sales, consultor da FGV/Ibre.

Além de forte, a queda do Índice de Expectativas foi disseminada entre os setores, atingindo os 12 segmentos pesquisados e os dois quesitos que o integram. O indicador que mede as expectativas em relação à demanda apresentou queda de 6,3%, frente ao mês anterior. A proporção de empresas projetando aumento da demanda nos três meses seguintes diminuiu de 37,4% para 31,9% entre julho e agosto, enquanto a parcela de empresas sinalizando diminuição passou de 9,7% para 12,3%, no mesmo período.

O quesito que mede o grau de otimismo em relação à tendência dos negócios recuou 5,1% em relação ao mês de julho. A proporção de empresas esperando melhora da situação dos negócios para os próximos seis meses caiu de 37,4%, em julho, para 32,7%, em agosto; e a das que esperam uma piora passou de 9,4% para 11,2% no mesmo período.

Já a ligeira melhora da avaliação sobre a situação atual também foi disseminada entre os 12 segmentos. O quesito que mais influenciou positivamente o indicador agregado foi o volume de demanda atual, que subiu 5,6%, após recuar 8,6% em julho.

A evolução do Índice de Confiança dos Serviços de agosto dá prosseguimento à tendência de redução do nível de confiança iniciada em janeiro deste ano, diz a FGV. “Passados os efeitos negativos da Copa do Mundo sobre o nível de atividade corrente, a reação observada em agosto no Índice da Situação Atual foi bastante moderada. Pelo lado das expectativas, a elevação observada em junho e, especialmente, em julho, não se confirmou, e o índice voltou a cair”, afirma a entidade.

Proteção garantida

Maioria no TCU barra bloqueio dos bens de Graça  

A presidente da Petrobras, Graça Foster, esteve perto de se livrar, ontem, do bloqueio de seus bens pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Citada entre os responsáveis pelo prejuízo com a compra da refinaria de Pasadena (EUA), Graça já contava com a maioria dos votos do plenário quando o ministro Aroldo Cedraz pediu vistas do processo, adiando pela terceira vez uma decisão sobre o caso. Ainda assim, a presidente Dilma Rousseff comemorou o resultado, que só pode ser revertido no caso de algum ministro do TCU mudar de opinião.

Relator do processo, o ministro José Jorge reiterou o voto em favor da indisponibilidade patrimonial de Graça. Ela é citada como uma das responsáveis pela postergação de uma decisão arbitral da justiça americana, que segundo o TCU deu prejuízo de US$ 92,3 milhões à Petrobras. Porém, cinco dos oito ministros entenderam que a postergação foi uma decisão gerencial em defesa do patrimônio da companhia e que o bloqueio dos bens era uma medida extrema.

Tais argumentos, porém, só vieram à tona após o périplo feito no TCU pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Escalado pelo governo para defender os atuais diretores citados no processo de Pasadena, Adams visitou individualmente cada ministro. Na saída da reunião de ontem, apesar de a "absolvição" de Graça ainda não ter sido oficializada, ele comemorou o resultado. "O TCU fez justiça à Petrobras", disse Adams.

Informada do resultado, a presidente Dilma Rousseff seguiu a mesma linha do AGU: "Acho que se fez justiça se a maioria do TCU decidiu. Sempre declarei que Graça Foster tinha sido objeto disso por seus méritos", disse Dilma. "Fico feliz com a informação".

A plenária contabilizava cinco votos favoráveis à presidente da Petrobras quando houve o pedido de vistas. Mesmo que Cedraz votasse contra Graça, ela se livraria da sanção. A votação já havia sido paralisada na semana passada, quando o TCU tomou conhecimento de que Graça e o ex-diretor Nestor Cerveró tinham doado imóveis a parentes depois de o processo de Pasadena já ter começado. No entanto, cinco ministros argumentaram que o repasse dos imóveis foi registrado antes do bloqueio patrimonial dos demais diretores, anunciado pelo TCU em 23 de julho. (Colaboraram Bruno Peres e Andrea Jubé)

Saiu o Ministro Negro, agora o prêmio para os Lewandowski´s

STF aprova projeto para elevar salário dos ministros e da magistratura



SÃO PAULO - O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou nesta quinta-feira o encaminhamento de um projeto de lei que passaria para R$ 35.919 o salário dos ministros da Corte a partir de 2015. Atualmente, os ministros ganham R$ 29.462 - valor considerado o teto do funcionalismo público. A proposta será encaminhada ao Congresso Nacional como projeto de lei do STF.

O projeto foi apresentado pelo presidente eleito do STF, Ricardo Lewandowski, após a sessão plenária desta tarde, quando já não havia mais transmissão das discussões pela TV Justiça. Ele justificou que o aumento seria para recompor perdas inflacionárias de 2009 a 2013. "O projeto foi o resultado de um escrupuloso cálculo", disse o ministro.

O projeto foi aprovado pelos demais integrantes da Corte sem discussão. Se aprovada, a proposta terá impacto nos vencimentos de toda a magistratura e em diversas carreiras do funcionalismo cujos salários tomam como base o valor recebido pelos ministros do STF.
(Maíra Magro | Valor)






Por Maíra Magro | Valor

Com arranhões, Marina sai ganhando de entrevista na TV

Kennedy Alencar

Postado por: DANIELA MARTINS


O comentário no “Jornal da CBN” analisou a entrevista de Marina Silva, candidata do PSB à Presidência da República, ao “Jornal Nacional”, da Rede Globo. Marina manteve a calma e um tom de voz firme. Não se intimidou com questões duras.

A candidata defendeu a legalidade do uso do jato que ocasionou a morte de Eduardo Campos e mais seis pessoas. Afirmou que era um empréstimo e que as horas de voo seriam contabilizadas e ressarcidas pela campanha ao final das eleições, como permite a lei. Mas disse que não tinha conhecimento das questões de propriedade da aeronave, que envolvem empresas laranjas. Também não apresentou documentos de empréstimo. A resposta foi incompleta. Esta continua sendo uma questão que precisa ser mais bem esclarecida.

Questionada sobre a posição que alcançou no Acre nas eleições de 2010, Marina utilizou um argumento razoável. Havia uma forte polarização entre PT e PSDB e ela ficou em terceiro lugar, como na média nacional. Ela lembrou fatos de sua trajetória política e usou frases de efeito como “minha vida nunca é fácil”.

As contradições entre Marina e seu vice, Beto Albuquerque, são pertinentes e foram bem abordadas na entrevista. Elas jogam dúvidas sobre quais seriam, de fato, as diferenças entre a “nova política” e a “velha política”. Mas, politicamente, Marina se saiu bem em uma entrevista difícil.

Outro tema comentado foi a manchete da Folha de S. Paulo que diz que Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, pagou multa para evitar uma investigação da Receita Federal sobre sua evolução patrimonial. É um assunto que preocupa o governo e o PT. A Petrobras já está no centro do debate eleitoral devido à operação Lava Jato e à compra da refinaria de Pasadena. Uma investigação que envolva o Banco do Brasil pode significar munição para a oposição falar em eventuais aparelhamento e corrupção em outro órgão estatal. Tudo o que a campanha da presidente Dilma Rousseff não quer é abrir outra frente de batalha no momento em que Marina Silva cresce nas pesquisas e aparece com chances de vencer no segundo turno.

‘Dilma firme e forte’, diz site oficial sobre o Ibope. A conferir!


No site oficial da campanha de Dilma Rousseff, a perspectiva tornou-se uma patologia ótica. O comitê da candidata petista enxerga os dados da última sondagem eleitoral de forma muito peculiar: “A mais nova pesquisa do Ibope, divulgada nesta terça-feira (26), mostra que a presidenta Dilma segue firme na liderança”, anota o comitê. “Dilma tem 34% dos votos, à frente dos dois adversários mais próximos, Marina Silva (29%) e Aécio Neves (19%).”

A paisagem alterou-se drasticamente. Onde havia um Eduardo Campos com 9% entrou uma Marina a cinco pontos dos calcanhares de Dilma, que caiu quatro posições. Mas é lento o processo de acomodação ótica da equipe da campanha de Dilma.

O Ibope atribuiu ao governo Dilma uma taxa de aprovação mixuruca: 34%. Contudo, a gestão se agiganta no mundo maravilhoso do site de campanha: “o percentual dos brasileiros que avaliam favoravelmente o governo Dilma é de 70% (34% de ‘ótimo/bom’, somados aos 36% que consideram o governo ‘regular’).”

Lida de forma convencional, a pesquisa do Ibope informa que, se a eleição fosse hoje, Marina prevaleceria sobre Dilma no segundo turno por 45% a 36%. Mas o site do comitê central não enxergou esse pedaço do levantamento. Natural. A paisagem é um hábito visual. Só começa a existir depois de um milhão de olhares.

Na noite desta segunda-feita, o alto comando do PT e do governo se reúne no Palácio da Alvorada para analisar a conjuntura com Dilma. Supunha-se que buscariam saídas para a encrenca em que se meteram. Bobagem. A julgar pelo teor da nota veiculada no site da campanha, é melhor verificar o estoque de champanhe da residência oficial. Como diria Ivete Sangalo: vai rolar a festa!

Josias de Souza