quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Fala porque sabe





segunda-feira, 4 de agosto de 2014

BNDES faz papel que mercado não cumpre, afirma Kregel



Kregel: cenário em que nenhuma empresa 
pode arcar com juro de longo prazo

Ao se manter como praticamente a única fonte de recursos para o financiamento de longo prazo da economia brasileira, o BNDES cumpre o papel que o mercado de capitais e o setor privado não desempenham. A afirmação é do americano Jan Kregel, acadêmico do Levy Economics Institute e ex-consultor da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

"O BNDES não está ocupando o espaço dos bancos, porque eles não estão lá e não querem, porque é um negócio muito arriscado", disse Kregel, em entrevista ao Valor. Crítico das altas taxas de juros, "as mais altas no mundo e na história", o economista credita as dificuldades no desenvolvimento de um mercado de longo prazo à maneira como o país superou o problema da hiperinflação.

"Se eu fosse banqueiro no Brasil e me perguntassem se gostaria de emprestar por 20 ou 30 anos a uma empresa ou para o governo, a resposta seria óbvia", diz Kregel, que participou nesta semana de seminário sobre bancos de desenvolvimento, no Rio.

A forte expansão do BNDES após a crise financeira, sustentada por sucessivos empréstimos do Tesouro, é questionada por analistas. A principal crítica é sobre o custo da operação para os cofres públicos, já que os financiamentos têm taxas mais baixas do que a dívida assumida pelo governo, o que representa um subsídio às empresas.

Para Kregel, o problema não está na atuação do BNDES, mas na taxa básica de juros da economia. "Na estrutura atual, os bancos precisariam cobrar uma taxa tão alta nos empréstimos de longo prazo que nenhuma empresa teria condições de pagar", afirma. Nesse cenário, a presença do banco público como praticamente a única fonte de recursos se faz necessária.

O desenvolvimento do mercado de capitais, que poderia se tornar uma alternativa para o financiamento privado, foi prejudicado pela crise com derivativos cambiais em 2008, segundo Kregel. "E quem precisou atuar para evitar um problema ainda maior na época foi justamente o BNDES", diz.

Questionado sobre como o governo poderia reduzir os juros sem provocar pressões inflacionárias, Kregel defendeu mecanismos de controle de capitais. Assim, seria possível reduzir a volatilidade cambial, que para ele é o principal combustível da inflação.

O acadêmico também vê como positiva a política de empréstimos do BNDES a grandes empresas exportadoras, ainda que a maior parte delas tenha acesso a recursos no mercado de capitais internacional. Embora defenda o controle de capitais, ele diz que, se o Brasil pretende continuar a ser uma economia aberta, precisa ter um fluxo de recursos em moeda estrangeira mais estável.

"E a criação de plataformas de exportação é a forma mais viável de se fazer isso", diz, ao lembrar que os principais bancos de desenvolvimento internacionais prestam esse tipo de apoio às empresas com atuação fora de seus países.

Kregel aponta como uma fragilidade do país a dependência das commodities. Os superávits comerciais obtidos ao longo da década passada, sustentados pela alta no preço das matérias-primas, proporcionou uma falsa sensação de riqueza.

"De uma maneira crua, programas sociais como o Bolsa Família e a política de aumento do salário mínimo foram financiados pela soja", afirma. Kregel provocou polêmica quando disse, ainda em 2006, que o crescimento do país nos anos anteriores era uma bolha sustentada pela alta das commodities.

Com a recente piora nos termos de troca (relação entre preços de exportação e de importação), sustentar esses programas se tornou uma missão mais difícil para o país, diz Kregel. Realizar um ajuste fiscal, conforme defendem parte dos economistas, não soluciona a questão. "Um ajuste fiscal não vai mudar os termos de troca do Brasil e pode piorar o problema da economia", diz.

Para Kregel, a saída para o país é investir na melhora da produtividade da economia e apostar no crescimento interno.

Por Vinícius Pinheiro | De São Paulo

domingo, 3 de agosto de 2014

Fogo amigo




"O que o banco [Santander] escreveu é bobagem, mas suas consequências, não. A partir da politização do caso pelo governo e da demissão pelo banco do analista que produziu o relatório, ninguém mais vai acreditar em qualquer informe de banco sobre a economia brasileira".



Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, em entrevista ao programa Canal Livre, da BAND.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Só agora souberam


PT-SP expulsa deputado suspeito de elo com o PCC por unanimidade




SÃO PAULO - O comando do diretório estadual do PT de São Paulo decidiu de forma unânime nesta sexta-feira expulsar do partido o deputado estadual Luiz Moura, suspeito de ligação com a organização criminosa PCC. O PT afirmou que a partir desta sexta-feira (4) o deputado não faz mais parte de seu quadro.

O diretório estadual reuniu-se pela manhã e referendou decisão tomada ontem pela Executiva estadual. Os 41 membros do diretório com direito a voto foram à reunião e votaram pela expulsão, em decisão unânime. O PT tenta evitar mais desgaste à imagem do partido e à candidatura de Alexandre Padilha ao governo estadual.

O parlamentar petista foi flagrado em investigação da Polícia Civil, em março, ao participar de reunião de perueiros em que havia suspeitos de integrar o PCC. Moura também é alvo de investigação do Ministério Público Estadual por supostamente participar de lavagem de dinheiro do crime organizado. O deputado foi sócio de uma empresa de transporte de passageiros suspeita de lavar dinheiro para o PCC, segundo apuração coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Moura nega as acusações.

No começo de junho, o PT suspendeu o parlamentar por 60 dias para investigar o caso e negou legenda para que concorresse a um novo mandato como deputado estadual. Diante da gravidade das suspeitas, a executiva estadual decidiu conduzir a investigação.

Moura recorreu à Justiça para concorrer à reeleição e pediu até mesmo a suspensão da convenção do PT, que lançou Alexandre Padilha na disputa estadual. Por via judicial, o deputado conseguiu reverter a decisão do partido, obteve o número 13.800 para concorrer e mantém a campanha por um novo mandato.

Para evitar novas contestações judiciais, o PT deu prazo de 10 dias a partir do dia 18 para que Moura apresentasse sua defesa. O comando do partido disse que Moura não se defendeu da forma adequada e votou pela expulsão.

Além das denúncias de suposta ligação com o PCC, Moura tem um passado conturbado: foi condenado por assalto a dois supermercados em 1993, escapou da cadeia e viveu 10 anos como foragido.



Por Cristiane Agostine | Valor