domingo, 23 de junho de 2013

Agora é terceirizar a responsabilidade de governar

A presidente Dilma Rousseff se reunirá nesta segunda-feira com os governadores e prefeitos de todo o país para discutir o pacto nacional pela melhoria dos serviços públicos.

A proposta do encontro foi apresentada em pronunciamento feito em rede nacional nesta sexta-feira, em resposta às manifestações que sacodem o Brasil há duas semanas.
Dilma convidou para o encontro, previsto para acontecer às 16h (horário de Brasília), os governadores dos 27 Estados e os prefeitos das capitais, afirmaram à Agência Efe porta-vozes da Presidência.

No encontro, no qual estará presente grande parte do gabinete da presidente, será o primeiro em que a governante abordará o Pacto Nacional pela melhoria dos serviços públicos proposto na sexta-feira.

Dilma disse que discutiria as medidas com os governadores regionais e municipais, assim como com os líderes das organizações que vêm convocado os protestos.

"Vou receber os líderes das manifestações pacíficas, de sindicatos e associações populares", pois "precisamos de todas suas contribuições, reflexões e experiências", afirmou então.

É o modelo que entrou em crise e faz água!.

'Querem faturar com protestos', diz Marina Silva




Enquanto conversava com a Folha por telefone, na quinta-feira passada, a ex-ministra Marina Silva acompanhou, pela TV, as imagens da manifestação que transcorria em Brasília naquela noite: "Meu Deus, a polícia está batendo nas pessoas. Deve estar cheio de gente que eu conheço", afirmou.

Ela disse que se colocava no lugar das mães "desses meninos". Jovens que, segundo ela, colocaram em prática um "ativismo autoral" sobre o qual vem falando "há mais de três anos", e que é uma das bandeiras da "Rede Sustentabilidade", partido que tenta criar para voltar a disputar a Presidência em 2014.Folha - A sra. vem falando sobre um "ativismo autoral" presente nas manifestações. Sente-se satisfeita com elas?

Marina Silva - Isso é tão grande que seria pretensioso [dizer isso]. Falando com você, estou emocionada. Poxa vida, eu queria muito que o Chico Mendes estivesse vivo, ele entenderia como ninguém o que estou sentindo agora, de poder ter pensado nisso [antes]. E uma demanda que eu vejo oculta é a de um realinhamento político por uma agenda para o Brasil. Parar de o PT querer governar sozinho pegando o que há de pior no PMDB, e a mesma coisa o PSDB. Se continuar no mesmo discurso, vamos continuar indignos dessas manifestações.

O que achou de partidos terem se manifestado após a revogação dos reajustes das tarifas, capitalizando os resultados?

É difícil falar. Me desculpe, mas é ridículo. Você tem a água cavando seu leito na terra e, quando ela transborda depois desse esforço, vê aqueles que querem surfar na onda. Não entenderam nada, não aprenderam nada.

A Rede, que divulgou comunicado dizendo que seus ativistas continuarão "presentes nessas horas", também não pode ser criticada?

Podem até dizer, porque o movimento é tão grande que as pessoas não têm a obrigação de saber que estamos nisso desde sempre. Não registrar que foi uma vitória seria injusto com os milhares e milhares da Rede. A gente nunca levou camisa, bandeira. Todo mundo da Rede que está aí legitimamente opera nessas manifestações, mas ela é multicêntrica. Se você vir as velhas bandeiras querendo surfar, faturar, a Rede é completamente diferente.

Qual acredita ser o seu papel diante desse movimento?

Meu papel é de mais um. A água que cava seu leito faz isso se misturando com a terra. Eu sou mais um nessa mistura de água e terra.

Mas também é uma liderança carismática capaz de juntar pessoas em torno de uma causa, inclusive a de poder voltar a disputar a Presidência...

Tenho dito que quero usar meu carisma para convencer as pessoas de que não dependam do carisma, que não acreditem que tem salvadores da pátria. A pátria é uma construção de todos nós.

A Rede defende a quebra do monopólio dos partidos na política. Não é contraditório formar um partido?

A Rede é um cavalo de Troia. Estamos antecipando o que seria essa nova institucionalidade política. Em vez de ser um partido para que os movimentos fiquem a serviço dele, somos um partido a serviço desses movimentos.

Como a Rede pode atrair esses movimentos, já que causas ambientais não aparecem com veemência nos protestos?

É um erro querer instrumentalizar esse movimento. Seria contraditório com tudo o que tenho dito. A juventude não é atraída por ninguém. Ela é que se atrai e acha ridículo pessoas cheias de cacoetes querendo parecer com eles. Aqueles que têm mais experiência, em lugar de quererem ser donos da ação, deveriam se colocar no lugar de mantenedores de utopias.

Que similaridades vê entre a Rede e esses movimentos?

A Rede tenta ajudar com a atualização do processo político. Nosso esforço está sendo tolhido agora no Congresso. Em vez de os partidos se repensarem, tentam nos sufocar. É muito difícil, porque a característica da estagnação é que as pessoas não veem que estão na estagnação.

A votação do projeto que inibe novos partidos pode ser protelada no Senado, para não dar tempo de questionamento de sua constitucionalidade?

É uma injustiça, mas espero que comecem a entender que o país está mudando. A democracia não é um valor pra ser usado quando algo me beneficia. A base do governo está fazendo com a gente o que tentaram fazer com o PT e a gente reclamava tanto.


sábado, 22 de junho de 2013

Dilma não traz novidades, faz ameaça e comete erros de informação



O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff nesta noite de sexta-feira (21.jun.2013) não trouxe nenhuma novidade a respeito do posicionamento do governo federal sobre as manifestações de rua. O mais notável foi seu tom de ameaça em vários trechos quando falou que o governo não vai “transigir” com atos de violência.

Mas o que fez o governo até agora? Há quase duas semanas que as principais cidades do país têm ficado paralisadas no final da tarde.

Como o Brasil é um país conservador, talvez o pronunciamento da presidente possa ter algum efeito tranquilizador em parte da população. Foi uma gravação realizada da forma mais conservadora possível. Em frente a um fundo de madeira, ela usando um blaser de tom amarelo acabou lendo no teleprompter por 9 minutos e 43 segundos. É uma fala muito longa sob qualquer métrica possível. Mas Dilma não tinha saída.

Como a presidente raramente dá entrevistas formais para mídia (exceto para falar de novelas ou “faits divers”), quando fala é necessário ficar descrevendo uma lista sem fim do que considera útil dizer para a população –mesmo que o governo já gaste mais de R$ 1 bilhão por ano em propaganda.

Em certa medida, o pronunciamento de Dilma tenta recuperar o tempo perdido por ela nos últimos dois anos e meio. Sobretudo quando chegou a dizer que vai se esforçar agora para incentivar uma “ampla reforma política”. Essa expressão “reforma política” chega a provocar ataques de narcolepsia em quem acompanha o mundo do poder aqui em Brasília. Basta haver um problema de qualquer ordem no país que o presidente de turno fala sobre a necessidade de uma… reforma política. Passa a crise ou arrefecem os seus efeitos, a reforma política nunca sai.

Por que Dilma nunca falou sobre a necessidade de uma reforma política antes? Foi pega de surpresa agora?

Em outro trecho do pronunciamento, a presidente faz uma confusão com algo que ela própria patrocinou. Diz que a Lei de Acesso à Informação “deve ser ampliada para todos os poderes da República e instâncias federativas”. Como assim, ampliada? A lei já vale para todos os Poderes e para governos estaduais, prefeituras e União.

Talvez até de maneira inadvertida, Dilma acabou passando um pito em cadeia nacional de TV em prefeitos e governadores –que, de fato, cumprem de maneira precária a Lei de Acesso. E o que dizer da própria presidente, que acaba de decretar sigilo sobre todas as informações de gastos de suas viagens ao exterior? Como ela própria disse “a melhor forma de combater a corrupção é com transparência e rigor”. Pois é.

Em resumo, quem redigiu e copidescou o pronunciamento não estava muito familiarizado com o governo de Dilma Rousseff. E a própria presidente não fez a revisão necessária daquilo que leu no teleprompter. É desagradável quando ocorrem tantos descuidos em um texto para o qual a petista e sua equipe de marketing tiveram dois dias para produzir.

Sobre a Copa do Mundo e seus gastos, Dilma usou outra verdade pela metade para tentar conter a irritação dos indignados que foram à rua protestar. A presidente afirmou que todos os gastos para construir estádios e outras obras são empréstimos que serão pagos pelas empresas e Estados que receberam esse dinheiro. Não é bem assim. Tem muito dinheiro público, do BNDES, com juros que são subsidiados por todos os brasileiros.

Mesmo que as empresas e Estados paguem esses empréstimos (se é que vão pagar), terão recebido um grande benefício por causa dos juros camaradas. E mais: a maioria dos recursos foi para governos estaduais. Ou seja, se esses governos pagarem, ainda assim terá sido usado dinheiro público –portanto a presidente tergiversou ao dizer que não usaria fundos estatais. Já usou.

A suntuosidade das obras da Copa é um dos poucos pontos de consenso na irritação de quem têm ido às ruas protestar. Há uma sensação forte de que tudo foi feito apenas para turistas e a elite usarem.

Dilma também anunciou que convidará governadores e prefeitos de grandes cidades para aperfeiçoar as instituições e anunciar novos planos de ação.

Por exemplo, o Plano Nacional de Mobilidade Urbana. Agora? A menos de um ano da Copa do Mundo?

E os prefeitos e governadores em Brasília? Esse tipo de reunião é tão improdutiva como a do ministério de Dilma –que com 39 integrantes precisaria de mais de um dia de reunião se todos falassem por meia hora.

Tudo considerado, não dá para dizer que Dilma cometeu o mesmo erro de Fernando Collor (que em 1992 pediu aos brasileiros que se vestissem de verde e amarelo e todos usaram preto). Ainda assim, o resultado parece ter ficado longe do que a presidente precisaria para tentar recuperar a autoridade perdida nos últimos dias.

Fernando Rodrigues



A presidente ainda não se deu conta



Dilma Rousseff fez um pronunciamento administrativo-eleitoral. Como presidente, separou manifestante de baderneiros. Prometeu ouvir os primeiros e reprimir os segundos. Como candidata à reeleição, ela dividiu com executivos estaduais e municipais a culpa pela raiva das ruas. E insinuou que só não faz mais porque não deixam. Foi assessorada pelo jornalista e ex-ministro Franklin Martins e pelo marqueteiro João Santana.

Instituições e governos precisam mudar, reconheceu uma Dilma mais humilde do que o habitual. Por isso, vai “conversar com os chefes de outros poderes”. Deseja “somar esforços”. De resto, convidará governadores e prefeitos das principais cidades para propor “um grande pacto.”

Pacto para quê? Para fazer andar projetos que o governo já apresentou e os outros não permitiram que caminhassem: plano nacional de mobilidade urbana (depende de convênios com prefeituras), destinação de 100% dos dividendos do pré-sal para a educação (o Congresso demora-se em aprovar) e a importação de milhares de médicos do exterior para “ampliar” o atendimento do SUS (entidades de classe, congressistas e prefeitos torcem o nariz para a ideia).

No campo administrativo, a pauta de Dilma é acanhada. Não faz jus à grandiosidade da raiva insinuada na presença de mais de 1 milhão de insatisfeitos nas ruas. Na seara política, a presidente-candidata soou desconexa. Os manifestantes informaram que não toleram a corrupção, ela reconheceu, antes de acrescentar: “Todos me conhecem. Disso não abro mão.” Heim?!? Em 2011, Dilma fez a pseudofaxina. Em 2012, negociou com os ‘faxinados’ a devolução dos ministérios violados aos partidos violadores.

Em resposta ao apartidarismo dos manifestantes, Dilma disse que não há democracia sem partidos e votos. Verdade. Em seguida, declarou que é preciso “oxigenar” o sistema. Chefe de um governo fisiológico, que acaba de trocar o tempo de propaganda televisiva do PSD por uma vaga de ministro para o ex-inimigo Guilherme Afif Domingos, Dilma prometeu empenhar-se pela reforma política.

Na próxima manifestação, a rapaziada talvez grite: ‘Fala sério!’ A propósito, Dilma disse que receberá os “líderes” do movimento que encheu as ruas. Ganha um passaporte para a felicidade quem disser o nome do responsável pelos protestos que explodiram de Norte a Sul. A presidente ainda não se deu conta. Mas quem enviou os manifestantes ao meio-fio não foi um grupo de líderes, mas um sentimento.

Josias de Souza


Vamos importar milhares de médicos, grande vergonha

Em 10 anos o Governo não conseguiu formar profissionais da saúde,  para atender as demanda. 

Em vez de criar competência endógena nestes 10 anos de governo Lula/Dilma, se opta por importar médicos. Em vez de aumentar a qualidade da educação e ampliar as vagas nas universidades, o governo vai comprar médicos fora do País. A Presidente (a) já falou com os profissionais de saúde? Conhece a experiência dos médicos cubanos que foram para Venezuela?. E os que foram para o Haiti. 


Brasil vive a mesma situação educacional do Haiti? Seria passar um atestado de total incompetência.