quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Qualquer semelhança é so coincidência, mas não é Brasil



SISTEMA EDUCATIVO EN JAPON

 
Para ponerse a pensar: ¿Vale la pena continuar con obsoletos modelos educativos... o uno debe ser un ciudadano del mundo sin sectarismos donde la globalización sea inclusiva?

Se esta probando en Japon, un revolucionario plan piloto llamado Cambio Valiente (Futoji no henka)

Basado en los programas educativos Erasmus, Grundtvig, Monnet, Ashoka y Comenius

Es un cambio conceptual que rompe paradigmas.
Es tan revolucionario que forma a los niños como Ciudadanos del mundo no como japoneses.

·         En esas escuelas no se rinde culto a la bandera, no se canta el himno, no se vanagloria a heroes inventados por la historia.
·         Los alumnos ya no creen que su pais es superior a otros por el solo hecho de haber nacido alli­.
·         Ya no iran a la guerra para defender los intereses economicos de los grupos de poder, disfrazados de patriotismo.
·         Entenderan y aceptaran diferentes culturas.
·         Y sus horizontes seran globales, no nacionales.

Imaginese que ese cambio se esta dando en uno de los pai­ses mas tradicionalistas, nacionalistas y machistas del mundo!

El programa de 12 años, esta basado en los conceptos:

·         Cero patriotismo.
·         Cero materias de relleno.
·         Cero tareas.
·         Y Solo tiene 5 materias, que son:

1.  Aritmetica de Negocios.  Las operaciones basicas y uso de calculadoras de negocio.
2.  Lectura con profunda comprension de la misma. Empiezan leyendo una hoja diaria del 
libro que cada niño escoja, y terminan leyendo un libro por semana.
3.  Civismo. Pero entendiendo el civismo como el respeto total a las leyes, el valor civil, la etica, el respeto a las normas de convivencia, la tolerancia, el altruismo, y el respeto a la ecologi­a.
4.  Computacion. Office, internet, redes sociales y negocios on-line.
5.  4 Idiomas, Alfabetos, Culturas y Religiones: japonesa, americana, china y arabe, con visitas de intercambio a familias de cada paí­s durante el verano.

¿Cual sera la resultante de este programa?
 
Jovenes que a los 18 años hablan 4 idiomas, conocen 4 culturas, 4 alfabetos y 4 religiones.

·         Son expertos en uso de sus computadoras.
·         Leen 52 libros cada año.
·         Respetan la ley, la ecologi­a y la convivencia.
·         Manejan la aritmetica de negocios al dedillo.

¿Contra ellos van a competir nuestros hijos?
,

·         Jovenes que medio hablan español u otro idioma natal solo a medias (pura jerga wey)
·         Tienen pésima ortografia (i komo ke esta weno esto wey)
·         Pero que si se saben los nombres de los artistas de farándula o la fórmula de las drogas.
·         Apenas pueden memorizarse unos cuantos verbos en inglés u otro idioma que pretenden aprender.
·         Son expertos en copiar los exámenes de historia, filosofi­a, matemáticas, biologi­a, fi­sica y muchas otras asignaturas que solo quedan en

TEORIA PURA  que RARA VEZ LE SERAN UTILES EN SU VIDA PERSONAL O PROFESIONAL.

Aí é que acabam os princípios do PT e a sigla assume sua verdadeira identidade

Partido de Kassab 'possui' 5 milhões de votos, diz TSE

Montante foi obtido em 2010 por políticos que, no ano seguinte, foram para o PSD
Número é argumento da legenda para pleitear mais recursos do Fundo Partidário e ampliação do tempo de propaganda 

O prefeito Gilberto Kassab brinca com garoto durante vistoria em obras da região da cracolândia, em SP

Rivaldo Gomes/Folhapress

Estudo do Tribunal Superior Eleitoral aponta que o PSD (Partido Social Democrático) reúne políticos que disputaram vagas de deputado federal em 2010 e receberam 5,1 milhões de votos.

A legenda seria a sétima maior do país se existisse à época da última eleição.

Esse dado será considerado para que o TSE conceda ou não à agremiação acesso ao dinheiro do Fundo Partidário, uma das maiores fontes de receita das siglas.

Idealizado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSD recebeu seu registro definitivo no ano passado. Como nunca disputou uma eleição, tem direito apenas a uma parcela mínima do fundo (R$ 18,5 mil por mês) e alguns segundos do tempo de TV e de rádio durante eleições.

O partido tenta reverter a situação na Justiça Eleitoral. Se tiver sucesso, passará a receber cerca de R$ 1,6 milhão por mês do Fundo Partidário -calculado de acordo com o número de votos obtidos por candidatos a deputado federal (eleitos e não eleitos).

Em seguida, o PSD entrará com uma ação para também obter o tempo de TV, nesse caso com base no número de deputados eleitos.

A tese do partido de Kassab é simples. O TSE criou em 2007 a norma da fidelidade partidária: mandatos eletivos passaram a pertencer aos partidos. A partir daí, quem se desligou de uma legenda correu o risco de perder o cargo.

Mas há exceções. Uma delas é que o político pode deixar uma sigla para fundar uma nova. "Se a própria Justiça diz que um político pode sair do partido pelo qual foi eleito e fundar um novo, parece natural que esse político leve consigo os votos que obteve", diz o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz.

De 2007 para cá, pós-regra da fidelidade partidária, só duas agremiações foram criadas -o PSD e o PPL (Partido Pátria Livre). Apenas o PSD teve uma adesão expressiva de políticos.
Enquanto o PPL não tem representantes no Congresso, o PSD atraiu 52 deputados federais (10% da Câmara).

A legenda do prefeito de São Paulo apresentou em novembro uma ação ao TSE pleiteando uma parcela maior do Fundo Partidário. Agora neste mês conseguiu que o tribunal fizesse o cruzamento de todos os filiados à sigla com a lista de candidatos a deputado federal em 2010.
A tabela mostra que o PSD subtraiu votos de 20 agremiações, inclusive do PT.

Mas quem mais sofreu foi o DEM, ex-partido de Kassab, cujo total de votos para deputado federal caiu de 7,3 milhões para 5,1 milhões.

O DEM classificou-se como o quinto maior partido em número de votos para deputados em 2010. Com a chegada do PSD, caiu para oitavo. Os votos perdidos pelos democratas representam 42,8% da "votação" da sigla de Kassab.

O PP perdeu 422 mil votos, e é o segundo mais afetado. Em seguida, vêm PMDB (perda de 301 mil votos), PDT (menos 208 mil votos) e PSDB (189 mil votos).

Não há prazo para que o TSE decida. O advogado do partido, Admar Gonzaga, espera que isso ocorra antes de junho, quando os partidos fazem suas convenções para a escolha de seus candidatos.

Se tiver sucesso na ação por mais dinheiro do fundo, o PSD entrará com pedido para que a mesma regra seja aplicada para efeito de tempo de propaganda no rádio e na TV. "Essas questões são irmãs siamesas. Se uma for aceita pelo TSE, a outra naturalmente o será", diz Saulo Queiroz.

 FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Dilma e a crise global



O Brasil está vacinado contra o neoliberalismo, ela nos disse; Dilma teme, porém, que a crise mundial torne agências de risco mais importantes do que o povo 


"A senhora, presidenta Dilma, foi corajosa ao escolher participar do Fórum Social Temático de Porto Alegre e não do Fórum Econômico de Davos", disse João Pedro Stédile, do MST, no encontro da presidente com os organizadores do fórum, na capital gaúcha, no fim de janeiro.
Pouco antes, Dilma Rousseff recebeu Leonardo Boff, sua mulher, Márcia Miranda, e a mim.
Boff manifestou ceticismo diante do texto da ONU para a Rio+20, que reunirá na capital carioca, em junho, chefes de Estado e a Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil.

O "esboço zero", o texto da ONU, é inconsistente. Ele fala em pobreza, mas evita abordar a desigualdade social. Ele alardeia também a "economia verde". Trata-se de mera falácia para evitar atacar a principal causa da devastação ambiental: o atual modelo predatório de desenvolvimento, baseado na prevalência da riqueza privada sobre os direitos humanos e os direitos da mãe terra.

Às vésperas da viagem da presidente a Cuba -além disso, o papa irá em março ao país-, aproveitei para fazer uma breve análise da conjuntura cubana, que passa por mudanças substanciais.

No encontro da presidente com 70 líderes de movimentos sociais, enfatizou-se o repúdio às mudanças no Código Florestal, aprovadas no Senado. Reivindicaram-se o veto à anistia aos produtores rurais responsáveis por crimes ambientais, a não redução da reserva legal e a exigência de desmatamento zero. Ao responder, Dilma disse que o Código Florestal "não será o dos sonhos dos ruralistas".

Dilma frisou que representa um projeto de governo, iniciado pelo ex-presidente Lula, cujo objetivo é reduzir a desigualdade social e imprimir qualidade aos serviços públicos, em especial à saúde, à educação e à habitação.

Acrescentou que, após o fracasso de governos anteriores e tendo em vista a crise europeia, "o Brasil está vacinado contra o neoliberalismo".

Para a presidente, só foi possível tirar da pobreza 40 milhões de brasileiros nos últimos nove anos graças ao modelo de desenvolvimento sustentável que combina crescimento econômico com distribuição de renda.

Neste momento, enquanto na Europa acontece uma "perda de direitos sociais" e a adoção de ajustes fiscais, declarou Dilma, o Brasil (país para o qual Davos olhou com uma ponta de inveja) adota uma política de subsídios a direitos fundamentais, como o acesso à moradia, e combina transferência de renda com qualificação dos serviços públicos.

Dilma considerou "uma barbárie" a desocupação das 1.700 famílias de Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), e manifestou a esperança de que a Rio+20, sobretudo através da Cúpula dos Povos, apresente à crise global um novo paradigma, "um outro mundo possível".

Alertou ainda que o pós-neoliberalismo não pode coincidir com a pós-democracia.

Manifestou, assim, o temor de que medidas tomadas para superar a crise financeira mundial "torne as agências de risco econômico mais importantes do que os povos que elegeram seus governantes".

CARLOS ALBERTO LIBÂNIO CHRISTO, 67, o Frei Betto, frade dominicano, é escritor, assessor de movimentos sociais e autor de "A Arte de Semear Estrelas" (Rocco)
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Rio+20 deveria lançar “novo PIB” sugerem cientistas



NAIRÓBI - A Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que acontece no Rio, em junho, deveria dar impulso a uma ideia que vem circulando pelo mundo há mais de 20 anos: encontrar um novo indicador para o bem-estar das nações que não seja o Produto Interno Bruto, o PIB.

Essa é uma das recomendações de um estudo que reúne 20 vencedores do Blue Planet Prize, conhecido como o Nobel do ambiente. Dezesseis são pessoas com trabalho reconhecido internacionalmente (a norueguesa Gro Harlem Brundtland, o americano James Lovelock, o britânico Nicholas Stern) e quatro são organizações ou institutos de ciência que trabalham com desenvolvimento ou ambiente, como o inglês IEED, o Barefoot College, a ONG Conservation Internacional e a International Union for the Consevation of Nature (IUCN).Entre os autores está o brasileiro José Goldemberg, com três artigos.

O estudo foi lançado ontem, em Nairóbi, no Quênia, na sede do Pnuma, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Nesta semana, acontece na cidade uma reunião com 1.500 delegados de mais de 190 países e ministros do meio ambiente de todas as partes do mundo. É a última reunião ministerial antes da Rio+20.

“Os governos deveriam reconhecer imediatamente as sérias limitações do PIB como uma medida de atividade econômica e complementá-la com indicadores que integrassem as dimensões econômica, social e ambiental”, diz o estudo.
“Se um país destrói toda a sua floresta, terá rapidamente um PIB muito alto, mas não se terá medido o incrível ativo natural que ele perdeu e que fará o futuro muito mais incerto”, explica a economista Camila Toulmin, diretora do IIED. “Se você viver em uma sociedade mais violenta, onde é preciso gastar muito com polícia e armas, o PIB será alto, mas isso significa que aquela sociedade está melhorando seu padrão de vida?”.

O atual sistema energético, muito dependente de combustíveis fósseis, é outro problema apontado pelos cientistas. A necessidade de reverter a curva ascendente de emissões de gases-estufa, que continua em elevação a despeito da crise econômica global, é mais um ponto levantado pelo estudo. “Os compromissos atuais que existem hoje estão levando o mundo a um aumento de 3 graus na temperatura, com sérios riscos de chegar a mais 5 graus”, diz Bob Watson, o conselheiro científico-chefe do DEFRA, o ministério britânico de ambiente. “Mais 5 graus é uma temperatura que o planeta não registra há mais de 30 milhões de anos”, disse ele a uma plateia de políticos e diplomatas reunidos na sede do Pnuma.

O estudo menciona também as perdas massivas de biodiversidade – “sem precedentes nos últimos 65 milhões de anos” – e a necessidade de se ampliar os programas de capacitação e treinamento como foco nos políticos, formadores de opinião e homens de negócio.
O trabalho será entregue aos ministros dos vários países antes da Rio+20, para inspirar as decisões que serão tomadas no Rio de Janeiro, em junho.

(Daniela Chiaretti | Valor)
A jornalista viajou a Nairóbi a convite do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (Pnuma).

Brasil, País da Banda Larga (by @Paulo Bernardo)



O gato subiu no telhado


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Projetos aprovados pelo Fundo Amazônia dão os primeiros passos



Quase dois anos depois de sua criação pelo governo federal, iniciativas financiadas pelo Fundo Amazônia começam a sair do papel. Na semana passada, foi aprovado o sexto projeto, que destinará R$ 16 milhões à Secretaria de Meio Ambiente do Pará para a estruturação de escritórios regionais, qualificação de pessoal e melhorias no sistema de regularização ambiental de propriedades. A demora na análise e aprovação de propostas e, consequentemente, na liberação de recursos tem sido criticada por organizações da sociedade civil que acompanham a implementação do fundo. Todos os seis contratos foram assinados depois de março.

Uma das iniciativas mais adiantadas é o “Sementes do Portal”, que pretende recuperar 1,2 mil hectares com o plantio de sistemas agroflorestais (SAFs), implantar a gestão ambiental e realizar formações de jovens em assentamentos de reforma agrária e comunidades rurais de sete municípios do extremo norte do Mato Grosso. Apesar do contrato ter sido assinado em março, a instituição responsável, o Instituto Ouro Verde (IOV), já realizou oficinas de planejamento e capacitação técnica e um encontro com a rede de coletores de sementes que abastecerá o projeto. Documentos e agenda de atividades estão disponíveis no site do Instituto Ouro Verde.

A implantação das primeiras áreas com SAFs começa entre outubro e novembro.
A iniciativa da The Nature Conservancy (TNC), contratada em abril, focou seus esforços até agora na apresentação e discussão de sua proposta nas prefeituras dos doze municípios do sul do Pará e norte do Mato Grosso onde ela será desenvolvida. Nos próximos meses, os debates vão incluir as Câmaras Municipais, sindicatos rurais e associações de classe. O objetivo do projeto é apoiar a gestão ambiental e territorial e mobilizar os proprietários rurais da região para realizar seu cadastro ambiental rural. Estão previstas reuniões de sensibilização com os produtores e a elaboração da base cartográfica georreferenciada das propriedades.

Há ainda outros projetos já em desenvolvimento, mas estes estão recebendo verbas para complementar e dar continuidade a ações que já existiam antes disso, como é o caso do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), em execução desde 2002, e do Bolsa Floresta, criado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAZ) em 2007. O projeto do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), também com foco na gestão ambiental e territorial, está em fase de contratação.

O que é o Fundo Amazônia?
O Fundo Amazônia foi criado em julho de 2008 pelo governo brasileiro e é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco é responsável pela captação dos recursos, análise, aprovação e acompanhamento da implementação dos projetos. Podem receber recursos do fundo iniciativas ligadas à gestão de áreas protegidas e florestas públicas; atividades produtivas sustentáveis; desenvolvimento científico e tecnológico aplicado ao uso sustentável da biodiversidade; fortalecimento institucional e controle social. Até agora, apenas o governo da Noruega efetivou uma doação, no valor de US$ de 1 bilhão, que deverá ser aplicado até 2015. O fundo é visto como uma das primeiras iniciativas de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), mecanismo em discussão no âmbito da Convenção de Mudanças Climáticas da ONU para compensar os países em desenvolvimento pela conservação de suas florestas. Por isso, tem chamado muita atenção internacional.
Para saber mais, visite De Olho no Fundo Amazônia

O fim do mundo dos brancos na visão de Davi Kopenawa Yanomami

A partir de relatos do xamã e líder yanomami Davi Kopenawa, nasce a publicação A queda do céu, testemunho da cultura de um povo, além de manifesto xamânico e grito de alerta vindo do coração da Amazônia.




Com 800 páginas contendo dois cadernos com 16 fotos cada, o livro A queda do céu, Palavras de um xamã yanomami, será lançado no próximo 30 de setembro, na França, pela coleção Terre Humaine da editora Plon. Foi escrito a partir de relatos de Davi Kopenawa, recolhidos em língua yanomami pelo etnólogo Bruce Albert, seu amigo há mais de 30 anos.

O líder Yanomami relata sua história e suas meditações de xamã frente ao contato predador dos brancos com o qual seu povo teve de se defrontar depois dos anos 1960. Ao final, ele alerta em tom profético que quando a Amazônia sucumbir à devastação desenfreada e o último xamã morrer, o céu cairá sobre todos e será o fim do mundo.

O livro, cujos direitos de publicação no Brasil foram adquiridos pela Companhia das Letras, é composto de três partes: a primeira, Tornar-se outro, retrata a vocação xamânica de Davi desde a infância até sua iniciação na idade adulta, descrevendo a riqueza de um saber cosmológico secular. A segunda parte, denominada A fumaça do metal, relata por meio de sua experiência pessoal, não raro dramática, a história do avanço dos brancos sobre a floresta – missionários, garimpeiros entre outros – e sua bagagem de epidemias, violência e destruição.

Finalmente, a terceira parte, A queda do céu, refere-se à odisseia vivida por Davi ao denunciar a dizimação de seu povo nas viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos. Entremeado por visões xamânicas e por meditações etnográficas sobre os brancos, o relato termina em um profético apelo que anuncia a morte dos xamãs e a “queda do céu” sobre aqueles que Davi chama de “o povo da mercadoria”.

“É um dos mais impressionantes testemunhos reflexivos jamais oferecidos por um pensador oriundo de uma tradição cultural indígena”, avalia o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Fruto da colaboração exemplar entre dois intelectuais, um xamã ameríndio e um antropólogo europeu, o livro é uma prova eloquente do brilhantismo da imaginação conceitual indígena, de sua potência analítica e sua nobreza existencial. As reflexões de Davi Kopenawa, magistralmente traduzidas e cuidadosamente comentadas por Bruce Albert, constituem uma autêntica antropologia indígena, uma visão do homem e do mundo que não mostra qualquer condescendência para conosco, o “povo da mercadoria” – e suas razões são propriamente irrespondíveis.

Kopenawa nos dá um aviso e faz uma profecia. Quem tiver juízo, que ouça.”
Leia entrevista concedida ao Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI), em Brasília, no dia 09 de março de 1990 na qual Davi Kopenawa Yanomami respondeu na própria língua às perguntas do antropólogo Bruce Albert

Ruralistas voltam a colocar em risco o Código Florestal

Agricultura e a destruição da floresta no entorno do Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso. Foto:Pedro Martinelli/ISA, 2003

A terça-feira (7) foi longa na Câmara dos Deputados. Aproveitando a pressa do Governo Federal em votar alguns assuntos de seu interesse antes da mudança de mandato, deputados ruralistas conseguiram barganhar com o líder Cândido Vacarezza (PT/SP) acordo para colocar em votação um requerimento de urgência na votação do projeto de alteração no Código Florestal. Líderes do governo não confirmaram o acordo, mas não negaram.
Se votada a urgência, o projeto pode ser colocado em pauta a qualquer momento, o que aumenta o risco de ser aprovado tal como saiu da comissão especial, ou seja, com todos os graves problemas nele existentes (anistia a desmatamentos ilegais em APPs, isenção de recuperação de reserva legal para 90% dos imóveis do país, poder aos municípios para autorizarem desmatamento, outros). Os ruralistas conseguiram um requerimento, dizem, com 370 assinaturas, mas boa parte delas são “indiretas”, ou seja, são contabilizadas pelo fato de que líderes de bancadas assinaram o documento.
Ontem a pressão pra inclusão na pauta foi grande. Não teve sucesso porque a rejeição ao pedido de urgência do projeto de legalização dos bingos fez com que deputados descontentes saíssem do plenário e, com isso, derrubaram a sessão por falta de quórum. Mas o projeto pode voltar hoje (8) ou a qualquer momento antes do final do ano, caso o acordo permaneça. Para evitar isso, é fundamental avisar aos líderes que assinaram o requerimento que é, no mínimo, inconveniente votar um projeto tão problemático ainda esse ano, quando não há mais chance de discussões sobre o mérito.
E todos podemos fazer alguma coisa. Entrar em contato com o líder do Governo, Cândido Vacarezza (61) 3215-5958, e do PT, Fernando Ferro (61) 3215-5427, que são peças-chave nesse processo, ou com qualquer outro deputado ou líder de bancada com quem tenha contato é um caminho. Os telefones e e-mails podem ser encontrados no site da Câmara dos Deputados.
 (*) por Raul Silva Telles do Valle

 (*) Advogado, Coordenador Adjunto do Programa Política e Direito Socioambiental do ISA

Não quero ofendê-lo (tradição islâmica)


Durante sua peregrinação a Meca, um homem santo começou a sentir a  presença de Deus. No meio de um transe, ajoelhou-se, escondeu o rosto, e rezou:

“Senhor, quero pedir apenas uma coisa na minha vida: que eu tenha a graça de jamais ofendê-lo”.

“Não posso conceder esta graça”, respondeu o Todo-Poderoso. “Se você não me ofender, não terei motivos para perdoá-lo. Se eu não preciso perdoá-lo, você em breve esquecerá também a importância da misericórdia para com os outros. Por isso, continue o seu caminho com amor, e deixe-me praticar o perdão de vez em quando, para que você também não se esqueça desta virtude”.
Paulo Coelho

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A VISÃO PASSIVA DOS PARAENSES SOBRE A AMAZÔNIA.


Caros amigos, se não consigo explicar esta manchete vou ganhar um puxão de orelhas de mais de algum amigo paraense, mas como sou ousado decidi promover neste Blog um pequeno debate que me ocupa alguns anos. 

A preocupação dos paraenses sempre foi pelo cuidado e preservação da Amazônia. Cuidado e preservação, mas nunca exploração sustentável, uso econômico, aproveitamento comercial ou produção da floresta em pé, quer dizer desenvolvimento das cadeias produtivas de forma sustentável. 

Predomina o modelo de exploração, praticamente de enclave e com uma visão da economia neoclássica, modelo da indústria tradicional, sustentada pelos encadeamentos do mercado, da demanda, oferta, produção, etc. Grande erro histórico. A Amazônia não pode ser pensada a partir de um modelo já esgotado e nem pensar Amazônia no curto prazo. Aqui tudo é mais complexo do que na indústria tradicional. 

Historicamente, foram os grandes projetos que se tornaram o eixo do desenvolvimento da região, desde a exploração da borracha, cacau, óleos de dendê (importantes somente quando foram “grandes projetos”), até hoje os grandes projetos de mineração, que como não podem ser levados para a Malásia, China e outras regiões do mundo, sua cadeia básica de extração continua na região e as riquezas vão embora. Fica a terra arrasada e o lamento paraense por sermos roubados. 

Essa queixa sustenta-se nos próprios erros cometidos pelos responsáveis das políticas públicas da região. 

Nesse sentido, as políticas públicas foram foram focadas nos nos grandes projetos que não criam externalidades positivas para a região, apenas para o Brasil.
Essa realidade poderia ter mudado nos últimos 50 anos, mas não, a passividade dos governantes e das suas classes empresariais, com sua postura contemplativa das riquezas da Amazônia, quase poética do determinismo destrutivo, pouco ou nada fizeram para alterar esse modelo econômico.
Se não temos capacidade de mostrar que a Amazônia não apenas serve para "seqüestrar" carbono e para limpar o planeta e serve também (e mais) como fonte inesgotável de produtos naturais de biodiversidade, que podem ser o centro de um novo ciclo da economia da região,  do Século XXI, o modelo continuará sendo o do crescimento econômico, destruindo o patrimônio da biodiversidade.

O maior valor da Amazônia está na sua riqueza de plantas e microorganismos, de óleos naturais e essenciais, que já servem de insumos para remédios e que cada dia são mais valorizados no mercado mundial, - que promovem uma verdadeira inveja no mundo desenvolvido, porque estes produtos não podem ser desenvolvidos ex-situ (fora do seu ambiente natural) para se tornarem princípios ativos de remedios e fármacos.

Uma reflexão (para continuar em outra postagem), o paraense encontrou mais uma justificativa para não pensar a Amazônia de forma proativa, nem para mostrar como é possível realizar políticas públicas que aproveitem a floresta de forma econômica, desenvolvendo integralmente suas cadeias produtivas. Essa proposta de cobrar pelo aluguel da região para sequestar carbono.

Sempre se pensa a partir de modelos exógenos. O que vem de fora é assimilado integralmente, só apareceu agora isso de pagamentos por serviços ambientais, imposto por pegar nosso peixe e nós na vera do lago descansando (deitados em berço esplêndido) ou na floresta cuidando nossa próxima indústria das compensações ambientais, vamos receber (vamos?, me aplica!) quem vai receber é o Brasil como um todo. Será o Governo Federal quem vai distribuir esses futuros, possíveis e enganosos recursos que, obviamente, nunca as comunidades da floresta vão receber. Mesmo continuemos reclamando da falta de cumprimento do Pacto Federativo, que não existe.

O falta mesmo, é uma política pública do Pará para o Pará, que considere o pará como região amazônica e não como fonte fornecedora de grandes projetos, Belo Monte, Minérios, seqüestro de carbono (imposto ou taxa para seguir vivendo, sem desenvolver a Amazônia), etc. Precisamos sair dessa visão de receptores para sermos promotores de um desenvolvimento endôgeno. Deixar de chorar para ser atores do nosso próprio cenário. Proativo e não mero contemplador da nossa riqueza e futuro que já passa pela nossa frente.

O melhor exemplo dessa passividade paraense, é o artigo do meu amigo e colega e estudioso da Amazônia, Mario Ribeiro, publicado no O Liberal de Hoje sábado, 18 de fevereiro de 2012.
Tenho certeza que ele só escreveu o primeiro capítulo, ficou devendo o segundo, onde ele poderia falar sobre como a Amazônia não é apenas rica, bem como, deverá ser também fonte da maioria dos produtos que a economia do século XXI, está demandando. Mas para isso é necessário investir, no meio e longo prazo, em infraestrutura de ciência e tecnologia e inovação, em educação e formação dessa infraestrutura mínima, que se possa desenvolver a indústria da Amazônia, a partir de um novo modelo, que altere essa relação vergonhosa que valoriza as commodities e ainda não promove nossa verdadeira bioindústria. 

Conforme gráfico abaixo a produção de produtos da biodiversidade é insignificante e assim tem se mantido por décadas.Essa realidade teremos que alterar.

VALOR DAS EXPPORTAÇÕES PARAENSES (US$ 1.000 FOB)

(*) PFNM 32.660, 00

MADEIRA 397.630,00
MINÉRIO 16.594.027,00

OUTROS 1.312.287
(*)Produtos florestais não madereiros (biodiversidade). 
A palavra está com os governantes e representantes dos segmentos empresariais do Estado.




Valor das exportações do Estado Fonte: IBGE, 2011 (Gentileza Livia Cavalcante, SEICOM/PA)
Veja abaixo o artigo do Mario.que mostra como "ganha “fôlego” Tribunal Internacional para cuidar da Amazônia". 


O mefistofélico julgamento da Amazônia
Mário Ribeiro
Quem cala consente. Esse adágio popular começa a ter efeitos práticos sobre a região amazônica:

nas últimas reuniões do comitê preparatório para a Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Rio+20) no segundo semestre de 2011, o seu secretário
executivo e coordenador, o francês Brice Lalonde, defendeu a criação de uma corte internacional para o meio ambiente.

Não é novidade que existe um interesse planetário sobre a região Amazônica; o que há de novo agora é que quem defende a ideia de pautar o tema em uma Conferência das Nações Unidas é exatamente o homem com poderes de coordenar a mesma conferência...
Conhecida como “... the Lalonde Proposal”, a proposta decorre principalmente do histórico silêncio omissivo do governo federal sobre a região Amazônica, e a sua lamentável postura
de sempre transferir para os governos estaduais amazônicos o ônus de “abrasileirar” a região.

É obvio e ululante que a Proposta Lalonde não foi parida do nada. Inicialmente, a comunidade política internacional do mundo rico falava apenas em “interferir” - mas não dizia como, nem através de qual dispositivo legal. Depois, com o apoio dos grandes centros científicos do globo, o mundo rico passou a perceber que a região poderia gerar
uma “externalidade negativa” para o desempenho de suas ricas economias, e passou a falar em “julgar”.

Um pouco de economia: o que é uma externalidade econômica? Os economistas chamam de “externalidade” um valor - digamos um custo - gerado por uma atividade econômica, mas não pago  por quem produz o bem ou serviço. Neste caso teríamos uma “externalidade negativa”. Por exemplo, o cheiroso churrasquinho aqui da esquina da minha casa, onde o vendedor, o “seu” Ergumenal, fez um “gato” no poste e recebe energia da Celpa “de graça” para poder “fritar” o churrasquinho. (É verdade, amigo leitor, o churrasquinho é realmente “frito”. Argh!).

Ela é “negativa” porque “alguém” - no caso, “nós”, os outros usuários dos serviços da Rede
Celpa - pagamos pela energia que o “seu” Ergumenal consome. Do outro lado do balcão, uma externalidade é dita “positiva” quando na produção de bens ou serviços alguém gera um “valor” que é capturado por outrem. No caso da Amazônia - para exemplo e registro! - ela é uma “armazenadora natural” de carbono (“carbon sink”), o que beneficia todas as economias
do planeta. O detalhe mefistofélico é que o valor dos “serviços ambientais” proporcionados pela Amazônia não é pago por ninguém. Não recebemos um dólar furado pelo “valor” apropriado pelos outros países. Ora, se alguém recebe uma externalidade “positiva” de um terceiro e não paga por ela está recebendo um “subsídio”. O norte rico do planeta está, pois, recebendo um “subsídio” da pobre região Amazônica!

O julgamento final define claramente que a Amazônia - na visão do mundo abastado - “deve” pagar pelas externalidades negativas que produ - por exemplo, pelas “queimadas” - mas não pode “cobrar” pelas externalidades “positivas”que gera (seus serviços ambientais). Um julgamento sem o devido processo legal!

Pois foi exatamente a “percepção saci-pererê” da ciência do mundo dito civilizado quanto às externalidades negativas que pariu este aborto que está sendo chamado pelos países
ricos - e algumas das partes da Rio+20 - de “tribunal internacional do meio ambiente”.
Este “tribunal” não seria uma simples “organização”. Por ser um tribunal das Nações Unidas ele teria o poder de gerar normas de força jurídica imediata (“legally binding”). Teria o poder
de “distinguir na Amazônia quem é quem”. Selecionar os “biomas e ecossistemas “elegíveis” para fazer o “tribunal” funcionar... Dizer qual atividade econômica seria carbono-intensiva (usuária de energia não-renovável, como o combustível fóssil) e qual atividade econômica
seria de baixo carbono. Possuiria ainda a faculdade de “punir”, sancionar, determinar embargos, de definir “regras de procedimento”, mecanismos de compensação e inclusive determinar a retirada dos subsídios agrícolas.

É necessário dizer que na Conferência Rio+20 os ricos vão nos julgar somente pelas externalidades “negativas”? O Itamaraty não se pronunciou sobre a Proposta Lalonde. Quem cala...
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Mário Ramos Ribeiro, doutor em Economia pela USP, docente da UFPA e presidente da Fundação de Amparo e Pesquisa do estado do Pará. Email: mramosribeiro@uol.com.br

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Industria automotriz - Complexo brasileiro de país desenvolvido


 

BNDES aprova R$ 307,4 milhões para a Hyundai

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 307,4 milhões à Hyundai Motor Brasil para a implantação de uma unidade industrial em Piracicaba (SP) destinada à produção de veículos de passeio.

Esta será a primeira fábrica da sul-coreana Hyundai no país, com produção estimada de cerca de 150 mil unidades por ano. O prazo previsto para a conclusão das obras da fábrica, instalação e teste de equipamentos é março próximo.

A produção será de veículos batizados provisoriamente de “Projeto HB”, especialmente desenvolvidos para atender às necessidades dos consumidores brasileiros. Os veículos da família HB serão distribuídos em três modelos: Hatchback (5 portas), Sedan (4 portas) e Mini SUV (utilitário com 5 portas), equipados com motorização 1.0L e 1.6L flex e câmbio manual ou automático.

O início da produção de veículos está previsto para o final deste ano, com o modelo Hatchback. Os modelos Sedan e Mini SUV têm lançamento previsto para 2013. Todos os modelos terão, desde o início de sua produção, o índice de nacionalização mínimo exigido na legislação brasileira.

(Valor

Lucro da General Motors sobe para US$ 7,6 bilhões em 2011

Por Eduardo Laguna | Valor
SÃO PAULO – A General Motors (GM) informou hoje nos Estados Unidos que alcançou lucro líquido de R$ 7,6 bilhões no ano passado, resultado que superou em 61,7% os ganhos do exercício anterior, de US$ 4,7 bilhões.

Puxado pelo bom desempenho na América do Norte, o resultado veio na esteira de um crescimento de 11% da receita, que chegou a US$ 150,3 bilhões, enquanto o resultado operacional medido pelo Ebit (o lucro antes dos resultados financeiros e impostos) subiu para US$ 8,3 bilhões, em valores ajustados, ante US$ 7 bilhões de um ano antes.

“Em nosso primeiro ano como empresa aberta, nós crescemos nas linhas de cima e de baixo (do balanço), avançamos nosso market share global e fizemos investimentos estratégicos em nossas marcas pelo mundo”, comemora o presidente da montadora, Dan Akerson. Só no quarto trimestre, o lucro líquido somou US$ 500 milhões, em linha com o desempenho do mesmo trimestre de 2010.

No relatório que acompanha as demonstrações financeiras, a montadora detalha que o lucro operacional medido pelo Ebit ficou em US$ 7,2 bilhões na América do Norte, acima dos US$ 5,7 bilhões de 2010. O resultado compensou as perdas de US$ 700 milhões e US$ 100 milhões na Europa e na América do Sul, respectivamente.

A empresa diz que espera um aumento de receita neste ano, como resultado do crescimento da indústria automobilística global. Além disso, prevê melhora de preços, com uma inflação de custos moderada. Por outro lado, a expectativa é que o mix de produtos e gastos de pensão sejam desfavoráveis.

Os investimentos da GM previstos para este ano são da ordem de US$ 8 bilhões. A montadora promete manter uma estratégia agressiva no desenvolvimento de produtos e tecnologia.
(Eduardo Laguna | Valor)