terça-feira, 15 de novembro de 2011

Almir Gabriel falando do Sarney.

Não digo amém para o Sarney. Acho que o atraso do Maranhão é uma coisa que é culpa da família Sarney.

Capiberibe. Justiça seja feita

Justiça Eleitoral diploma João Capiberibe como senador



SÃO PAULO - O ex-governador João Capiberibe  (PSB) foi diplomado senador nesta segunda-feira pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, um ano depois de ter sido eleito. Capiberibe é o principal adversário do grupo político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Amapá.

Na quarta-feira, Capiberibe deverá apresentar o diploma à Mesa Diretora do Senado e Sarney terá o prazo máximo de cinco sessões para empossá-lo.

No Senado, deverá ocupar a vaga do senador Gilvam Borges (PMDB-AP), aliado de Sarney. Gilvam está licenciado e em sua cadeira  está seu irmão Geovani Pinheiro Borges (PMDB).

Capiberibe foi eleito em 2010 para o Senado com 130,4 mil votos, mas foi impedido de assumir o mandato depois de ser enquadrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na Lei da Ficha Limpa.

Em 2005, Capiberibe, então senador, e sua esposa, a deputada federal Janete Capiberibe (PSB), foram acusados de suposta compra de votos nas eleições de 2002 e perderam o mandato.

Em 2010, o casal concorreu com o registro indeferido pelo TSE por conta da condenação. Neste ano, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Lei da Ficha Limpa não valeria para  a eleição de 2010. Janete tomou posse em julho.

Ex-prefeito de Macapá e ex-governador do Amapá por dois mandatos, Capiberibe registrou sua diplomação no Twitter.  “Hoje é o dia! Está chegando ao fim meu segundo exílio, que já dura seis anos”, escreveu no microblog.

Capiberibe e Janete são pais do governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB).
(Cristiane Agostine | Valor)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Martha para Educação?. "Queridos Relaxem e gozem"


BRASÍLIA - O nome da senadora Marta Suplicy (PT-SP) faz parte do leque de opções da presidente Dilma Rousseff para a reforma ministerial, prevista para o início do próximo ano.
A própria Dilma especulou sobre o nome de Marta em conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o visitou no hospital Sírio Libanês, antes de embarcar para a reunião do G-20 em Cannes, no dia 1º.

Pouco antes, a presidente conversou com Marta no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A senadora disse a Dilma que iria desistir da eleição para a Prefeitura Municipal de São Paulo porque Lula resolvera apoiar o ministro Fernando Haddad (Educação).

Marta, segundo apurou o Valor, disse a Dilma que não considerava Haddad o melhor candidato, mas como o ex-presidente achava o melhor para ela era desistir. Marta já dispunha das assinaturas necessárias para concorrer às prévias do PT.

Dilma contou a conversa a Lula quando o visitou no hospital, onde o ex-presidente trata de um câncer. Lula quis saber se Marta procurara a presidente. Dilma confirmou e Lula demonstrou satisfação com o encaminhamento dado à questão.

Nesse instante, Dilma emendou que Marta, talvez amanhã ou depois, pudesse ocupar o lugar do próprio Haddad. Lula, então, segundo contou a fonte ouvida pelo Valor, respondeu  “eu não sei, você é quem sabe”.

Embora na cúpula do PT em geral diga-se que Marta dificilmente será ministra, há uma ala atenta à movimentação da senadora. Por exemplo: pegou mal ela desistir da disputa sem ter imediatamente apoiado o candidato do ex-presidente.

Há dúvidas também se a senador efetivamente quer entrar agora para o governo. No início do mandato de Dilma, ela teria pensado no Turismo, cargo que já ocupou, diante das possibilidades abertas com a realização da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil.
(Raymundo Costa / Valor)

domingo, 13 de novembro de 2011

A divisão do Pará. Não existe almoço de graça


Como disse o economista: There's no such thing as a free lunch

O problema.
É surpreendente como essa discussão sobre a divisão do Estado do Pará veio em péssimo momento. Lamento muito, mas os paraenses sofrem um verdadeiro bombardeio sobre um tema que dificilmente conseguem assimilar e menos ainda entender cabalmente.
Introduzir na vida cotidiana de uma população que vive em mais de 40% abaixo da linha da pobreza ou com menos de R$140,00 por mês, uma discussão que presume ser geopolítica, estratégica, e que vai a afetar profundamente a vida dos paraenses, é de uma perversidade que não tem tamanho. Mas, será que vai a afetar a vida mesmo da população?
Os melhores “cases” de sucesso para o debate.
Os exemplos para explicar o assunto em debate são tantos e tão esdrúxulos que recém hoje comecei a reconhecer experiências internacionais de partilha de territórios que nunca estudei nem me interessaram. Um dia é Canadá grande e poderoso, Estados Unidos, uma grande nação que convive muito vem com seus 51 Estados e ainda mais, anexou Porto Rico que é feliz como estado associado (segundo dados dos próprios Estados Unidos). Sem pensar nos exemplos contrários de países como a Rússia que se fragmentou em meio de fortes lutas separatistas que ainda não se resolvem. Dos dois lados temos belos exemplos para justificar a divisão ou para sugerir a unidade da região amazônica.
Descendo para o Brasil, os exemplos também são muito interessantes. De lado a lado temos exemplos abundantemente utilizados pelos defensores de um e outro lado da briga.
Tocantins é o paradigma dos partidários da divisão. Um estado empreendedor, onde claro 80% da população é de fora do estado e que para se implantar teve que destruir mais de 80% da sua biodiversidade e sua floresta nativa, o ativo ambiental, fator verdadeiramente estratégico na construção de um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia.;
Outro exemplo do lado oposto à divisão é o Estado de alagoas, pequeno estado com indicadores sociais que alarmam pela sua precariedade, que revelam que é um dos estados com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil.
Quer outro exemplo? O Território do Grão-Pará. Foi uma das capitanias da América Portuguesa, integrando inicialmente o Estado do Grão-Pará e Maranhão, juntos poderiam ter sido uma potência, mas veja aí no que deu. Maranhão comandado pela elite dos Sarney, que de um dia para outro se tornaram em paradigma de políticos honestos, democráticos e desenvolvimentistas, apoiados no seu poder, fortemente pela elite de esquerda brasileira que assumiu o poder para se enriquecer os melhores amigos do poder central.
A maior parte do debate se sustenta em exemplos que saíram de outras realidades, que nada tem a ver com a história do Pará’ ou da Amazônia que pouco podem servir de paradigmas para enriquecer a discussão.
Tamanho não é documento. Veja o caso do território de Gibraltar (“Peñon de Gibraltar”) uma pequenha colônia britânica (de apenas 6 Km2) situada na Província de Cádiz, Andaluzia, Espanha. A colônia permanece ocupada pelo Reino Unido desde 1704.
As Nações Unidas tem chamado em repetidas oportunidades aos governos de Espanha e Reino Unido a terminar com esta situação colonial e reintegrar o território à seus legítimos donos, Espanha, mas essa mesma pedra é um dos territórios mais prósperos e estáveis no poder da Inglaterra e a maioria da população quere continuar sendo colônia da Inglaterra.Essas experiências tem algo a ver com a nossa realidade?
Os atores do debate e o preço pela falta de Estado e de Poder.
Caros leitores deste blog: Essa discussão é um debate de elites que não chega ao conjunto do povo. Ainda nem sei como se concretizará esse processo de construção do novo modelo, de onde sairá essas enormes quantidades de investimentos anunciados pelo repasse do Fundo de Participação dos Estados (FPE), sem falar das empresas, recursos minerais, e, como já foi comentado, o maior patrimônio com que conta o Estado do Pará, onde ficarão seus ativos ambientais.
Essa divisão, como mínimo requer redefinição de linhas geográficas, estradas, novos caminhos, deslocamentos populacionais. Em síntese um empreendimento do tamanho do que foi feito quando se realizou a mais contemporânea invasão da Amazônia, na década de 1970, pelos governos militares, com o lema de “ocupar para não entregar”. Esse pode ser a versão moderna da nova ocupação da Amazônia.
O marketing e os novos nichos dos publicitários desempregados.
A ousadia dos marqueteiros é tão grande que com esse plebiscito inauguraram um nicho nunca antes explorado, em condições da mudança tecnológica em curso, como é a atual tecnologia de informação e comunicação existente.
Este é um verdadeiro jogo de marketing de publicitários desempregados ou preparando-se para um novo processo eleitoral mais complexo, em 2012.
É uma verdadeira tristeza ver como marqueteiros que pouco conhecem a realidade da Amazônia entraram nesse jogo, mas a população tudo aceita, acostumada a ser eco de qualquer política exógena, aceita passiva seu destino.
Esse é o preço que pagamos todos pela falta de uma política que assuma a condução do desenvolvimento do estado e porque não do Brasil? Algum ministro do governo federal tem manifestado preocupação pela nova partilha que se provoca em uma região tão importante como o estado do Pará. Ninguém meu irmão, ninguém meu mano. 


TUDO ISSO EM UM MÊS! QUEM DIRIA. HOUVE PARTILHAS QUE DURARAM SÉCULOS E AINDA NÃO SÃO RESOLVIDAS. NO PARÁ, A TV E OS MARQUETEIROS QUEREM PRODUZIR UMA DEFINIÇÃO EM UM MÊS. 
Alguém terá que pagar por isto.
There's no such thing as a free lunch

O que ficou da ocupação de um pedaço da Amazônia. 

Terra de ninguém
(Celso Cavalcanti)

“Ocupar para não entregar”. Era essa a palavra de ordem da ditadura quando, nos anos 1970, incentivou brasileiros de todos os cantos a deixar sua terra e tentar fortuna na Amazônia. Foi nessa época que, ainda menino, Dinho saiu do Paraná com seus pais para viver em Rondônia. Eles se fixaram na região conhecida como Ponta do Abunã, uma faixa na divisa com o Acre e o Amazonas, a menos de 10 km da fronteira com a Bolívia.


Os anos passaram. A floresta deu lugar a pastagens; pouquíssimos enriqueceram. Dinho virou chefe de família e líder de assentamento. Depois de quase 40 anos, o lugar ainda não tem luz elétrica, água encanada ou telefone. Posto médico, delegacia, banco, cartório...nem pensar. Terra de ninguém. Pra garantir o sustento, Dinho montou uma banca na feira de Vista Alegre, um distrito a 70 km de sua casa.

Na última sexta-feira de maio, ele descarregava os legumes e verduras do carro quando foi assassinado. Cinco tiros a queima roupa, na frente da mulher e dos dois filhos pequenos. O pistoleiro saiu caminhando. Dinho denunciava a atuação de madeireiros ilegais na região.


Nesta semana estive no assentamento. Uma comitiva de jornalistas e parlamentares em busca de informações sobre os conflitos na área. Quase três horas de Brasília a Porto Velho em avião da FAB e outros 50 minutos num bimotor até a Ponta do Abunã. A equação é clara: de um lado, os poderosos que enchem os bolsos explorando a natureza e a miséria alheia; do outro, os que atenderam ao chamado do governo e ocuparam um pedacinho de terra nos confins do “pulmão do mundo”.


Retornamos a Brasília no mesmo dia. A sensação era de estar vindo de outro país. Cheguei em casa, abracei meus filhos e minha mulher, e me lembrei que Dinho nunca mais vai voltar pra casa e abraçar sua família.

sábado, 12 de novembro de 2011

Mar quente, floresta em chamas

Pesquisa norte-americana publicada na Science comprova relação entre a temperatura dos oceanos e as queimadas na Amazônia.  Os cientistas elaboraram uma fórmula que permite prever, com pelo menos três meses de antecedência, as áreas de mata mais suscetíveis ao fogoNotíciaGráfico


Todos os anos, a Amazônia é vítima de centenas de incêndios — naturais ou provocados pelo homem — que consomem grandes áreas florestais.  Prever quando e onde o fogo pode surgir tem sido um desafio para os governos que cuidam da maior floresta tropical do mundo.  Uma pesquisa publicada na edição de hoje da revista científica Science promete ajudar o planejamento dessas políticas públicas.  O estudo afirma que, observando a temperatura da porção norte do Oceano Atlântico e das regiões central e oeste do Pacífico, é possível prever, com pelo menos três meses de antecedência, a ocorrência das queimadas.

Para chegar a essa conclusão, especialistas da Universidade da Califórnia em Irvine e da Nasa analisaram dados de satélites sobre as queimadas que atingiram a região na última década e os cruzaram com gráficos de temperatura dos dois oceanos no mesmo período.  Eles observaram que, à medida que as águas salgadas ficam mais frias, a Amazônia se torna mais úmida.  Consequentemente, a floresta se torna mais resistente às chamas.  O oposto também acontece: mar quente é sinônimo de continente seco e floresta em chamas.  Com base nesses dados, eles elaboraram uma equação matemática que, dependendo da região, pode antecipar as áreas mais suscetíveis a incêndios, às vezes com cinco meses de antecedência.

Em entrevista ao Correio, o líder do estudo, Yang Chen, da Universidade da Califórnia, explica que pequenas perturbações na superfície do mar podem resultar em uma mudança significativa na circulação atmosférica.  "Essa, por sua vez, aumenta e diminui a quantidade de chuvas", conta.  A pluviosidade no fim do período chuvoso é a grande responsável pela recarga de umidade, portanto, de proteção da floresta.  "Níveis altos de água do solo afetam o combustível do fogo, por exemplo, madeiras e ervas, e facilitam a precipitação durante a estação seca, o que diminui a propagação do fogo", explica o especialista.

Isso significa que, quando os oceanos estão mais quentes, há menos chuva na Amazônia, em especial na transição entre o período de umidade e o tempo seco.  Mais seca, a floresta está mais suscetível a incêndios.  Além disso, nos anos em que a água do mar está mais quente, a chuva que pode combater os possíveis focos de incêndio é ainda mais escassa, facilitando a propagação das chamas por grandes áreas e atrapalhando o trabalho dos bombeiros.

Antecipação
No Brasil , quase a totalidade dos incêndios na Floresta Amazônica são causados pela ação humana, principalmente para a expansão das terras agricultáveis.  Os especialistas garantem que a pesquisa pode ser útil inclusive nesses casos.  "Muitas vezes, as pessoas esperam o tempo seco para queimar as florestas mais intensamente, e nossos estudos podem prever essas estações e orientar as ações governamentais", conta Chen.  "Além disso, nossa pesquisa mostrou que a questão climática é mais preponderante do que a pressão humana para as queimadas.  Ou seja, quando o clima é favorável, a floresta fica mais forte para se defender", completa o pesquisador Douglas Morton, do Centro de Pesquisas de Hidrosfera e Biosfera da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.

O pesquisador Philip Fearnside, do Instituto de Pesquisas Amazônicas (Inpe), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), explica que a relação entre a temperatura dos oceanos e as queimadas na Amazônia já era conhecida e estudada há alguns anos.  "Para que haja fogo, é necessário que tenha combustível, no caso, matéria vegetal seca, e um estopim, que pode ser um raio ou a ação do homem", explica o especialista.  Mas o problema tende a se agravar com o aquecimento global.  "A tendência é que as queimadas se tornem cada vez mais frequentes com o aumento da temperatura do planeta, e com fenômenos como o El Niño", conta Fearnside.  "Se por um lado o aquecimento global age diretamente sobre a floresta, deixando-a mais seca, por outro, ele aquece os oceanos, provocando alterações nos ciclos das massas de ar", completa.

O norte-americano Douglas Morton, da Nasa, conta à reportagem que a pesquisa transmite resultados que podem ser utilizados para outros biomas da América do Sul.  "Tivemos o cuidado em nosso estudo de aplicar o método em todo o subcontinente e, para nossa surpresa, obtivemos o mesmo resultado", revela.  Assim, o cálculo elaborado pode servir para prever as temporadas de queimadas no cerrado, na Mata Atlântica ou mesmo nas regiões de pampa.

Os pesquisadores estão agora desenvolvendo estudos semelhantes para formações vegetais de outros lugares do mundo.  "Conseguimos traçar relações semelhantes entre a temperatura oceânica e os ciclos de queimadas na floresta de Sumatra", diz o especialista da Nasa.  "No entanto, lá, a relação é mais imediata.  Não conseguimos prever as queimadas com a mesma antecedência, de até cinco meses, como fizemos na América do Sul."
 Correio Braziliense
 Max Milliano Melo

Minha reencarnação (Woody Allen)

Na minha próxima vida, quero viver de trás para frente.

Começar morto, para despachar logo o assunto.

Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa.

Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.

Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo.

E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer.

Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voilà!" - desapareço num orgasmo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Fundos do Nordeste e da Amazônia terão autonomia



O governo federal deve anunciar até o fim deste ano a "financeirização" dos fundos constitucionais FDNE e FDA, criados em 2001 para incentivar o desenvolvimento das regiões Nordeste e amazônica. Com a mudança, a natureza dos fundos deixará de ser contábil e passará a ser financeira, o que na prática vai resultar em maior previsibilidade na liberação dos empréstimos e na possibilidade de que os fundos cresçam e se tornem sustentáveis. O novo modelo será apreciado nas próximas semanas pela presidente da República, Dilma Rousseff, e deverá ser aprovado para valer já em 2012.
Abastecidos com recursos do Tesouro Nacional, mediante dotações aprovadas anualmente no Orçamento da União, o FDNE e o FDA têm por finalidade assegurar recursos para investimentos em suas áreas de atuação. A liberação do dinheiro, no entanto, é diretamente atrelada ao fôlego financeiro do governo federal. Assim, é comum os repasses serem congelados em tempos de aperto fiscal, o que muitas vezes desarruma o andamento dos projetos dos tomadores.

Pelo modelo atual, o Tesouro abastece os fundos e assume 90% dos riscos dos financiamentos aprovados, ficando os 10% restantes a cargo dos agentes financeiros, no caso o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia. Com a mudança sancionada, todo o risco será absorvido pelos bancos, que terão que reembolsar os fundos em caso de inadimplência.

Outra novidade é a permissão para que o FDNE e o FDA passem a reembolsar e gerir o dinheiro referente ao pagamento dos empréstimos efetuados, recurso que hoje vai diretamente para o Tesouro. Dessa forma, o governo acredita que os fundos vão ganhar porte com o passar dos anos, podendo atingir a sustentabilidade no longo prazo. Neste ano, o FDNE recebeu R$ 1,8 bilhão, enquanto que o FDA ficou com R$ 1,2 bilhão.
"Com a 'financeirização', o FDNE poderá, em um prazo de dez anos, ser um fundo de R$ 35 bilhões", estimou Fernando Bezerra Coelho, ministro da Integração Nacional, pasta responsável pelo projeto. "Esses fundos poderão se tornar autônomos nos próximos anos", reforçou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, que mencionou como uma orientação de Dilma a melhoria da eficiência desses fundos.

Ao lado de cinco governadores nordestinos, Coelho e Barbosa participaram ontem, no Recife, da 13ª reunião do Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). No encontro, foram discutidas, entre outros temas, as diretrizes para o uso dos fundos constitucionais em 2012. No dia 17, em Belém, estará reunido o colegiado da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Além da "financeirização" do FDNE e do FDA, os governadores debateram mudanças no perfil do FNE, outro fundo constitucional para o desenvolvimento do Nordeste, abastecido com recursos do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Foi aprovada a elevação de 40% para 50% da parcela do fundo dedicada às micros e pequenas empresas, bem como restrições à utilização do FNE para investimentos em importação de máquinas e geração de energia elétrica.

O argumento para barrar o financiamento aos projetos de energia é de que os empreendimentos desse setor, especialmente os parques eólicos, têm enxugado quase todo o dinheiro dos fundos constitucionais, não deixando espaço para outros setores. A decisão, entretanto, encontrou resistência nos governadores do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), e da Bahia, Jaques Wagner (PT). Os dois manifestaram preocupação com os efeitos da medida sobre os investimentos nos seus Estados.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou que esse tipo de projeto pode encontrar no BNDES uma fonte inesgotável de financiamento.

Valor Econômico.  
Por Murillo Camarotto | Do Recife