terça-feira, 25 de outubro de 2011

O "homem" da Presidenta: Geólogo gaúcho é o 'zagueiro' da presidente

 
Por Fernando Exman | De Brasília
Em meio a um despacho rotineiro, na frente de outros assessores e ministros, a presidente Dilma Rousseff disparou sem dó para seu interlocutor: "Você não me diga que voltou a roer as unhas". O puxão de orelha em tom maternal até surpreendeu os presentes. Mas foi uma demonstração da proximidade entre Dilma e o alvo de sua interpelação, o chefe de gabinete presidencial, Giles Carriconde de Azevedo.

Giles, 50 anos de idade, é o tipo de pessoa que passa despercebida pelas ruas de Brasília. Discreto, não ostenta a proximidade que tem com o poder. Mas os políticos, empresários e representantes de entidades da sociedade civil que pretendem chegar perto da presidente Dilma Rousseff sabem muito bem de quem se trata e do acesso que o geólogo gaúcho pode lhes garantir à sala mais poderosa da República.

Pela lei, Giles comanda a estrutura que garante a assistência direta à presidente, a organização da sua agenda, a gestão das informações em apoio à decisão, o cerimonial, a secretaria particular, o acervo documental e a sua ajudância-de-ordens. Funcionários do Palácio do Planalto, no entanto, resumem: Giles é um "zagueiro" que serve de anteparo a Dilma.

É responsabilidade do auxiliar da presidente conversar com quem Dilma não receberá em audiências, assim como contextualizar à presidente o que foi dito em encontros já realizados e sugerir com quem Dilma deve se reunir em viagens aos Estados e que temas deve abordar com esses interlocutores. Giles, na avaliação de quem trabalha ou já trabalhou com ele, tem a função de um operador político. "A organização da agenda é uma questão política. O chefe de gabinete tem que saber como é o pensamento político do titular da Pasta e o que é feito pelo governo em relação aos mais diversos assuntos", explica uma pessoa próxima a Dilma e Giles.
Geólogo de formação, o chefe de gabinete da presidente está à frente no governo das discussões de assuntos de seu domínio, como o novo marco regulatório da mineração. Giles também participa das reuniões de coordenação política do governo, opinando sobre os desafios do Executivo e a conjuntura política. "Ele organiza, prioriza e define a agenda da presidenta, gerenciando tensões que, na prática, revelam quais são as prioridades políticas do governo", comenta um integrante do primeiro escalão do governo.

Não é de hoje que Giles, avesso a jornalistas e acostumado a agir nos bastidores, é considerado um homem de confiança de Dilma Rousseff. Os dois se conhecem desde os tempos em que eram militantes do PDT do Rio Grande do Sul. Brizolistas e da ala mais à esquerda do partido, ambos faziam parte do grupo liderado pelo ex-marido de Dilma, o ex-deputado estadual Carlos Araújo. Naquela época, quando foi secretário estadual e nacional da Juventude pedetista, chegou a frequentar a casa de Dilma e Araújo.

"Ele [Giles] sempre exerceu funções extremamente importantes e nunca criou problemas. Teria condições de se candidatar, mas nunca quis. Nunca teve a pretensão, sempre ficou na assessoria política", lembra Carlos Araújo.

Pela proximidade, Giles invariavelmente está exposto ao humor da chefe. Mas a descontração também está presente na relação dos dois, como nas vezes em que Dilma faz questão de caçoar do fato de Giles já ter ido quatro vezes passear na Antártida.

Pode-se dizer que Giles "especializou-se" em chefiar gabinetes ao longo de sua carreira. Primeiro, exerceu a função para o deputado federal Vieira da Cunha (PDT-RS), quando o parlamentar ainda era deputado estadual. Na época, coordenou uma derrotada campanha de Vieira da Cunha à Prefeitura de Porto Alegre e também foi da assessoria da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, onde destacou-se pela produção de estudos e pareceres para os parlamentares. Giles ainda fez carreira no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), antes de sua trajetória voltar a cruzar com a de Dilma.

Após a eleição do pedetista Alceu Collares ao governo gaúcho em 1993, Dilma foi nomeada secretária de Energia, Minas e Comunicação. A presidente já havia sido da equipe de Collares. Após participar da fundação do PDT gaúcho ao lado do ex-marido, Dilma trabalhou na assessoria da bancada estadual do partido entre 1980 e 1985. No ano seguinte, Alceu Collares, à época prefeito de prefeito de Porto Alegre, colocou-a à frente da Secretaria da Fazenda de sua administração.

Alceu Collares nomeou Giles para chefiar seu gabinete, decisão que promoveu uma aproximação entre Dilma e seu futuro auxiliar. Como resultado, Dilma convidou-o para reforçar a Pasta de Energia, Minas e Comunicação. Giles topou, mas decepcionou-se quando percebeu que não iria voltar a atuar na sua área de formação, a geologia e mineração. A então secretária preferiu colocar o correligionário na presidência da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), onde Giles participou do processo de implementação do sistema de distribuição no Estado do gás natural adquirido da Bolívia e ajudou o governo a resistir a privatizar a estatal.

Dilma e Giles permaneceram na gestão do petista Olívio Dutra. No entanto, quando o PDT rompeu com o governo petista, ambos deixaram o partido, filiaram-se ao PT e consolidaram a sua parceria profissional. Recentemente, na presença de alguns ministros, Dilma e Giles rememoraram as articulações que culminaram no afastamento entre petistas e pedetistas depois de uma reunião no Palácio da Alvorada. Os petistas presentes se divertiram com as histórias, apesar de o episódio ainda provocar ressentimentos entre pedetistas.

O geólogo foi recompensado poucos anos depois. Após destacar-se na transição dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff foi nomeada em 2003 ministra de Minas e Energia e indicou o auxiliar para chefiar a Secretaria de Minas e Metalurgia.

Giles retornou então ao seu campo profissional original, e logo no ano seguinte foi beneficiado por um decreto que ampliou os poderes da sua secretaria para autorizar a exploração mineral no país. O mesmo ato mudou o nome da área chefiada por Giles para Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. No governo, a medida foi vista como um símbolo da confiança depositada pela então ministra ao subordinado.
"A relação dos dois é de muito tempo e de muita cumplicidade", comenta uma fonte do primeiro escalão do governo. "Eles se entendem pelo olhar."

Giles seguiu com a chefe para a Casa Civil quando, em 2005, Dilma Rousseff foi convidada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a substituir José Dirceu em meio ao escândalo do mensalão. Lá, onde chegou a ser secretário-executivo-adjunto e por algumas vezes na ausência da então ministra assumiu a chefia da Pasta, o geólogo firmou-se como um dos principais assessores de Dilma.

Era Giles o responsável pela agenda e a interlocução da chefe da Casa Civil com o meio político. Quando Dilma não tratava diretamente com as principais lideranças políticas ou governadores, Giles fazia o meio de campo. A consequência não poderia ser outra: a importância estratégica da função exercida por Giles crescia à medida que Dilma conquistava um maior espaço na administração de Lula e se consolidava como potencial candidata à Presidência da República. Parlamentares sabiam que atender a um telefonema do gaúcho era o mesmo que receber um recado da própria Dilma.

Em 2010, Giles foi novamente carregado por Dilma quando a então ministra desincompatibilizou-se para disputar a eleição presidencial. Responsável pela agenda da candidata, Giles integrou o núcleo da coordenação da campanha petista. Não à toa, Giles integrou a lista com os primeiros nomes dos indicados por Dilma Rousseff para tocar a transição de governos.

Nomeado chefe de gabinete da presidente, Giles está à disposição de Dilma em tempo integral, mas não abre mão de buscar os filhos na escola nos fins das manhãs. Quem conhece o gaúcho sabe que a atividade é considerada "sagrada" e Giles só abre mão de realizá-la se não tiver outra opção. Fanático pelo Grêmio, o gaúcho debate futebol com paixão. E tem também outra válvula de escape: sempre que pode vai para o mato passear de jeep nos arredores de Brasília com sua turma de trilheiros.


Policial diz não ter provas que incriminem diretamente ministro

Por Agência Brasil
BRASÍLIA - O policial militar João Dias Ferreira disse que hoje  que não tem provas para incriminar diretamente o ministro do Esporte, Orlando Silva. Ferreira disse, no entanto, que todos os interlocutores com quem ele (Ferreira) falava nas gravações eram ligados ao ministro. O policial prestou depoimento hoje na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília.

O policial entregou à PF treze arquivos de áudio, um celular, documentos que apresentam supostas irregularidades e convênios do programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte.
A Polícia Federal informou que o laudo da perícia das gravações feitas por Ferreira, autor de denúncias sobre a existência de um esquema de corrupção no Ministério do Esporte, devem ficar prontas no final da próxima semana.

Ex-militante do PCdoB, mesmo partido do ministro, João Dias Ferreira é responsável pela Federação Brasiliense de Kung Fu e pela Associação João Dias de Kung Fu, organizações não governamentais (ONGs) com as quais o ministério firmou dois convênios em 2005 e 2006, para que crianças e jovens em situação de risco fossem atendidos pelo Programa Segundo Tempo, criado pelo governo federal para incentivar crianças carentes a praticar atividades esportivas.

Segundo a denúncia do policial militar, Orlando Silva comandaria um esquema de desvio de parte do dinheiro que o ministério repassava a entidades conveniadas ao programa federal. Ferreira e um de seus funcionários, Célio Soares Pereira, haviam garantido que Silva recebeu pessoalmente, na garagem do ministério, parte do dinheiro obtido com o esquema.
(Agência Brasil)

Análise: Qualquer ajuda da China sairá a um custo alto para a Europa


Por Tom Orlik | Dow Jones Newswires
PEQUIM – As histórias de dois encontros de cúpula revelam o provável preço do apoio da China à Europa. Em 2008, uma raivosa China cancelou sua cúpula anual com a União Europeia por causa de um insulto político: o encontro do presidente da França, Nicolas Sarkozy, com o Dalai Lama. Desta vez, foram os europeus que pularam fora do compromisso – originalmente agendado para terça-feira – porque eles estavam muito ocupados em enfrentar sua crise da dívida.

O que não era tão claro há três anos, mas que hoje é bastante evidente, é que o equilíbrio de poder está mudando. As pesadas dívidas da UE e os fundos bolsos da China ajudaram a acelerar essa mudança no cenário.

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, e outros líderes chineses fizeram um tour pelo velho continente prometendo apoio à Grécia, Espanha e Itália nessa hora de necessidade. Mas fora alguns poucos dados inconclusivos e sugestões de autoridades europeias, que têm todo o interesse em alardear uma demanda por seus ativos, não está claro se a China realmente aumentou suas compras de títulos da dívida de países europeus.

A Administração Estatal de Câmbio – que administra as reservas internacionais da China – está focada em segurança em vez de retorno. Portanto, parece improvável que o país mergulhe de cabeça na dívida emitida por países europeus em dificuldade financeira.

Se a Europa quer receber uma verdadeira injeção de capital da China vai ter de colocar ativos reais, ou concessões políticas, à mesa.

Esse processo já está em andamento. Em julho de 2010, a chinesa Cosco, uma gigante estatal de navegação, assinou um contrato de arrendamento de 35 anos de um porto grego por US$ 4,2 bilhões. Para uma importante nação comercial, nada mais estratégico do que um porto.
Além de tijolos e argamassa, a China tem outros interesses. A designação como uma economia de mercado sob as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) pode estar no topo de sua lista, mas isto limitaria a capacidade da Europa de adotar ações contra a China em questões comerciais.

Wen já deixou escapar que o apoio da China para uma endividada Europa estaria atrelada a uma mudança da posição da UE nesta questão chave.

O fim do embrago europeu sobre vendas de armas à China, imposta desde o massacre de Tiananmem de 2989, pode parecer uma possibilidade mais distante. Mas as críticas da Europa ao histórico de violações aos direitos humanos da China estão mais amenas do que já foram. E no final de 2010 até mesmo circularam informes na imprensa europeia de que a chefe da diplomacia da EU Catherine Ashton teria estimulado os Estados membros a reverem esse embargo.

À medida que a desenrola a crise da dívida e a posição da China continua a se fortalecer, mesmo o que era impensável antes pode vir a entrar na mesa de negociação.
(Tom Orlik, da Dow Jones Newswires)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Jarbas Vasconcelos vai recorrer da decisão


Após a aprovação da intervenção nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nas atividades administrativas da OAB Seção Pará, o presidente Jarbas Vasconcelos afirmou ao DOL, na manhã de hoje (24), que vai recorrer da decisão. “Foi um sessão sigilosa, então não posso adiantar nem quando, nem o que eu vou fazer. Mas foi uma decisão completamente arbitrária, o que envergonha a OAB”, disse.

O resultado do julgamento deixará os dirigentes envolvidos no processo afastados por seis meses, até que a 2ª Câmara da Ordem decida o que será feito. Caso sejam provadas as denúncias contra os envolvidos, eles podem ser punidos com a perda da carteira da Ordem e ficarão impedidos de advogar.

Além de Jarbas, foram julgados como envolvidos o secretário-geral, Alberto Campos Júnior, e os diretores licenciados Evaldo Pinto, Jorge Medeiros e Albano Martins.
Eles fizeram parte do episódio da  venda de um terreno da subseção de Altamira, suspeita de irregularidades, que culminaram na falsificação da assinatura do vice-presidente da OAB-PA. (DOL)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Governo de transição da Líbia confirma que Kadafi foi morto ao tentar fugir em comboio

SIRTA, Líbia - O ex-ditador líbio Muamar Kadafi se tornou nesta quinta-feira o primeiro líder a ser morto após ser deposto na Primavera Árabe. Depois de dois meses escondido, ele foi encontrado ao tentar fugir de Sirta, tomada nesta manhã por combatentes do Conselho Nacional de Transição (CNT). Após muitas especulações, o ministro da informação do conselho, Mahmoud Shammam, afirmou que o ex-ditador foi alvejado e morreu. Pouco depois, o primeiro-ministro do governo interino, Mahmoud Jibril, confirmou a informação, comemorando o fim definitivo da era Kadafi, após 42 anos.
- Estávamos esperando por esse momento há muito tempo. Muamar Kadafi foi morto - afirmou Jibril, em entrevista coletiva em Trípoli.



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