segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ministério quer criar um Vale do Silício da biodiversidade



Emancipar a economia verde no Brasil é um dos projetos da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, do Ministério da Ciência e Tecnologia. A intenção é criar parques tecnológicos que agreguem valor à biodiversidade. "É um projeto difícil e visionário", diz o secretário Carlos Nobre. "Isso existe há muitos anos em outros países, não é invenção do Brasil. O que é novo é o parque mirar a biodiversidade."
A intenção é criar, nas regiões mais biodiversas do país, um ou dois parques de pesquisa e desenvolvimento, nos moldes do Parque Tecnológico de São José dos Campos, (SP), atraindo empresas, pesquisadores, universidades e desenvolvendo novos produtos. 

O que se quer é criar um modelo de desenvolvimento para a Amazônia que extrapole o padrão extrativista e chegue ao conceito de bioindústria, do economista Ignacy Sachs. Nobre exemplifica com o açaí: "Tem muito valor agregado, mas nós vendemos praticamente a polpa da fruta". No Brasil, só se faz sorvete. Na Califórnia, para onde o açaí foi levado em 1998 por dois surfistas que vieram competir no Recife, a fruta é transformada em 20 produtos diferentes.
 
"Lá é artigo de luxo. Um copo de açaí é vendido nos cafés a US$ 6 ou US$ 8", conta Nobre. O açaí já movimenta, no mundo, perto de R$ 5 bilhões. Nos EUA, fazem fitoterápicos, alimentos, cosméticos. "Ele sai da floresta a US$ 1 o litro. Em São Paulo alcança valor 20 vezes maior. Na Califórnia, 70 vezes maior. "Dá para desenvolver este potencial sem derrubar floresta." 

Já foram identificados 300 produtos amazônicos, mas o Brasil usa comercialmente só cinco ou seis - guaraná, açaí, castanha, cupuaçu, graviola e látex, não mais que isso. "Temos que desenvolver uma indústria que empregue, crie renda e gere desenvolvimento."
 
Para criar esta espécie de Vale do Silício da biodiversidade, Nobre convidou Carlos Alfredo Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do programa Biota-Fapesp, para dirigir o Departamento de Políticas e Programas Temáticos da secretaria. A ideia é atrair para o parque indústrias de energias renováveis, farmacêuticas, de cosméticos. "Temos que quebrar essa lógica que vê uma área tropical com muita água e pouca densidade demográfica e pensa só na agricultura tradicional", diz "Temos uma economia verde, lucrativa, que é a economia do conhecimento natural."
 
Nobre lembra que existem hoje 750 mil km2 na Amazônia que estão desmatados, e desses, entre 160 mil km2 e 200 mil km2, abandonados. "Com uma fração disso, podemos aumentar a produtividade da carne e da soja sem expandir fronteira agrícola", diz. "É fazer com que retorne a ser produtivo o que já está desmatado." (DC)


domingo, 9 de outubro de 2011

Presidente do BC prevê recuo da inflação em outubro



Num instante em que o IBGE acaba de anunciar que a inflação bateu em 7,31% no acumulado de 12 meses, Alexandre Tombini prevê dias menos piores:

“Nosso horizonte é dezembro de 2012, mas em outubro [de 2011] a inflação em 12 meses vai começar a recuar em 0,30 ponto.”

Antes, o presidente do Banco Central previra que o pior momento da inflação de 2011 seria vivido em agosto. 

Vencido pelo índice de setembro (0,53%), Tombini reposicionou-se numa entrevista aos repórteres Valdo Cruz e Sheila D'Amorim.

Prefere realçar o itinerário, não os desvios conjunturais de rota:

“Desde o início do ano, nosso plano de voo, junto com outras políticas, era moderar o crescimento da economia brasileira…”

“…Há sinais cada vez mais nítidos de que essa moderação veio. Mas dissemos também que a política monetária atua com defasagem…”

“…E que, no segundo semestre [de 2011], a ação dessas políticas seria mais fortemente sentida. Isso vem ocorrendo.”

No comando de uma equipe que pisou no freio dos juros em meio à turbulência, Tombini ganhou um apelido molesto: “Pombini”.
No jargão do mercado, autoridades monetárias que suavizam o combate à inflação são chamadas de “pombos”. Adeptos do receituário conservador clássico, são os “falcões”.

‘Pombini’ dá de ombros: “Se é essa a avaliação, estou muito bem acompanhado no mundo hoje em dia.”
O governo opera com meta anual de inflação de 4,5%. O modelo prevê tolerância de dois pontos percentuais.
Significa dizer que, fechando em até 6,5%, a inflação de 2011 ainda estaria dentro da meta.
A expectativa do mercado está em 6,52%, ligeiramente acima do teto de 6,5%”, diz Tombini. “O regime [de metas] está preparado para essas questões….”
”…Dos países que seguem o sistema de metas, várias economias –Inglaterra, Nova Zelândia e outras— estão com inflação acima da banda ou acima da meta.”
Alheio à qualificação da plumagem, Tombini mantém a expectativa de promover novos tombos na taxa de juros.
“[…] Comunicamos na decisão de agosto, quando reduzimos a taxa básica de 12,5% para 12% ao ano, que ajustes moderados seriam consistentes com a convergência da inflação para a meta de 2012. Essa visão continua válida.”
Ele repisa o discurso segundo o qual o BC não deixou de operar com “autonomia” administrativa.
Já se sentiu pressionado por Dilma Rousseff a puxar os juros para baixo? “Não, absolutamente não”, declarou Tombini, em timbre de Falcão.
Há certa pressão em relação a qual é a visão do Banco Central em relação ao que está acontecendo…”
Há “uma cobrança de como o Banco Central está vendo o cenário internacional, o brasileiro.” Nada além disso.
De resto, o mandarim do BC disse que espera concluir o mandato, em 2014, com uma “inflação girando em torno da meta [4,5%] e uma economia crescendo de forma sustentável.” Algo “entre 4,5% e 5%.”

Josias de Souza/UOL



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Pará - Ideflor inicia o projeto Tijolo Verde


Assinatura de um convênio entre o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor) e a Associação Comunitária Santa Rita de Barreira, marcou o início do projeto Tijolo Verde. O convênio foi assinado no último dia 6, ocasião em que também foi apresentado o projeto que será desenvolvido nas cidades de São Miguel do Guamá e Irituia. A solenidade aconteceu na Câmara do Municipal de São Miguel do Guamá e teve a participação de representantes do poder público e da comunidade local.

O “Tijolo Verde” tem o objetivo de promover o reflorestamento de áreas alteradas para garantir a recuperação do passivo ambiental, segurança alimentar e agregação de renda para o agricultor familiar, através do fortalecimento de matéria prima para o setor oleiro-cerâmico da região. “O projeto básico é a base para a transformação dos municípios, sua estratégia não é só produzir lenha, isso é a base. O projeto principal é garantir segurança alimentar dessa produção, incluindo a participação da sociedade no desenvolvimento da região”, ressalta José Colares, diretor geral do Ideflor.

O presidente da Associação Comunitária Santa Rita de Barreira, Iraci Nascimento dos Santos, falou sobre a importância do Projeto Tijolo Verde. “O objetivo principal desse projeto é melhorar a renda das famílias da comunidade. Através dele serão implantados os SAF’s (Sistemas Agroflorestais) de plantas florestais e frutíferas. Isso vai ser bom não só para as comunidades que integram o projeto, mas para várias comunidades do município”, comenta. “Além disso receberemos um viveiro para produção de mudas, que poderão ser vendidas, doadas ou cultivadas, para depois extrairmos a lenha e queimarmos o tijolo. Com isso, vamos tentar acabar com o desmatamento que ocorre devido às queimadas”, diz Valcir Costa, prefeito de Irituia.

A meta do projeto Tijolo Verde é atender 250 famílias em São Miguel do Guamá, produzindo cerca de 400 mil mudas, capacitando 52 multiplicadores em técnicas de produção de mudas e Sistemas Agroflorestais, além de reflorestar 250 hectares de áreas alteradas, até 2012. Em Irituia a meta até o ano que vem é atender 75 famílias, produzir 125 mil mudas, formar 13 multiplicadores em produção de mudas e Sistemas Agroflorestais e garantir o reflorestamento de 75 hectares de área alterada. (Ascom/Ideflor)

Desembargadores João Maroja e Raimundo Holanda, encobrem pedófilo paraense


Por dois votos a um, o ex-deputado Luiz Afonso Sefer foi absolvido da acusação de pedofilia e cárcere privado. O relator da ação, desembargador João Maroja, e o desembargador Raimundo Holanda, votaram pela absolvição de Sefer. Convocado pelo TJE para atuar no julgamento, o juiz Altemar Silva votou a favor da condenação. O julgamento aconteceu na manhã de hoje (6), no Tribunal de Justiça do Estado do Pará. O médico Luiz Sefer era deputado pelo DEM em 2009 quando foi acusado por uma menor de estupro, cárcere privado, violência física, entre outros crimes.

Para se livrar da condenação, Luiz Sefer contratou o advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, para atuar em sua defesa junto com o advogado paraense Osvaldo Serrão. A defesa alegou falta de provas, o que foi levado em consideração pelos juízes para absolver Sefer. Mas, para Clea Carro, representante da ONG Sociedade de Defesa dos Direitos Sexuais da Amazônia, que atuou como testemunha de acusação, os desembargadores  não levaram em conta os resultos dos exames feitos na menor. A defesa afirma que irá recorrer da sentença.

O CASO
Em 2005, aos nove anos, uma menina teria sido levada de Mocajuba, por um outro médico, para morar na casa do então deputado Luiz Sefer, em Belém. Segundo denunciou o Ministério Público, a garota ficou sofrendo sucessivas violências sexuais na casa do médico durante quatro anos. Além do pai, segundo a acusação, o filho também abusava sexualmente da menina, que vive atualmente em programa de proteção de testemunhas.

O caso ganhou dimensão nacional em 2009, quando a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Pedofilia) do Senado Federal veio a Belém e incluiu o caso nas investigações. No mesmo período, o Legislativo local também instaurou uma CPI para investigar crimes de pedofilia. Acuado, Sefer preferiu renunciar ao mandato de deputado a ser cassado por comissão processante instaurada na Assembleia Legislativa.

Pedófilo, Sefer foi absolvido das acusações de estupro e cárcere privado (Foto: Ney Marcondes/Arquivo)
Em junho de 2010, a juíza da Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes de Belém, Graça Alfaia, condenou Sefer e decretou a sua imediata prisão. Mas ele fugiu de Belém e seu advogado impetrou habeas corpus, concedido duas semanas após a condenação pela desembargadora Vânia Bitar. (DOL, com informações do Diário do Pará)