quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pequenas empresas terão apoio específico - Finep pode ser banco, programa para reciclagem de lixo,

1 - Pequenas empresas terão programa específico de apoio à inovação

     A Finep e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lançarão ainda neste ano uma reformulação do Programa Primeira Empresa Inovadora (Prime), voltado para empreendimentos de médio e pequeno portes que queiram inovar. O investimento somará R$ 270 milhões, recursos que serão disponibilizados na modalidade de subvenção econômica.

     Trata-se do Programa de Apoio à Inovação em Micro e Pequenas Empresas, cuja as diretrizes foram antecipadas pelo presidente da Finep, Glauco Arbix, na última terça-feira (16), no seminário “A extensão tecnológica no Brasil”, realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).

     De acordo com ele, as bases da iniciativa são descentralização, desburocratização e garantia de recursos e o desenho do programa envolve diversos atores do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI). O programa será realizado por meio de agentes operacionais, que poderão ser, por exemplo, fundações de amparo à pesquisa, incubadoras ou agências de desenvolvimento, definidos localmente e credenciados pela financiadora.

     “Queremos aumentar a capilaridade da Finep e alcançar todos os pequenos empreendimentos. Em cada Estado essas entidades variam na sua força, dinâmica e capacidade de implementação de políticas de transferência de recursos”, destacou Arbix. A seleção dos projetos será via chamada pública, que contemplará uma empresa por unidade da federação. Cada instituição contará, no máximo, com R$ 400 mil de apoio, repassados pelos agentes operacionais.

     Segundo Glauco Arbix, a proposta do programa é diminuir a distância entre as pequenas empresas e a inovação. Dados apresentados por ele mostram que a procura pelo setor privado por crédito para inovar tem crescido muito nos últimos anos, mas os médios e pequenos empreendimentos não têm acompanhado esse ritmo.

     Para ser ter uma ideia, a demanda por recursos para inovação passou de R$ 300 milhões em 2003, para R$ 4 bilhões em 2010, alta de 1233%. Somente nos oito primeiros meses de 2011, o volume alcançou a marca de R$ 5 bilhões, um crescimento de 1566% se comparado ao valor desembolsado há oito anos.

     “As micro empresas têm uma dificuldade muito grande de utilizar o crédito, por ter muito pouco a oferecer em garantia”, avaliou. “Não há outra maneira de atingir estes empreendimentos e de aumentar a capilaridade para que a gente irrigue o processo de inovação no Brasil”, completou.

     Do total de recursos do novo programa, R$ 220 milhões serão aportados pela Finep e R$ 50 milhões pelo Sebrae. O presidente da agência disse, ainda, que a cifra poderá alcançar R$ 300 milhões “dependendo da generosidade do MCTI”. As empresas terão que apresentar uma contrapartida.

     O período de execução financeira dos recursos é de 18 a 24 meses e serão priorizadas as áreas de tecnologias da informação e comunicação (TICs), energia, saúde, biotecnologia, desenvolvimento social, defesa, entre outras. Pela parceria, a Finep atuará na produção e geração de tecnologias e inovação. Caberá ao Sebrae trabalhar na área de gestão e comercialização.

     O programa será desenhado com o apoio da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), entre outros atores.

     Para saber mais sobre a Finep acesse o site www.finep.gov.br.

 

2 - Fundos apoiados pela Finep têm rendimento superior a média do mercado

     O presidente da Finep, Glauco Arbix, apresentou nesta semana, em Brasília (DF), um breve balanço da atuação da agência em fundos de investimento. De acordo com ele, a financiadora tem registrado um bom desempenho no Programa Inovar Semente, que é a atuação da instituição em fundos de venture capital e capital semente.

     Hoje, a instituição investe cerca de R$ 450 milhões em 28 fundos e de acordo com Arbix, a rentabilidade deles é aproximadamente 12% maior, se comparado a média do mercado, o que os torna uma espécie de farol no ambiente financeiro. “As atividades que nós promovemos são acompanhadas e seguidas com muito interesse por dezenas de outros fundos nacionais e internacionais que trabalham com tecnologia”, disse na terça-feira (16), na Câmara dos Deputados.

     Embora ainda incipiente no Brasil, os fundos de investimento na área tecnológica são um dos mercados mais promissores, na avaliação do presidente da Finep, visto que em países desenvolvidos já são considerados elementos-chave. Vale lembrar, ainda, que esta modalidade é decisiva para a implantação e fixação de pequenas empresas no mercado.

     A iniciativa apoia os chamados start ups, empreendimentos promissores que estão em fase inicial de implementação e organização de operações, alguns ainda em incubadoras de empresas. Nesse estágio, esta modalidade de investimento pode ajudar na capacitação gerencial e financeira do negócio.

     “O pouco dinamismo do país nesta modalidade faz com que as nossas pequenas empresas não contem com essa aposta que é feita por investidores de tal forma que elas possam se beneficiar do investimento e se expandir como devem”, concluiu.

 


3 - Plano Nacional da Educação contemplará extensão tecnológica

     A extensão tecnológica está entre as 10 diretrizes e 20 metas estabelecidas no Plano Nacional da Educação (PNE). O tema foi destaque na Câmara dos Deputados nesta semana, em seminário que discutiu a assistência tecnológica às micro e pequenas empresas e capacitação da população.

     De acordo com o deputado Ariosto Holanda (PSB-CE), que propôs a realização do evento, dos 130 milhões de brasileiros na faixa etária entre 15 e 64 anos, 50 milhões são analfabetos funcionais e uma boa forma de qualificá-los é via extensão tecnológica. “Esse tema foi destaque na Comissão Especial de Educação, que trata do PNE. Foi consenso na comissão que este é o caminho mais ágil e flexível para levar o saber para esses cidadãos”, afirmou.

     O deputado sugeriu a criação de uma ampla rede de extensão tecnológica no país, que envolva, por exemplo, arranjos produtivos locais (APLs), centros vocacionais tecnológicos (CVTs) e incubadoras. Desde 2003, mais de 200 CVTs foram criados no país com o apoio do MCTI, por meio de emendas parlamentares, mas o objetivo da pasta é criar novas unidades nos próximos anos por meio de parcerias com instituições públicas federais, estaduais e municipais.

     Para tanto, o ministério lançará, em parceria com o Ministério da Educação, um programa para ampliar o número de centros. Pela nova proposta, as unidades serão classificadas em quatro categorias: para cidades com menos de 10 mil habitantes; de 10 mil até 20 mil; de 20 mil a 50 mil; e com mais de 50 mil habitantes. A vocação local também será avaliada.

     “Os CVTs são fortes instrumentos de transformação social. O programa está sendo reformulado e vamos mudar a gestão. Eles serão ligados a um instituto federal e vinculados a universidade”, disse o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, que participou do seminário realizado na terça-feira (16). Já no próximo mês, o órgão começará a receber propostas de novos centros por meio do Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse do Governo Federal (Siconv).

     Ariosto Holanda também recomendou a discussão na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados de uma ação política que garanta recursos orçamentários para o MCTI voltados para extensão. De acordo com ele, um programa apoiado em emendas não tem sustentabilidade.

     “Sugiro uma emenda a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias]. Vamos trabalhar nesta emenda para que o ministro tenha condição de tocar esse programa”, disse. "Queremos ir além das emendas e que esse programa seja prioritário do governo federal, com políticas e recursos alocados", completou Mercadante.

     Empresas
     Ainda para o parlamentar, a transferência de conhecimento tecnológico além de ser uma forma de inserir trabalhadores no mercado, também pode evitar o fechamento de empresas. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que nascem no país 720 mil empresas de pequeno e médio porte por ano, mas a mortalidade atinge 90,2% delas, ou seja, 650 mil.

     “Elas morrem porque não conseguem inovar. Não inovam porque estão distantes de quem tem o conhecimento”, disse Holanda. Para resolver este gargalo, ele aposta na assistência tecnológica, que proporciona às empresas serviços de metrologia, melhoria de processos e produtos, propriedade industrial, análises laboratoriais e capacitação tecnológicas dos colaboradores.

 


4 - MCTI anuncia programas de apoio a tecnologias assistivas e de reciclagem de lixo eletrônico

     O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, anunciou na terça-feira (16), que será lançado no próximo mês um programa voltado para tecnologias assistivas. A iniciativa contemplará um contingente de 24,5 milhões de brasileiros que têm alguma deficiência, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

     Para desenhar o programa, o órgão mapeou e cadastrou o que há de mais moderno no mundo voltado para esses cidadãos. De acordo com o ministro, a Finep terá uma linha de crédito para financiar a produção desses equipamentos no Brasil e os bancos públicos disponibilizarão crédito para as pessoas de baixa renda adquirirem os produtos, que vão desde réguas para leitura de textos em braile a carros adaptados.

     “Será um programa bastante amplo. É impossível o Brasil não atender esse tipo de demanda. São mais de 20 milhões de brasileiros e nós podemos fazer a inclusão produtiva e mudar a qualidade de vida desses cidadãos”, disse na abertura do seminário “A extensão tecnológica no Brasil”, realizado na Câmara dos Deputados. Ainda segundo ele, deverá ser criado no país um centro de tecnologia assistiva.

     Lixo eletrônico
     O ministro também adiantou que está sendo formatado um programa nacional para reciclagem e recuperação de lixo eletrônico. A ideia é desenvolver um trabalho semelhante ao realizado pelo Centro de Recondicionamento de Computadores do Recife, que além da recuperação dos microcomputadores, também destina os produtos para pessoas de baixa renda. “A reciclagem de lixo eletrônico está tendo destaque nas ações do MCTI”, garantiu.

     (Cynthia Ribeiro para o Gestão C&T online)

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5 - Brasil terá feirão nacional da inovação

     O MCTI está articulando com a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados a realização de uma feira nacional de inovação. A ideia é reunir empresários das cadeias produtivas do país e as principais instituições financeiras para agilizar a concessão de crédito para projetos inovadores.

     A informação foi antecipada nesta semana pelo ministro da CT&I, Aloizio Mercadante, na Câmara dos Deputados. De acordo com ele, a feira será realizada nas cinco regiões do país e contemplará, principalmente, os empreendimentos de médio e pequenos portes.

     De acordo com Mercadante, o evento poderá ter a participação de bancos como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Finep, além das instituições privadas que financiam capital semente.

     “Todo empresário que tiver um projeto de inovação poderá apresentá-lo no feirão. Se a proposta for boa, será encaminhada, assinada e resolvida”, simplificou na terça-feira (16), durante evento realizado naquela Casa. O objetivo da iniciativa é democratizar o acesso ao crédito para os pequenos empresários.

 

6 - MCTI receberá em 60 dias estudo para transformação da Finep em banco

     Em até dois meses o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, receberá o resultado do estudo para a transformação da Finep em um banco dentro das normas de Basileia, que regem as instituições financeiras em todo o mundo. A pesquisa, encomendada pela pasta, foi realizada pela consultoria internacional Ernest & Young.

     A ideia é tornar a financiadora um banco de fomento à inovação, nos moldes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com o presidente da Finep, Glauco Arbix, até o final de 2011 deverá ser decidido o modelo de formação institucional para o órgão.

     Espera-se com essa modificação ampliar a escala de investimento em inovação no país. Somente nos primeiros oito meses deste ano, a agência contabiliza uma demanda por recursos para inovação da ordem de R$ 5 bilhões. Em 2003, o volume foi de R$ 300 milhões. Trata-se de um crescimento de 1566%.

     “Nós vamos aumentar o volume de crédito e não vai faltar apoio do governo para inovação”, disse Mercadante na última sexta-feira (12), na cerimônia de posse dos novos conselheiros de Administração da financiadora, instância em que ocupa a presidência. “Tem muita coisa chegando de demanda. A gente está querendo isso mesmo. Que o empresariado venha disputar e que a gente possa escolher os melhores projetos”, completou.

     (Com informações da Agência Brasil)


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Para Dilma, cortar juro "não é assim tão fácil". Quando era possível não fez, agora é que está mais difícil.



Agora meu estimado leitor você entenderá porque a Presidente Dilma, não concluiú a dissertação de mestrado em economia da UNICAMP. Quando sai do básico ela é ruim. Agora acha difícil baixar os juros. E quando era mais fácil, quando não tinhamos nem marilhinha, Por que não fez?.
Agora é jogar a água quente com o bebé dentro. 


Será uma política monetarista que teremos pela frente, aumento de juros, um freio na economia. Receita tradicional. Essa festa de gastança que Lula promoveu só uns meses atras, a chefe da Casa Civil, hoje presidente do Brasil, assinou embaixo. Agora começaremos a pagar a conta.

Veja a Matéria do Valor Econômico aqui abaixo. 


Apesar de diversos economistas recomendarem que a resposta do governo a eventual agravamento das condições internacionais deve ser a redução da taxa de juros, a presidente Dilma Rousseff tem visão comedida sobre o assunto.

Para ela, não se trata de escolher como reação mais esforço fiscal ou menos juros. "Não é uma coisa ou outra. São ambas", disse a presidente a um assessor, semana passada. "Ninguém mais do que eu quer baixar a taxa de juros, mas não é assim tão fácil. Não é uma questão de vontade", completou, segundo relato desse interlocutor.

Dilma convocou a reunião do Conselho Político na quarta-feira para deixar uma mensagem cristalina: o governo está muito atento à evolução da crise externa para saber seu tamanho e duração, e o diferencial que o Brasil tem hoje é a solidez fiscal.

"O governo está conduzindo os gastos públicos com mão-de-ferro a ponto de criar uma greve branca no Congresso. Não se vota mais nada lá até que o governo anuncie um cronograma de liberação dos restos a pagar de 2010", contou um funcionário do Planalto. O clima no Congresso é beligerante e os parlamentares ameaçam não aprovar sequer a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), que vence no fim do ano, acrescentou a fonte.
O líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO), deu o tom da insatisfação, após reunião com Dilma: "Não é uma rebelião, é uma contrariedade. O governo agora só quer falar de crise mundial, não quer administrar o país. Nossos prefeitos não vivem em Nova York ".
As recomendações da presidente, porém, arrancaram um compromisso do ministro da Fazenda, Guido Mantega: "Prometo a cada mês uma surpresa no fiscal. Cada vez um resultado melhor, como já tivemos no mês passado, melhor do que todos esperavam", disse em entrevista terça-feira, após reunião de coordenação com a presidente.

"Temos que confirmar nosso diferencial. O diferencial do Brasil, hoje, é ter uma condição fiscal bem arrumada", reforçou o presidente do BC, Alexandre Tombini, na quarta-feira. Tombini sabe que o Copom só poderá reduzir a Selic se Mantega cumprir sua missão.
Armínio Fraga, ex-presidente do BC e sócio da Gávea Investimentos, aplaudiu essas declarações. Ele avalia que o maior problema na reação do governo em 2008 não foi ter adiado por um mês o corte dos juros, mas sim ter operado um desequilíbrio no mix da política econômica. "Expandiram demais o crédito e os estímulos fiscais, limitando o espaço para a queda mais permanente da taxa de juros", disse.

"O ideal, agora, seria fazer o que o governo sinalizou: não expandir o fiscal. Além disso cabe sempre prudência no crédito, especialmente dos bancos públicos, que atuam com objetivos não meramente econômicos", afirmou Armínio. Cumprir a meta de superávit primário para este ano, de 2,9% do PIB, para ele, é suficiente. E, simultaneamente, cuidar dos temas de longo prazo (aumento dos investimentos, educação) "para realmente diferenciar o Brasil da maioria!"

Um ministro, perguntado sobre a razão pela qual hoje a presidente Dilma é mais "fiscalista" do que quando era chefe da Casa Civil, respondeu: "Antes era não era presidente da República. Era gerente do PAC e, como tal, queria gastar".

Política - Azarões do PT em SP apostam em desgaste de Marta e Haddad



BRASÍLIA - A operação da Polícia Federal que prendeu um dos mais próximos aliados da senadora e ex-ministra do Turismo Marta Suplicy criou em setores do partido a expectativa de que ela desista da pré-candidatura a prefeita de São Paulo. Em especial, dois deputados federais que integravam seu grupo mas que após desavenças na campanha eleitoral de 2010 se afastaram dela e agora têm projeto próprio.

Carlos Zarattini, ex-secretário municipal de Transportes e das Subprefeituras; e Jilmar Tatto, ex-secretário de Abastecimento, Subprefeituras; Transportes e Governo da gestão Marta, entre 2001 e 2004, figuram como azarões no embate interno na legenda e precisam superar três obstáculos para prevalecer. O primeiro, a desistência de Marta e a migração para eles do eleitor da senadora, de dentro e fora do PT. O segundo, o ministro da Educação Fernando Haddad, cuja candidatura, ungida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é considerada por ambos como "a negação da política".

"A Marta já teve oportunidade várias vezes na vida. Foi três vezes candidata a prefeita, uma a governadora e uma a senadora", diz Zarattini. "Há um esgotamento político da Marta, que precisa se reciclar, se refazer politicamente na cidade, reconstruir pontes que foram fechadas por ela", declara Tatto, que também questiona se, no imaginário petista, é possível aceitar alguém recém-eleito como a senadora deixar o cargo para um suplente de outro partido (no caso o PR, que tem a primeira suplência da petista).

Em tese e segundo avaliações do grupo, considerando-se o tamanho de cada corrente interna do PT paulistano, o maior beneficiado com uma desistência de Marta seria Zarattini. Sua corrente, a Novo Rumo, tem mais de 35% do diretório municipal. O grupo de Tatto tem 22% do diretório, ao passo que o de Marta tem 20%; e a de Haddad, 10%. Mas integrantes do partido dizem acreditar que, em um processo interno, essas transferências não são automáticas. O que vale também para colocar em xeque até onde o apoio de Lula será determinante.

"Há sim um setor do PT que não quer saber, que o que Lula fala é lei, que não quer debate. Essa é a parte pobre da política. Mas no geral tem um pessoal que não se influencia. Que não é tão automática assim essa transferência", diz Tatto. Em sua avaliação, Lula coloca o ministro "em uma fria", "porque Haddad não gosta de política, gosta de universidade, e para o processo eleitoral, o eleitor percebe que ele não tem pegada, não tem a vibração que um candidato precisa ter".

Zarattini acha que Haddad não é conhecido no PT, pelas lideranças de bairro, pelos militantes, e que o apoio de Lula não resolve esse problema. "Se o Lula entra em campo de fato e chama as lideranças, e essas lideranças repassam para baixo esse apoio ao Haddad, aí realmente vai dar uma desequilibrada. Mas não sei se ele vai se envolver tanto assim a fundo".

Tanto Zarattini quanto Tatto acham que se forem realizadas prévias as chances de o candidato preferido de Lula vencer são diminuídas (por isso o ex-presidente não quer prévias), assim como - mas em menor grau - se a opção for por um congresso municipal com os cerca 500 delegados da cidade. Alegam que, quanto mais gente participar do processo, mais diluído ele ficará, o que diminuiria as chances de um candidato sem antiga interlocução com os filiados.

Nesta seara e sem a presença de Marta, apostam, o embate seria mesmo entre ambos. E aqui apresenta-se o terceiro obstáculo de cada um. "Entre eu e o Zarattini não podem ficar os dois, só um de nós", diz Tatto. A razão, com a qual Zarattini compartilha, é que eles detêm o mesmo perfil: são novidade em uma disputa para o Executivo municipal, participaram do governo Marta, e têm base consolidada no município de São Paulo. Tatto foi o petista mais votado na capital paulista, com 170 mil votos, seguido de Zarattini, com 108 mil.

Zarattini acha que é o mais capacitado para entrar em um dos setores tradicionalmente mais alheios ao petismo em São Paulo: a classe média (a "antiga", não "a nova"). Em razão disso, aposta em um discurso de redução do custo de vida da população por meio de redução de impostos e ainda no resgate do discurso petista pré-governo Lula: o combate à corrupção. Principalmente por meio da punição de empresas corruptoras. Mas é crível falar em ética após as denúncias de corrupção do governo Lula? "Temos que olhar para a frente. Não quero discutir mensalão, aloprados, quero saber quais medidas temos que tomar para evitar isso", diz.

Tatto fala sobre os problemas da mobilidade urbana da cidade, principalmente as que afetam a periferia e a "nova" classe média. Diz que a campanha tem que focar os benefícios que uma prefeitura parceira do governo federal pode trazer para obras de infraestrutura que beneficie as classes mais baixas da população. "É nessa área que entro com precisão por ter sido secretário municipal de Transportes quando foi feita uma revolução na área no governo Marta."
(Caio Junqueira | Valor)

sábado, 13 de agosto de 2011

Lula diz que presos não são "bandido qualquer"




Ex-presidente critica a PF por algemar suspeitos de fraudes no Turismo

Marta Suplicy, que chefiou a pasta, evita defender ex-aliado preso por ações após sua saída do governo


VERA MAGALHÃES DE SÃO PAULO
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar ontem a ação da Polícia Federal nas prisões da Operação Voucher. Ele disse que alguém com documentos e endereço conhecidos não deveria ser preso como "um bandido qualquer".

"Não é aceitável que uma pessoa que tem endereço fixo, RG e CPF seja presa como se fosse um bandido qualquer e algemada como se estivesse participando de uma exposição pública", afirmou.
Lula fez a ressalva de que a PF é uma instituição respeitável, que não deveria ser condenada por "excessos" de alguns policiais, e disse que todas as suspeitas têm de ser investigadas com rigor.

A senadora Marta Suplicy (PT-SP), que foi ministra do Turismo no governo Lula, disse que o ex-secretário-executivo da pasta Mário Moyses "sempre foi uma pessoa muito correta", mas evitou defendê-lo por atos após sua saída da Esplanada.

"Depois de maio de 2008, não posso falar. Saí em maio de 2008 e fui fazer uma campanha. Não fiquei com nenhuma ligação com o ministério", afirmou Marta.

Ela disse ainda que a prisão do ex-assessor não vai atrapalhar sua postulação a uma nova candidatura à Prefeitura de São Paulo.

"Fico completamente ultrajada de ter sido colocada nisso. Não tenho nada com isso", disse a senadora ontem à noite, na Vila Formosa, onde participou de caravana do PT com os pré-candidatos do partido à prefeitura.

Questionada sobre a operação da PF a e a divulgação de fotos dos presos na Operação Voucher, Marta disse: "Fico me perguntando por que estão fazendo isso com as pessoas sem que haja provas. E se num segundo momento ficar provado que são inocentes, o que vão fazer?"

O ministro Fernando Haddad (Educação), que participou com Lula da Feira Literária de São Bernardo, saiu em defesa de Marta, com quem disputa a chapa do PT à Prefeitura de São Paulo em 2012.

Ele disse que a prisão do ex-presidente da Embratur Mário Moyses, que assessorou Marta no Ministério do Turismo, não prejudica a pré-candidatura da rival.

"Ela deixou o ministério há quanto tempo? Você responde pela sua gestão. Além do que, existe o direito de a pessoa se defender das acusações", afirmou Haddad, que evitou responder às críticas recentes da adversária.

O PAC muda de mãe

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a ministra Miriam Belchior (Planejamento) não deve ser a candidata do PT à Prefeitura de Santo André (SP) para ficar no governo.

"Antes a Dilma era a mãe do PAC", disse Lula. "Agora, a mãe do PAC é a Miriam", completou

Grampo mostra foragido ensinando a superfaturar

"É pro governo, tudo vezes três", diz empresário suspeito de fraude no Turismo

Escuta flagra Humberto Silva Gomes orientando interlocutor a inflar artificialmente o valor de contratos públicos.
Conversas telefônicas interceptadas pela PF mostram suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo discutindo como superfaturar e até falsificar documentos em licitações. "Superfaturamento sempre existe", conta o empresário Humberto Silva Gomes. Agora foragido, ele relata ao interlocutor que em Brasília corre a máxima: "Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três".


Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo.

Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que "quando o dinheiro é público não pesa no bolso" e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: "Mandou para Brasília, ficou fácil", diz uma investigada.

Na terça, a PF prendeu 36 suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo em convênios com ONGs -entre servidores e empresários que faziam negócios com a pasta.
Em conversa gravada com autorização judicial, em 21 de junho de 2011, o empresário Humberto Silva Gomes diz que no Brasil "o governo paga e quer que você apenas gaste direitinho, ele não quer um retorno". Ele é sócio da Barbalho Reis, uma das empresas suspeitas de integrar o esquema, e está foragido.

"Quando é dinheiro público, não pesa no seu bolso. Aí você joga pro alto mesmo, até porque se você não jogar você vai perder logo de cara, porque todo mundo vai jogar. Criou essa ideia aqui: "Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três'", diz Humberto: "Superfaturamento sempre existe".

Em outro diálogo, de 26 de maio, Sandro Saad, diretor financeiro da ONG Ibrasi, conversa com um empresário sobre um edital da Prefeitura de São Vicente (SP) que nem sequer tinha sido lançado.

No áudio, Sandro pergunta se eles vão "falsificar os outros [concorrentes] ou tentar compor o jogo" e diz que "o pessoal lá de dentro" quer que ele pegue a licitação.
Em outra escuta, os diretores do Ibrasi, Maria Helena Necchi e Luiz Gustavo Machado, falam sobre como vão adulterar papéis do convênio no Amapá para simular comprovação de despesas que não teriam sido realizadas.

Esta era uma exigência para que a ONG recebesse recursos de um segundo convênio com o governo federal.
"São aqueles pontos lá, e eles vão fazer uma carta, uma, não sei o termo como é que chamam, mas é um termo jurídico, não vou lembrar o nome agora", afirma Luiz Gustavo. Em seguida, Maria Helena apoia o colega.
E ele conclui que "se eles não concordarem [em liberar o segundo convênio] vão mandar pra Brasília, mandou pra Brasília ficou fácil".

SURPRESA
Ainda segundo as escutas, o secretário-executivo do Ministério, Frederico Costa, pergunta ao assessor Antonio dos Santos Júnior se é possível acelerar prazos.

Em resposta, Júnior afirma que pode "fazer de tudo pra atropelar algumas coisas". A Folha revelou ontem que os acusados de desvio de verbas no Turismo tinham livre acesso ao ministério. Eles chegaram a usar a sala do assessor do secretário-executivo da pasta, Frederico da Silva Costa, chamado-o de "bambambã" e "reverendo".

(MATHEUS LEITÃO, CÁTIA SEABRA, DIMMI AMORA, BRENO COSTA E MARIA CLARA CABRAL)

Eike Batista para líder do governo


"Quis sinalizar para o mercado que o mundo real está pegando fogo". O empresário Eike Batista explicava à repórter Marina Falcão, do Valor, as razões por que, face a perdas bilionárias dos papéis de suas empresas na bolsa, resolvera dar um aumento salarial de 8,5% a seus funcionários.

O empresário enxerga uma janela de oportunidades para o Brasil em mais essa leva de inquietações nas finanças mundiais. Acha ridículo o risco da dívida de um país que imprime a moeda mundial - "Não vai faltar tinta nem papel" - e diz que vai sobrar no mundo a mão-de-obra qualificada de que falta ao Brasil.

Esforço pela biodiversidade pode favorecer as comunidades locais


O declínio da biodiversidade é consequência da baixa valorização da matéria-prima extraída da natureza. Manoel Cunha, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CSN), conhece bem essa situação.

"O grileiro chega e oferece um valor irrisório pela floresta; como o caboclo em geral está insatisfeito com o que apura no trabalho, ele aceita qualquer oferta e se muda para a cidade grande, imaginando que terá uma vida melhor. Todo mundo sabe como termina essa história". Cunha falou durante o painel que tratava de biodiversidade, na Conferência Ethos.

Encontrar valores econômicos que contemplem a sobrevivência das populações extrativistas e representem vantagem para investidores são os desafios. Segundo Cunha, a questão só será resolvida a partir de um modelo de política pública favorável aos dois lados. E a transformação deve ser radical. "Até início dos anos 1990 o governo incentivava o desmatamento. Quem não desmatava não conseguia crédito."

As consequências estão aí: "Não tivemos tempo nem oportunidade de formar técnicos para lidar com a biodiversidade."

"O extrativista é um caboclo que depende não só de políticas públicas, mas precisa de orientações técnicas diferenciadas sobre como lidar com as culturas; precisa aprender a tratar com mercados diferenciados e obter compensações para desenvolver uma atividade em harmonia com o meio ambiente."

Mesmo com tantas carências, Claudio Maretti, líder da Iniciativa Amazônica do WWF, demonstrou otimismo durante sua participação no painel. "Somos o país que mais reduziu emissões de carbono associadas a desmatamento", disse. "Apesar de recente, esse histórico é muito positivo."

Esse histórico leva Maretti a prever desmatamento zero até 2020. Para tanto ele enumera providências básicas e urgentes: investimento no desenvolvimento do valor econômico da floresta e dos ecossistemas, mecanismos de compensação para quem não desmata (item que o Código Florestal não prevê), além da valorização dos ativos da floresta. "O modelo que temos hoje é contra a biodiversidade", alerta Maretti.

Embora nas duas últimas décadas o governo federal tenha reduzido em 40% o desmatamento na Amazônia, a partir de fiscalização e criação de áreas protegidas, Luciano Penido, mediador do painel, acredita que ainda há muito por fazer.

É imprescindível, na opinião dele, promover a integração das fronteiras com os países amazônicos. "O momento é propício", diz ele. "Como já temos georreferência, precisamos também de um cadastro ambiental rural - transparente e à disposição de toda a sociedade". Segundo Penido, grandes proprietários e empresas devem arcar com esse custo. "O cadastro ambiental é fundamental para a preservação da diversidade e nem é tão caro."

Manoel Cunha citou o Fundo Médio Juruá, parceria entre a comunidade de Carauari e a Natura como um exemplo de melhoria do processo coletivo. "Os investimentos melhoraram a produção, o beneficiamento e a distribuição", conta Cunha. "Antes disso passávamos três horas caminhando até chegar à área de produção; hoje temos um rabete, que nos leva à área de produção em uma hora, o que aumentou a produção de forma sustentável. Mas precisamos de mais empresas que queiram fazer negociação saudável na Amazônia, em que o investidor ganha e o caboclo, também", disse.

A população extrativista de Carauari envolve 200 mil famílias. "Estamos mais felizes do que há dez anos", diz. "Antes éramos classificados como doidos defendendo a floresta. Hoje, o sofrimento geral que veio com os efeitos das mudanças climáticas mobilizou a sociedade para uma economia verde". Cunha continua: "Nos últimos dez anos caminhamos o que não caminhamos em 100 anos".

Há muito a se fazer ainda, na opinião de Rodolfo Gutilla, diretor de assuntos corporativos e relações governamentais da Natura. Gutilla ficou entusiasmado com a revelação de Bráulio Ferreira Dias, secretário de biodiversidade e florestas do Ministério do Meio Ambiente, que reconheceu que a legislação brasileira está a merecer um item específico que contemple o acesso das empresas ao patrimônio genético. "Como explicar aos acionistas que o governo leva 17 meses para aprovar uma autorização de acesso ao cacau, ou à andiroba?", questionou.
Tanto o governo como as empresas deveriam olhar a biodiversidade como uma oportunidade de negócio, segundo Maretti, do WWF. "Ainda que a sociedade grite contra o desmatamento, por enquanto estamos apenas reduzindo o prejuízo", diz. E citou um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente que mostra a necessidade de o Brasil investir US$ 40 bilhões ao ano para conservar as florestas. "Perdemos cem vezes mais com o desmatamento."
Silvia Torikachvili | Para o Valor, de São Paulo
12/08/2011

Vazaram fotos de envolvidos em operação contra corrupção no Ministério do Turismo

Vazaram há pouco as fotos de seis dos presos na operação Voucher. Os homens são acusados de envolvimento em um esquema de irregularidades em convênios entre empresas privadas e o Ministério do Turismo. Dentre os que aparecem nas fotos estão o secretário executivo do Turismo, Frederico Silva Costa (o do meio, no quadrante de cima), o secretário de Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins (primeira foto), e ex-secretário executivo da pasta Mário Augusto Lopes Moysés (sem identificação), indicado pela senadora Marta Suplicy (PT-SP).

Coluna do C. Humberto

O turismo no Pará não anda

O Liberal (R-70)

Pirataria
Um grupo de turistas estrangeiros foi atacado
por piratas em Santarém, mas a empresa
responsável pelo passeio manteve o caso
sob sigilo. Nem a polícia local comunicou o
episódio à delegacia-geral ou à Paratur, que
soube através de terceiros e entrou no circuito.
O operador de Santarém permitiu aos
turistas passarem a noite em uma área isolada,
distante de Alter-do-Chão, e não disponibilizou
seguranças para a embarcação.
Quer dizer, deu mole para os piratas, que,
como se sabe, só querem um pezinho...


Providências

O episódio desagradou à Paratur, embora
as vítimas não tenham sofrido danos, a não
ser de ordem material. Preocupada com a
segurança dos turistas que visitam o Pará, a
empresa negocia desde janeiro a instalação
de um grupo de polícia especializada no aeroporto
de Belém e até criou uma gerência
de Assuntos Internacionais para cuidar desses
casos.

Acontece que quando os operadores
de turismo não fazem a sua parte na
segurança, fica difícil conter a violência.