quarta-feira, 16 de junho de 2010

Biodiversidade ainda não explorada, perda de US$ 5 bilhões ano - Editorial da Folha desta Terça 8/jun

Folha de S.Paulo, Terça 8 de Junho de 2010
Editorial

DIVERSIFICAR E EVOLUIR

Celebrado como campeão da biodiversidade, o Brasil nem mesmo engatinha no aproveitamento desse patrimônio genético em benefício da população.

Estima-se que vivam nas matas brasileiras algo entre 1,4 milhão e 2,4 milhões de espécies vegetais e animais, talvez um oitavo da diversidade biológica da Terra.

No entanto, a mais óbvia forma de exploração desses recursos -medicamentos produzidos a partir de plantas, ou fitoterápicos- não fincou raízes por aqui. Reportagem desta Folha revelou que há no mercado um único fitoterápico desenvolvido no país a partir de plantas da flora nacional. Trata-se de um anti-inflamatório, em forma de pomada, produzido com base na erva-baleeira (Cordia verbenacea), típica da mata atlântica.

Foram necessários sete anos e R$ 15 milhões de investimento para lançar o produto. Mal se conhece o mercado interno para essa classe de remédios. Calcula-se que apresente vendas da ordem de US$ 350 milhões a US$ 550 milhões anuais. No mundo todo, são US$ 44 bilhões.

O Brasil estaria deixando de gerar US$ 5 bilhões ao ano, por sua incapacidade de criar remédios a partir de suas plantas. Esta vem a ser apenas mais uma evidência do calcanhar de aquiles da pesquisa brasileira -a dificuldade de transformar conhecimento básico sobre a natureza em conhecimento útil para a sociedade e o setor produtivo. Não falta ciência de qualidade no país.

Faltam, sim, pessoas, instituições e políticas em condições de erguer uma ponte entre os laboratórios da academia e as bancadas industriais. Tal diagnóstico encontra-se disponível pelo menos desde 2001, quando se realizou a memorável Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação -que impôs o tema à agenda nacional. De lá para cá, muitas leis e iniciativas ganharam vida na tentativa de corrigir a distorção. Continua-se às voltas com o problema, contudo.

O país detém o escore irrisório de menos de 1% das patentes mundiais. O caso do único fitoterápico nacional volta a ser ilustrativo. Seu criador, João Batista Calixto, decidiu transferir o laboratório da Universidade Federal de Santa Catarina para o Parque Tecnológico Sapiens, em Florianópolis. O centro de pesquisas em fase de montagem trabalhará para empresas, sem as amarras do meio universitário, como a necessidade do pesquisador de publicar resultados para ser avaliado como produtivo. A informação quando atinge o domínio público dificulta a obtenção de patentes. Não há, porém, contradição entre as duas práticas.

Um sistema nacional de ciência e tecnologia maduro terá lugar e incentivos adequados tanto para a ciência básica financiada com recurso público, cuja espinha dorsal é a publicação e avaliação crítica dos resultados, quanto para a inovação, que pede sigilo e investimentos privados volumosos. O Brasil precisa insistir na demolição das barreiras institucionais e burocráticas para a vertente inovadora e empreendedora da pesquisa. Precisa fazê-lo, porém, sem sufocar a ciência básica, que é o primeiro motor do conhecimento. Esta é a mensagem mais importante da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que foi realizada no final do mês passado.

[Pesquisa nacional precisa fechar o fosso entre ciência básica e inovação; sem isso, biodiversidade só reciclará mito do "berço esplêndido"]

segunda-feira, 14 de junho de 2010

MEIO AMBIENTE - Aquífero no Pará pode ser maior reservatório mundial de água subterrânea

Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) afirmam que o Aqüífero Alter do Chão, na região Norte do país, é o maior manancial do planeta

De acordo com os especialistas paraenses, a reserva seria mais significativa que o próprio Aquífero Guarani, até então, considerado o mais importante recurso hídrico descoberto no Brasil e na América do Sul. O professor Milton Matta, da Universidade Federal do Pará, faz parte da equipe que coordena os estudos do Aquífero Alter do Chão.

Segundo o geólogo, os dados sobre o aquífero do norte são muito raros na literatura. A pesquisa mais sistemática começou no ano passado, liderada pelos professores Francisco Matos de Abreu, André Montenegro Duarte e Mário Ramos Ribeiro, todos da UFPA; além do professor Itabaraci Cavalcante, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Segundo Matta, a extensão superficial do Aquífero Guarani (1,1 milhão de quilômetros quadrados) é maior que a do Alter do Chão (ainda sem dados precisos), mas as espessuras do segundo são mais representativas, o que resultaria em maior volume de água. "Dados preliminares apontaram para um volume de água superior a 86.000 quilômetros cúbicos", afirma.

De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, a reserva do Guarani está calculada em 30 mil quilômetros cúbicos. "Essa descoberta representa um potencial estratégico de água para o Brasil e para a humanidade. Tem-se a certeza de que com a água deste aquífero pode-se abastecer a população mundial por algumas centenas de anos, além de proporcionar água suficiente para indústria e para a agricultura", sustenta.

Capacidade

De acordo com os pesquisadores, os parâmetros hidrodinâmicos do aquífero Alter do Chão (que medem a capacidade de armazenar água e dessa água ser retirada por bombeamento) também indicam um grande potencial de armazenamento hídrico. A argumentação é de que os tipos litológicos (rochas) podem ter melhores condições de armazenamento, circulação de água e captações muito mais baratas em relação ao Aquífero Guarani.

Leia a reportagem completa no Jornal da Ciência Aqui

Sucessaõ - De mulher para mulher. Do Blog da Ana Julia


“Para o Brasil seguir mudando é preciso, acima de tudo, manter e aprofundar o olhar social do governo do presidente Lula. (...) Para aprofundar esse olhar, ninguém melhor do que uma mulher na presidência da República. Nós, mulheres, nascemos com o sentimento de cuidar, de amparar e de proteger.

Somos imbatíveis na defesa de nossos filhos e da nossa família.

 Discurso na convenção do PT, ontem, em Brasília. A íntegra, aqui
 

Sucessaõ - Muito cuidado e caldo de galhina nunca faz mal

PEGOU MAL
Por Carlos Chagas

Pegou mal no PT o pronunciamento de Michel Temer ao ser oficializado candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff. Porque diante das críticas de Roberto Requião, Pedro Simon e outros, a respeito da fraqueza e do papel desimportante do PMDB no processo político, o deputado extrapolou, dizendo que o partido não vai participar e sim governar o país, que não será coadjuvante e sim protagonista no futuro governo.


Como ficam a candidata e seu partido, mesmo não acreditando em condomínio do poder? No passado alguns vices criaram sérios problemas para os titulares, como Café Filho com Getúlio Vargas, João Goulart com Jânio Quadros e ainda recentemente Itamar Franco com Fernando Collor.


Estaria Michel Temer disposto a transformar o Palácio do Jaburu numa fortaleza capaz de lançar petardos sobre o Palácio da Alvorada? Ousaria impor ministros e reivindicar gordas fatias no governo? Dominaria o Congresso através da maioria que o PMDB certamente manterá na Câmara e no Senado? Os vice-presidentes nem sequer são eleitos. Acompanham os candidatos a presidente como penduricalhos e, como regra, acomodam-se à sua sobra. Pode ter sido apenas uma reação emocional de Temer, agastado com os discursos agressivos de alguns companheiros.

Ele nem sequer compareceu ao plenário da convenção de sábado enquanto Requião e Simon discursavam. Na véspera, havia faltado a um encontro com os dissidentes. Certamente sentiu-se agredido pelo fato de o ex-governador do Paraná haver registrado sua candidatura de protesto à presidência da República. O problema, porém, é que para defender-se, atropelou os aliados. Criou mal-estar.

sábado, 12 de junho de 2010

Sucessão - Roda viva dos presidenciáveis, aqui

Marina Silva Candidata à presidência

O Roda Viva abre nesta segunda-feira, dia 14, uma série de programas para discutir as ideias apresentadas nessa disputa eleitoral.

(Na sequência virão José Serra e Dilma Rousseff)

O início é com a candidata Marina Silva. Maria Osmarina Marina Silva de Lima nasceu em 8 de fevereiro de 1958, em Breu Velho, no Acre, e tem formação em história.



Filha de nordestinos que foram colonizar a Amazônia, ela passou a infância numa comunidade de seringueiros e só se alfabetizou aos 16 anos, em Rio Branco. Na capital do Acre, ela morou num convento de freiras onde continuou os estudos. Aos 26 anos de idade ela elegeu-se vereadora em Rio Branco, em 1988. Em 1990 foi Deputada Estadual e em 1995 Senadora, reeleita em 2003.



Com o início do Governo Lula, Marina Silva assumiu o Ministério do Meio Ambiente, onde ficou até 2008, quando decidiu sair depois de atritos com integrantes do governo em torno da política ambiental. Marina Silva retornou ao Senado, deixou o PT depois de 30 anos no Partido e filiou-se ao Partido Verde.

Na última quinta-feira, o PV oficializou a candidatura de Marina Silva para presidente e o empresário paulista Guilherme Leal para vice.

Participam como convidados entrevistadores: Merval Pereira, membro do conselho editorial das organizações Globo, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN e do canal Globo News; Marcelo Beraba, editor-chefe do jornal O Estado de S. Paulo; Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal Folha de S. Paulo e Vera Brandimarte, diretora de redação do jornal Valor Econômico.

Roda Viva - segunda-feira, 14 de junho de 2010 às 22h00 - transmissão ao vivo pela Internet. O Roda Viva é apresentado às segundas a partir das 22h00.

Você pode assistir on-line acessando o site no horário do programa. Para assistir Clique Aqui

Colaborador: Victor Moriyama, fotógrafo Clique Aqui

sexta-feira, 11 de junho de 2010

"Só com uso do urânio pode-se emitir menos dióxido de carbono e crescer"

Mudança de clima e energia nuclear,

(artigo de Samuel Pinheiro Guimarães ministro chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos) (SAE).

O acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera provoca o aquecimento global com catastróficas consequências. Correspondem a dióxido de carbono (CO2), 77% deles, resultado da queima de combustíveis fósseis para gerar energia elétrica e movimentar indústrias e veículos.

A redução das emissões de CO2 é essencial para impedir que a concentração de gases provoque o aumento de 2º C na temperatura, limiar máximo tolerável, devido ao degelo das calotas polares e ao aquecimento dos oceanos o que levaria à inundação das zonas costeiras, onde vivem cerca de 70% da população mundial.

A solução da crise ambiental depende da transformação da matriz energética, em especial das usinas de geração de eletricidade de modo a que venham a utilizar fontes "limpas" de energia. Os países que são importantes emissores de gases não têm recursos hídricos suficientes ou não têm capacidade para gerar economicamente energia eólica e solar. Resta a energia nuclear para gerar energia elétrica em grande escala, uma vez que boa parte dos problemas ambientais e de segurança estão superados. Patrick Moore, fundador do Greenpeace, declarou: "A energia nuclear é a única grande fonte que pode substituir os combustíveis fósseis". Das reservas de urânio, 81% se encontram em seis países.

O Brasil tem a 6ª maior reserva de urânio e a estimativa é de que possa vir a deter a terceira maior. O Brasil é um dos oito países que detêm o conhecimento do ciclo completo do enriquecimento de urânio e a capacidade industrial para produzir todas as etapas do ciclo. A China e a Índia, com populações em situação de extrema pobreza, terão de instalar capacidades extraordinárias de usinas não poluentes para aumentar a oferta de energia elétrica sem aumentar suas emissões de CO2.

É urgentíssimo diminuir a emissão de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, acelerar o crescimento econômico para retirar centenas de milhões da pobreza abjeta em que vivem. Isso só é possível com a geração de energia elétrica a partir do urânio.


Leia o artigo completo no Valor Econômico ou acesse ele no Jornal da Ciência Aqui

Meio ambiente - Desmate será livre em 90% dos imóveis

Pela proposta do novo Código Florestal, esse é o total de propriedades rurais do país que ficará isento de proteger parte de sua mata nativa

A proposta de mudança no Código Florestal em discussão na Câmara isentará 90% das propriedades rurais do país da obrigação de preservar a vegetação nativa em uma parcela das terras, mostra levantamento feito pelo Estado com base no cadastro de propriedades rurais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O projeto apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) nesta semana suspende a exigência de reserva legal nos imóveis de até 4 módulos fiscais. O tamanho do módulo varia de município para município - pode ter de 5 a 110 hectares. O cadastro do Incra mostra que propriedades de até 4 módulos representam 90% dos 5,2 milhões de imóveis rurais registrados no país. Essas pequenas propriedades somam 135 milhões de hectares, o equivalente a mais de cinco vezes o território do Estado de São Paulo ou 25% da área total dos imóveis rurais registrados no Brasil. E elas ficariam completamente livres da exigência de proteger parte das terras.

O porcentual de pequenas propriedades é mais expressivo nas Regiões Nordeste e Sul. Mas o efeito dessa mudança na legislação pode ser mais relevante na Amazônia, onde o tamanho dos módulos fiscais é maior. Na região, uma pequena propriedade pode medir mais de 400 hectares. Pela legislação atual, os produtores são obrigados a manter a vegetação nativa, a título de reserva legal, em um porcentual mínimo de 20% de suas terras.

Na Floresta Amazônica, esse índice chega a 80%. A medida exata do potencial de estímulo ao desmatamento contido no projeto de Aldo Rebelo é difícil de ser calculada porque teria de levar em conta o tamanho dos módulos em cada município e a parcela das grandes propriedades. O projeto só prevê necessidade de proteção na parcela de terra dos demais imóveis que superar 4 módulos. Propõe ainda que caberá aos Estados definir, em até cinco anos, a recomposição de áreas desmatadas.

Os Estados poderão, eventualmente, reduzir o porcentual de reserva legal nas propriedades maiores. Estimativa feita pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indica que 90% dos produtores não têm área de reserva legal. Estudo coordenado pelo professor da USP Gerd Sparovek calcula que o país já desmatou 430 mil km2 do que deveria ser mantido como reserva legal - uma área 70% maior que o Estado de São Paulo.

O estudo reconhece que a recomposição da reserva legal onde ela desapareceu teria custo altíssimo. Outro estudo, feito pela comissão que debate o Código Florestal, estima que a legislação em vigor obrigaria a redução de 960 mil km2 atualmente destinados à produção. (Marta Salomon) (O Estado de SP, 11/6)

Educação deve ser prioridade na atenção do próximo presidente, dizem eleitores

Área aparece como a quarta que, segundo os eleitores, merece receber mais atenção do próximo presidente da República - perde apenas para a saúde, a segurança pública e o emprego A educação aparece como a quarta área que, segundo os eleitores, merece receber mais atenção do próximo presidente da República - perde apenas para a saúde, a segurança pública e o emprego.

É o que aponta uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (9/6) pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM), do Ibope, a pedido do movimento Todos pela Educação. O estudo constata que a educação ganhou importância para o eleitor desde o último pleito em 2006, quando ocupava o 7° lugar nesse ranking. Para a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, o resultado indica que o brasileiro passou a priorizar as áreas de resultado a longo prazo.

"Pesquisas semelhantes mostram que essa crescida da educação é consistente, ano a ano ela galga uma posição. Essa mensagem é muito importante", disse. Os 2 mil eleitores entrevistados destacaram como pontos fortes da educação básica a merenda escolar (29%), o número de escolas e de vagas existentes (25%) e o material didático (25%). Entre os pontos fracos estão o salário do professor (46%), a segurança nas escolas (46%) e a qualificação do corpo docente.

Os entrevistados também elegeram as medidas que os próximos governantes devem priorizar para melhorar a educação pública no país. No topo das necessidades está melhorar o salário do professor (41%), equipar melhor as escolas já existentes (29%), criar escolas profissionalizantes (28%) e melhorar a segurança nas unidades de ensino (28%). Cada entrevistado podia escolher três opções em uma lista de 16 medidas.

Leia a matéria completa no Jornal da Ciência Aqui